𝙲𝚊𝚙 14 • emūí stone

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Bebo meu café rapidamente, consequentemente queimando um pouco a língua - merda - e sigo Christopher Bang para o último andar e por alguns corredores até que cheguemos em seu escritório.

Assim que atravessamos a porta de madeira do cômodo, ele caminha até sua mesa ao lado de uma enorme janela e se senta com a postura rígida e a feição irritada. Apreensiva e curiosa, começo a caminhar para sua mesa quando ele ordena que eu feche a porta.

Ele vai anunciar minha demissão? Mas já?

Me sento em uma das cadeiras de frente para a mesa e olho em volta do local. Estive poucas vezes no escritório de Bang, e ele é de fato muito diferente do de Yang; é menor e composto por uma mesa, cadeiras, um sofá de dois lugares ao canto direito, uma estante com livros no esquerdo e, claro, computador e telefone de frente para sua grande cadeira giratória e acolchoada. Além disso, Bang possui muitos papéis e pastas espalhados.

Observando-o mais, noto que parece irritadiço, e ele pega uma caneta abandonada entre os papéis somente para começar a apertar repetidas vezes o botão que empurra a ponta dela, fazendo clic, clic, clic...

- S/n, o assunto que preciso tratar com você é muito sério - revela ele, finalmente. - Talvez você não veja tanta seriedade, afinal...

E para de falar.

Já me sentindo desconfortável e mais confusa que um bebê quando acaba de nascer, encaro meus pés calçados por coturnos sem saber o que dizer. Eu deveria continuar? Os cliques constantes da caneta começam a me irritar.

- É sobre o Hyunjin - retoma, e eu ergo a cabeça com o cenho franzido. Ele me encara com seus olhos escuros e brilhantes, e só então vejo que Bang parece preocupado. - Você deve ter notado que ele não apareceu hoje. Enfim, ele não foi para casa ontem. Hyunjin não costuma ficar por aí, ele não conhece Londres direito, e... vocês são próximos, não é?

Por que eu não veria seriedade nisso? Aperto os olhos.

- Espera! Você está me dizendo que ele sumiu?

- Não sei se sumiu, temo que ele esteja onde não deveria estar. - Ele passa a mão pelos fios castanhos e os puxa tanto que parece querer arrancá-los. Agora Christopher também vai ser um enigma?

- Seja mais direto, por favor - peço, educadamente.

- Não posso te dar mais informações por ora, sinto muito. Pensei que você saberia onde ele estava.- diz, parecendo genuinamente sentir. Bang se recosta na cadeira e aperta ainda mais rápido a caneta, parece pensativo, parece lutar contra o próprio pensamento sobre alguma decisão. - S/n, é verdade que sua cicatrização é muito rápida?

O quê?

- Hã... Sim. Yang disse isso? - indago confusa. Bang assente. - Por quê?

- Não importa. - É claro que importa! - Algo mais estranho, além de isso já ser estranho, aconteceu com você? Quando você era mais nova ou recentemente.

Que papo é esse?

Bang tocar no assunto desperta algo dentro de mim que não me agrada, algo que fiz e que me odeio por ter feito. Algo que, às vezes, ainda me atormenta. E ninguém pode saber o que eu fiz. Sempre me arrependi, mas ninguém pode.

- Acho que podemos considerar que sou forte demais para o meu tamanho - murmuro, intrigada. - Eu não faço boxe ou coisa do tipo, mas tenho muita força. Recentemente, joguei um cara com o dobro do meu tamanho no chão com um soco no nariz.

Mas não é nada comparado com o chute de Hwang, que fez Brad praticamente voar.

- Eu prefiro arriscar - sussurra para si mesmo, mas consigo ouvir. - Eu tenho que arriscar.

𝐀𝐋𝐈𝐄𝐍 𝐁𝐎𝐘 • Hwang HyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora