Capítulo 3 | Cinderela e o Sapatinho de Cristal

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Petter e Karol aterrissaram em uma grama verdinha e bem aparada. Karol tinha a impressão de estar invadindo o quintal de alguém, mas ao levantar os olhos, ela notou que estava em frente a um castelo gigantesco, lindo e luxuoso.

A garota passou um bom tempo admirando a maneira como o castelo se contrastava perfeitamente com o luminar das estrelas noturnas do lugar. Um relógio enorme estava exposto bem a frente da entrada e contava as horas e minutos, e do seu lado, um chacoalhar nítido lhe fez virar o rosto.

Karol observou o príncipe das fadas e viu que ele trocou de roupa. Ele vestia um casaco azul marinho com botões de ouro na frente e uma calça branca um tanto estranha que marcava as suas pernas bem definidas.

Karol desviou o olhar e tentou afastar o rubor de suas bochechas se concentrando no rosto angelical de Petter. Poxa! Ela corou de novo.

— Não me diga que você é o príncipe desta história — ela disse, ainda com o olhar grudado nos cabelos escuros de Petter.

— Não, mas temos que nos infiltrar na festa, se for necessário. — ele olhou diretamente para Karol e continuou — Não podemos ser vistos de forma alguma pela fada desta história. Muito menos pela Cinderela.

— Porque não? — Karol cruzou os braços e esperou a resposta do príncipe.

— Digamos que se isso acontecer, causará um colapso bem desagradável no mundo mágico. — ele colocou o saquinho marrom nas mãos de Karol e concluiu a sua fala: — Então, a menos que não queira ficar presa eternamente por aqui, faça de tudo para não ser vista por elas.

— Está bem. — Karol confirmou e olhou furtivamente para o saquinho em suas mãos. — E o que eu faço com isto?

— Oras. Pegue uma quantidade, deseje uma roupa e jogue em você — o príncipe disse, ainda concentrado em desamassar a sua vestimenta.

— Qualquer roupa? — Karol perguntou com seus olhinhos castanhos brilhantes.

— Claro que não. Lembre-se, estamos indo à um baile. Não podemos ser vistos, mas devemos nos misturar. — ele levantou os olhos observando a paisagem mais adiante.

— Eu não gosto de vestidos — a garota disse e Petter já estava prestes a lhe recordar do trato, quando Karol o interrompeu: — Mas já que isso é muito necessário para o meu currículo, eu vou usar o tal vestido.

Ela viu o momento em que o príncipe sorriu sem mostrar os dentes e lhe fez uma breve reverência debochada.

— Certo. Se arrume, irei me informar se a Cinderela já está no baile. Volto daqui a cinco minutos. Não se atrase, o tempo é curto e precisamos ser mais rápidos — disse e saiu caminhando rapidamente.

Karol não pensou muito, apenas pegou um punhado de pozinho e desejou um vestido de baile qualquer daquela época e jogou a poeirinha sobre si. Em alguns segundos, ela já estava usando um vestido de alças vermelho, comprido e perolado que se assentava perfeitamente em sua pele morena. A saia era extremamente cheia de folhos, o que o tornava um pouco pesado. Karol fez uma trança grossa em seus cabelos ondulados e o prendeu com uma fita vermelha. Ela não desejou sapatos, pois preferia andar descalça. Afinal, ninguém iria ver os seus pés mesmo. A garota escondeu o saco de pó mágico por entre os folhos do vestido e ao levantar o rosto notou Petter lhe observando paralisado à sua frente.

Entre Contos: O Príncipe e o Livro DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora