XXXI Capítulo

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Sáb, 3 de abril de 2021

Às vezes, penso na forma cruel com que a vida nos pode surpreender.
A coisa que mais me assusta é a passagem do tempo e por isso sou muito dada a todo o tipo de recordações. Se estivesse num incêndio e só pudesse levar uma coisa da minha casa, levaria uma caixa onde tenho as recordações mais importantes.
Sou tão nostálgica e obcecada com o tempo, que se pudesse, inventaria um frasquinho no qual poderia guardar todas as sensações, sentimentos e cheiros de momentos que quisesse relembrar mais tarde, podendo imortalizá-los de alguma forma.
E por isso, quando penso em todas as qualidades do ser humano, a que me diz mais é a memória. A memória é quem fomos, quem somos e quem seremos, é tudo o que torna cada um de nós em quem somos e, de certa forma, únicos.
Por isso, quando penso em todas as infelicidades com que a vida nos pode surpreender, a que mais me assusta é o Alzheimer.
Mesmo com um cancro em fase terminal, tuberculose ou uma doença rara, mesmo quando a dor chega ao limite, não deixamos de ser quem somos.
Porém, quando somos afetados por uma doença psicológica, tudo o que fizemos e em quem nos esforçamos para ser durante uma vida inteira vai por água abaixo. E nem no último momento podemos dizer às pessoas mais próximas o quanto as amamos, porque simplesmente perdemos a nossa identidade.
Isto é sem dúvida o que mais me assusta e não tenho palavras para dizer o carinho que sinto por todas as pessoas que trabalham todos os dias para reduzir o impacto de doenças tão terríveis como o Alzheimer.

XOXO, Angelic Girl

Kinda Crazy - teen's diaryOnde histórias criam vida. Descubra agora