Para sempre, Paris.

Capítulo I

França 1940

O céu estava limpo. Era uma bela noite em Paris. As estrelas brilhavam mais do que nunca e a lua distinguia-se no céu.

Mas Sophie tinha a cabeça noutro lado, tal como toda a França, que ouvia a radio atentamente, para saber o quanto as suas vidas iriam mudar. A sala de Sophie não podia estar mais cheia, a sua família e a família do melhor amigo do pai dela davam as mãos em completo silêncio. Todos na expetativa de que os alemães não conseguissem invadir o seu adorado país.

"É oficial. O exército Nazi acaba de entrar em território francês." E por toda a sala soou um suspiro de frustração e de esperança perdida, como se soubesse que ao longo dos próximos dias a vida iria tornar-se ainda mais difícil do que já era.

Sophie não queria ouvir mais tristezas e com os olhos cheios de lágrimas, levantou-se e foi para o seu quarto, enrolou-se nos cobertores e implorou a si própria para adormecer, fechando os olhos. Mas dormir era algo que não ia conseguir, não depois de ter ouvido aquelas palavras na rádio que ela sentia que iam marcar a vida dela para sempre. Decidiu então sentar-se na cama contra a parede, olhando para o céu.

- Estás bem? - perguntou Pierre, filho do amigo do pai de Sophia, que também estava na sala e por quem Sophia sempre sentiu uma faísca. - Queres falar?

Sophie acenou que não e continuou a olhar pela janela.

- Estás preocupada? - perguntou Pierre, sentando-se ao lado dela.

- Que pergunta essa... Sabes muito bem que sim, mas não era eu que devia estar preocupada. Tu é que devias estar. Tu sabes o que é que eles estão a fazer a pessoas como tu lá fora, não sabes? - ele sabia do que ela estava a falar, os judeus não eram exatamente as pessoas favoritas dos nazis.

- Vai correr tudo bem. Eles não vão conseguir chegar a Paris. - Sophie queria mesmo acreditar que aquilo tudo ia correr bem, embora bem lá no fundo sentisse que toda a esperança tinha desaparecido.

Pierre puxou o cobertor para si e aproximou-se de Sophie, que adormeceu no seu ombro, instantaneamente.