XI Capítulo

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Qua, 4 de novembro de 2020

Das coisas que menos suporto ouvir é que uma vítima de violação ou assédio "pôs-se a jeito".
É impressionante como numa sociedade onde supostamente há liberdade de expressão, uma pessoa não se pode vestir da forma que quer sem ser alvo de piropos quando vai na rua.
Acho ainda mais grave o facto de uma mulher usar um decote maior ou uns calções mais curtos, ser justificação para acontecimentos totalmente inaceitáveis.
A verdade é que de acordo com a nossa sociedade alguém vestir-se de forma mais ousada é "pôr-se a jeito" para uma possível violação ou assédio sexual.
Como se o agressor fosse um ser primitivo sem a capacidade de autocontrole e como se a culpa fosse da vitima.
É triste realmente...e ainda mais quando esse tipo de afirmações provêm de membros da justiça.
Há que traçar limites entre elogio e assédio.
Numa situação hipotética, uma mulher vai na rua sozinha e um desconhecido elogia o seu corpo. A verdade é que pode ser um simples elogio. Mas em certas circunstâncias e tendo em conta que 90% das vítimas são membros do sexo feminino, pode ser interpretado de outra forma.
Às vezes um simples elogio dito na situação errada, como por exemplo o facto de a mulher estar sozinha na rua, pode resultar em milhares de pensamentos e receios por parte da mulher.
Não é discriminação mencionar as mulheres, é fisiologia e anatomia.
Todos sabemos que o sexo masculino, à partida, tem mais força física do que o sexo feminino. E mesmo que ocorram tentativas de violação, uma mulher tem muito menos capacidade de fuga.
Por isso, é nosso dever como sociedade mentalizar as pessoas de que a liberdade de escolha é um direito, principalmente quando se trata da forma de vestir.
E nada é desculpa para assédio ou violação.

XOXO

Kinda Crazy - teen's diaryOnde histórias criam vida. Descubra agora