Capítulo 1

63 7 12
                                    

Pata de Cerejeira 🌺

                      °•~🏵️~•°

O sol já estava ao pino na clareira do acampamento, o grande carvalho brilhava radiante com os raios refletindo no orvalho acumulado em suas folhas. Poucas nuvens pairam no céu, e os pardais cantam docemente. Alguns gatos são vistos bebendo água no córrego ou trazendo presas para o acampamento, nas copas das árvores.

Dentro do bordo, a toca dos aprendizes, Pata de Cerejeira começa a despertar em seu ninho. Se espreguiçou e olhou para um gato malhado que roncava fortemente ao seu lado. Ela cobriu o focinho do amigo com a pata e começou a sacudi-lo.

-- Vamos Pata de Lagarto! -- ela miou ainda um tanto cansada, porém animada -- Vai apodrecer aí vai? Pata de Gaio já deve estar comendo lá fora

-- Já vai -- Pata de Lagarto começou a murmurar sem abrir os olhos -- Eu acho que só vou dormir mais um tempinho...

-- Está bem então, acho que vou ir comer sozinha com Pata de Gaio já que você não se importa... -- Pata de Cerejeira provoca enquanto começa a se dirigir para a saída -- Não reclame se não sobrar nada para você!

-- ahhhh -- Pata de Lagarto dá um longo bocejo e logo se coloca rapidamente em pé -- Tá bem, tá bem... Se eu deixar vocês dois sozinhos são capazes de comer até o último camundongo do acampamento!

Pata de Cerejeira dá uma paradinha no gato, era normal ele a provocar, mas sempre foram amigos inseparáveis.

Eles andaram lado a lado até o centro do carvalho, onde acharam Pata de Gaio, um gatinho pouco menor que Pata de Cerejeira, seu pelo era branco e chumbo claro. Passava uma impressão de frágil, ou até doente.

-- Pata de Gaio! -- o aprendiz se assustou com o repentino chamado. Seus olhos azuis como gelo se arregalaram ao ver os colegas chegando, e abriu um sorriso mostrando os dentes brancos -- Ah! olha só, esse guloso comeu tudo. -- resmungou Pata de Lagarto olhando dentro de um tronco de árvore -- Só sobrou um gambá desnutrido para nós! Agora vamos ter de caçar algumas presas depois...

-- Para a sua informação, -- Começou a falar Pata de Gaio com um tom de inteligência -- Eu não comi tudo sozinho. Eu fui fazer o seu trabalho, seu preguiçoso! -- ele não miava se gabando, parecia até envergonhado -- Eu tive que alimentar aquele monstro nojento para você não se meter em encrenca.

-- E que eu saiba, esse era o seu castigo! Disse Pata de Cerejeira para o colega malhado.

A uma lua o clã havia feito um guerreiro do Clã das Cavernas como prisioneiro durante um ataque deles ao território do Clã das Árvores. E como, na época, Rabo de Raposa, o representante, havia descoberto que Pata de Lagarto comia presas durante as caçadas, deixou o prisioneiro, Bigode de Pedra, sob seus cuidados.

-- É, como se ter a nomeação atrasada já não fosse o suficiente! -- Pata de Lagarto bufou bravo -- Agora a idiota da minha irmã não para de se gabar "Ah, meu nome de guerreira é tão incrível, sou melhor que todo mundo, blá, blá, blá." Ele agitava os braços imitando a irmã, e forçando uma voz desafinada.

Os três começaram a rir e a imitar a guerreira. Ela realmente não era muito agradável, sempre falava de si e a maioria das vezes zombava dos aprendizes, mesmo tendo a mesma idade deles.

-- Atenção, que todos os gatos capazes de descer o grande carvalho se encontrem sob o grande tronco, para uma reunião de clã. -- Os três amigos foram interrompidos pelo chamado de Estrela de Cravo, ao qual atenderam. O local em que o líder se dirigia ao clã era um resistente galho maciço. De lá ele começou, com seu representante ao seu lado -- Graças ao Clã das Estrelas, estamos hoje aqui...

Pata de Cerejeira não ouviu as outras palavras, estava ocupada demais com seus próprios pensamentos. Como assim "graças ao Clã das Estrelas"? Isso não existia, é apenas uma história para fazer os filhotes se comportarem. Se fosse realmente verdadeiro, esses espíritos ancestrais não deixariam jovens morrerem...

Os irmãos de Pata de Cerejeira acabaram partindo muito cedo, em seu primeiro dia de aprendizado. Pata de Cardo acabou sendo levada do acampamento por um falcão, e enquanto voltava para o clã com um coelho na boca, Pata de Geada, por já ser pequeno, acabou por se desequilibrar e cair dos galhos no meio da confusão, e não resistiu ao impacto...

As lembranças sempre abalaram a bela gata, sempre lhe faziam derramar lágrimas. Talvez fosse a morte dos irmãos que a fizesse sentir o dever de colocar todos em primeiro lugar, querer cuidar de alguém...

-- Espero que todos estejam de acordo. -- A voz autoritária de Estrela de Cravo ecoou dentro da cabeça da aprendiz, a tirando de seu tranze -- Partiremos antes da lua alta. Dispensados.

-- há! Sabia que ele ia fazer isso de novo. -- Reclamou bufando Pata de Lagarto para os outros dois -- Rabo de Raposa é realmente uma praga...

-- O que? Porque se implica tanto com ele?-- Pata de Cerejeira mia um pouco séria. Rabo de Raposa era o representante, e seu irmão de outra ninhada, assim como Pena de Coruja e Flor de Hibisco, mas apenas o último era amigável com ela. Pena de Coruja e Rabo de Raposa nunca a consideraram da família, e isso nunca mudaria.

-- Você não ouviu o que ele disse? -- perguntou Pata de Gaio. A aprendiz faz que não com a cabeça, era normal se perder em devaneios, já era comum seus amigos terem de repetir falas e decisões -- Ele não vai nos levar para a Assembléia. Já é a segunda vez que ficamos de fora... Deve ter alguma regra no código dos guerreiros que o proíbe de fazer isso.

-- Não se preocupe, quando formos grandes guerreiros ele não vai ter coragem de nos proibir. -- Pata de Lagarto miou fazendo uma pose de caça -- Pata de Gaio vai ser o mais sábio gato que escalou essas árvores. Pata de Cerejeira a mais linda e perigosa guerreira. E bom, modéstia parte, eu serei um lendário e poderoso líder. Se gabava Pata de Lagarto.

-- hum hum. Então será que o sábio gato, a linda guerreira e o lendário líder não precisam mais de treinos? -- a voz veio repentinamente de trás dos jovens, que deram um pulo de susto ao escuta-la. A voz era de Pelo de Sangue, a rígida mentora de Pata de Lagarto. Seu pelo avermelhado e sua postura imponente demonstravam que ela não estava brincando. -- Se os pedacinhos de gato puderem ceder um pouco do seu precioso tempo, eu, Pelagem de Espinheiros e Passo Leve gostaríamos de sair em uma caçada pelo território, para, vocês sabem, treinar e tal.

A grande guerreira nem deu tempo para mais uma palavra. Já descia o grande carvalho junto aos outros felinos. Passo Leve era o querido mentor de Pata de Cerejeira, eram realmente muito ligados. E Pata de Gaio era mentorado por Pelagem de Espinheiros, um gato veterano e respeitado tanto no dentro do clã, quanto fora.

Já na base do acampamento, pararam para beber das águas do arroio e partiram para dentro da densa floresta.

-- Aposto que Pata de Lagarto só vai conseguir pegar um gambá magrinho e doente de novo. Provocou Pata de Cerejeira

-- Aposto que Pata de Gaio vai cair numa possa de lama como sempre. Miou Pata de Lagarto

E assim foram o caminho todo envolvidos em uma gostosa conversa. Pata de Cerejeira adorava seu grupo de amigos, eram inseparáveis, e seria assim para sempre. Nos momentos tristes, felizes ou qual for. Estariam juntos para sempre...

                        °•~🏵️~•°

___________________________________

Oi oi! A história começou a se desenvolver e estou adorando vê-la em ação 🤧🤧🤧🤧
Também notei que o cenário do acampamento pode ter ficado confuso, então comenta aí se você quer que eu traga ilustrações. ( Não sou profissional, então não espere uma obra prima hihihi).
E aí tá gostando? Deixa o voto 🌟 e sua crítica, ou só um comentário mesmo 😁

Bye bye, até o próximo capítulo 🏵️

Gatos Guerreiros | Na Trilha Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora