Mariana ficou num estado muito grave, mas não fez queixa de Joseph, disse apenas que tinha sido assaltada no meio da rua. Os pais nunca confiaram muito nessa história, mas também não tinham provas de que tinha sido Joseph o culpado da perda do bebê e da violenta discussão que fez Mariana parar no hospital.
-Está tudo bem filha? - perguntou a mãe de Mariana.
Ela apenas acenou, à porta estava Joseph com ar carrancudo e nada feliz.
Os dias foram-se passando, Mariana vivia num medo diário, era controlada até na toma do anticoncecional, no que fazia ou que deixava de fazer. Com o medo, lá se foi habituando seu novo estilo de vida. A felicidade e as promessas de amor que Joseph lhe ditava, não passou de palavras que o vento levou.
Ouvia constantemente palavras horrorosas que Joseph lhe ditava, em que a acusava da morte da sua família, que o casamento tinha sido um erro e que acabaria em breve.
A empresa quase faliu, mas lá Joseph se voltou a coordenar e conseguiu atingir o sucesso novamente.
O casamento de ambos sempre foi frio, sem amor, sem o calor que une um casal feliz. Nas festas de Natal, Ano Novo ou mesmo aniversários, os sorrisos e abraços tudo não passava de uma faceta.
O sexo era um meio em que Mariana achava que iria acender a chama que nunca foi acesa naquele casamento, mas era como ter relações com um corpo morto. Não havia preliminares, entrava e saía, usavam sempre preservativo, porque Joseph nunca mais tocou na história de querer ter filhos, principalmente com a mulher que foi culpada pela morte da sua família.
Mariana tinha receio, o medo circulava-lhe nas veias, ela nunca sabia como seria o dia de amanhã, tinha medo de tomar uma decisão precipitada.
Estava condenada num casamento sem qualquer futuro, negro, sem vida, mas ela sabia que tinha de mudar. Pedir o divórcio estava completamente fora de questão, ele ameaçou-a que acabaria com a vida dela e da família caso algum dia ela o fizesse.
Os anos passaram-se, o sufoco iria diminuindo, ela já sabia que não tinha nada a perder, já sabia que não tinha saída e acabou por se "habituar" ao estilo de vida medíocre que levava.
-Vamos para o quarto, quero fazer sexo contigo agora. - Disse Joseph levantando-se da mesa.
A vida dela era constantemente assim, ele dizia, ela fazia.
Aos 23 anos, naquela noite, a sua vida iria mudar para sempre.
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Dupla Identidade | Cassi Leite
Non-FictionMariana Jones, contabilista de uma empresa de renome e de conhecimento nacional, vida monótona, mãe de uma jovem com 16 anos. Entrará num mundo oposto ao que vive, em que se encontra na sua plena felicidade, o medo de ser descoberta é o que mais a c...