𝙲𝚊𝚙 5 • wrong place at the wrong time

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Depois de passar a manhã fazendo um trabalho da faculdade e ter uma tarde desperdiçada assistindo séries, decido ir para a cozinha preparar alguma coisa para comer.

Enquanto abro os armários sobre a pia para ver o que posso preparar, meus pensamentos voam para o ocorrido da noite anterior, como tem acontecido o dia inteiro; apesar de eu ter feito outras coisas, a todo momento me pegava distraída pensando naquilo. Mesmo que eu enfie na cabeça que foi apenas consequência do sono, também sinto que foi real demais para ser apenas ilusão de ótica.

Para todo canto que vou Duque vem atrás, mais alerta do que de costume, como se quisesse me defender. São essas ações do meu cão que me deixam encucada, me fazendo cogitar que aquilo de fato foi real, ele não ficaria assim de repente se não fosse por nada.

Bufo ao perceber que não tenho nada disponível para comer além de macarrão instantâneo, mas não é o que quero e nem mesmo me sustenta.

- Muito bem, S/n, ninguém mandou não fazer compras no fim de semana passado - reclamo para mim mesma.

Decido tomar banho e ir ao supermercado, que não fica muito longe daqui.

Como a única coisa que falta é comida e sou a única pessoa que tem para comer, vou à pé até o meu destino; não preciso comprar muita coisa e fica a apenas três quarteirões do meu prédio.
Além disso, caminhar à noite é revigorante.

Pego minha bolsa lateral, me despeço de Duque e sigo meu caminho. Durante o percurso, o vento refrescante acaricia meu rosto me fazendo sentir mais leve, sorrio para algumas pessoas que me cumprimentam, na maioria da vizinhança.

Levo alguns quinze minutos até chegar ao supermercado. Compro tudo o que preciso, frutas e vegetais quase predominando no carrinho.
Depois de pagar a um moço do caixa super simpático e educado, desejo-lhe uma boa noite e sigo o caminho de volta para casa.

Carrego as seis sacolas não muito pesadas, andando tranquilamente, e é quando estou já na metade do caminho que sinto uma sensação estranha me percorrer por dentro. Não consigo identificar o sentimento, mas olho para trás a fim de ver se há alguém. Quando olho para a calçada do outro lado da rua finalmente entendo: uma silhueta alta e desnecessariamente musculosa me fita fixamente e quando ela começa a rumar em minha direção, identifico o sorriso malicioso em seu rosto.

Brad.

Suspiro pesadamente. Era só o que me faltava em pleno sábado.

- Boa noite, S/n - diz ele sarcasticamente, o sorriso torto em sua cara me dando nos nervos. Olho para o enorme curativo em seu nariz e permito-me deleitar com a visão, claro, sem demonstrar. - Acho que você sabe o que acontece em seguida, não é?

Mantenho minha expressão impassiva, mas por dentro meu coração já começa a acelerar com o medo.

- Não. - É tudo o que consigo dizer, mesmo já tendo suspeitas.

Ele anda para mais perto, e eu, instintivamente, dou um passo para trás.

- Bobinha, você tem que me responder "boa noite", oras. - Ele sorri ainda mais, o sarcasmo e a ira brilhando em seus olhos azuis. Brad me dá nojo. - Você não vai me dar boa noite?

O fingimento dele me faz ter vontade de quebrar sua cara outra vez, se não fosse por estas sacolas... Eu poderia tentar correr, mas teria que largar as minhas compras, são coisas demais para que eu consiga ser rápida carregando-as.

- Brad, diga logo o que você quer. - Minha voz soa um pouco trêmula, ele parece não notar.

Subitamente, o sorriso dele some e, enfim, sua expressão demonstra o que ele realmente sente: raiva.

𝐀𝐋𝐈𝐄𝐍 𝐁𝐎𝐘 • Hwang HyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora