Para tudo aquilo que eu não vivi

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A verdade era que eu não vivia amores.
Então com minhas palavras bonitas eu os criei.
Eu não me envolvia em aventuras.
Então com palavras ousadas também as fiz.
Eu não tinha muitos amigos.
Então em sussurros escritos me confidenciava para aqueles só eu conhecia, pois eram feitos das minhas palavras mais fraternas.

Meus prazeres eram apenas uma coleção de mentiras bonitas que eu repetia para mim mesma todos os dias.
Porque a verdade era sem graça, não tinha emoção nem cor, nem música.
Eu era uma borboleta, com assas longas e lindas pintadas por todos os meus sonhos, mas que era tão covarde que não conseguia sair do seu casulo para voar para longe. Tão medrosa que não permitia nem que alguém abrisse uma pequena fenda para ver o que tinha por dentro e a ajudar a se libertar.

Não era mais fácil viver assim, mas depois de tanto tempo tornou-se cômodo. A verdade era que viver no meu mundo de ilusões feito de palavras bonitas, ousadas e fraternas era mais seguro. E o que os covardes mais amam senão a segurança?

Tudo aquilo que não foi ditoOnde histórias criam vida. Descubra agora