Capítulo 17

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Por Sam

Meu celular tocou logo que saímos do gramado do campus, o número desconhecido brilhava na tela, demorei alguns segundos até levar o aparelho ao ouvido._ "Alô?"_ perguntei aguardando ansiosa uma resposta.

"Sam."_ a voz de Peter invadiu meus tímpanos, meu coração quase saiu pela boca, engoli em seco.

"Peter! Onde... onde estão?"_ gaguejando entre as palavras consegui dizer, a esse ponto havia parado de andar, Alan, Dylan e Lucy me encaravam apreensivos.

"Estamos bem Sam, poderia vir até o hospital? Sua mãe já está a caminho."_ balancei a cabeça concordando, mas me lembrei que ele não veria tal movimento.

"Sim, chego em poucos minutos. Peter... resgataram ele?"_ meus olhos se inundaram de lágrimas.

"Ele está bem."_ suspirei um pouco aliviada. Encerramos a ligação, logo pedi um táxi.

"Eles estão no hospital, um carro já vem nos buscar."_ disse agitada, Lucy colocou as mãos em meus ombros me encarando profundamente.

"Se acalme Sam, tudo vai dar certo."_ concordei respirando com um pouco mais de calma, absorvendo o oxigênio melhor em meus pulmões._ "Vamos esperar lá fora."_ caminhamos apressados rumo aos portões da faculdade. As aulas poderiam esperar.

(...)

Minutos depois, que mais se pareceram uma eternidade pra mim, finalmente chegamos ao edifício. O táxi mal parou no acostamento e já saltei do veículo, meus passos eram apressados e firmes, entrando na recepção avistei Peter e Alec sentados nas poltronas, aproximei-me do garoto de cabelos escuros agarrando suas mãos o fazendo me encarar, logo que me viu se levantou me aconchegando em um abraço, desabei-me em seus braços liberando todo o choro, mas agora o sentimento de alívio percorria cada célula de meu corpo. O garoto resmungou quando o apertei mais, me afastando o observei atentamente, ao mirar meus olhos até o curativo o questionei com o olhar._ "Apenas um tiro de raspão."_ deu de ombros, se não soubesse que Peter está meio acostumado com essa vida o acharia doido, apenas um tiro?!_ "Tyler está em cirurgia, seu pai em observação."_ disse mudando de assunto.

"E minha mãe?"

"Está junto de Jacob."_ falou sorrindo de lado por ter conseguido desviar do diálogo anterior. Sentei na poltrona junto dele, observei Alec encarando a parede pensativo, Alan, Lucy e Dylan já estavam acomodados no sofá da recepção.

"Alec? Está tudo bem?"_ indaguei percebendo seu piscar de olhos antes de mirá-los para mim.

"Na medida do possível, Sam."_ ele tentou sorrir ao final da frase, sua expressão era triste, resolvi não insistir. Voltei novamente minha atenção a Peter, percebendo só agora seu braço direito sobre meus ombros.

"Quem era dessa vez?"_ perguntei engolindo seco. Seus olhos encararam os meus, ele deu uma leve vacilada antes de dizer.

"Podemos conversar sobre isso depois?"_ seu olhar caiu sobre Alec que novamente voltará a encarar a parede branca. Franzi o cenho concordando. Foram questão de segundos até um homem de jaleco e estetoscópio ao redor do pescoço aparecer caminhando em nossa direção, ele parou em frente de nós colocando as mãos no bolso.

"Parentes de Tyler Pierce?"_ levantamo-nos sacudindo a cabeça em concordância._ "Ótimo! Sou o doutor Jake Ross."_ se apresentou brevemente antes de continuar._ "Estabilizamos o sangramento, com sorte a bala não atingiu nenhum órgão vital, mas é preciso que ele fique em observação pelas próximas 24h. Se for possível peço que alguém fique com ele está noite."_ olhei para Peter que deu de ombros._ "Apenas vá a recepção e apresente documento de confirmação de parentesco."_ ele fez que ia sair, mas rapidamente o impedi.

"E quanto Jacob Campbell?"

"Fora de risco, logo será dada alta a ele."_ soltei o ar que nem sabia estar prendendo, me acalmando um pouco. Logo ele deu as costas caminhando até o corredor.

"Espero que esteja melhor, disse que estava tudo bem."_ o garoto ao meu lado falou segurando minhas mãos, fazendo-me o encarar.

"E Tyler? Ligou para os pais dele?"_ indaguei, voltamos a nos sentar, nossos amigos prestavam atenção na conversa.

"Não."_ ele respondeu.

"Não podemos deixá-lo sozinho, precisa ligar Peter."_ dessa vez Lucy respondeu.

"É complicado."_ Alec deu de ombros falando, esses meninos estavam me dando nos nervos sem suas explicações.

"Então nos diga o que é tão complicado."_ bufei cruzando os braços.

"Tyler só tem a mãe, e bem, ela não está nas melhores condições mentais para ficar com ele."_ ergui uma sobrancelha aguardando mais detalhes._ "Desde que o pai morreu, ela entrou em uma depressão profunda, foi internada várias vezes por ingestão de medicamentos fortes, e agora está em uma casa de repouso, se é que posso chamar assim, para o tratamento disso. Tyler não é de tocar nesse assunto, ele prefere colocar uma máscara e disfarçar tudo o que passa."_ fui capaz de sentir meu coração se partindo, cada um tinha sua própria batalha de vida e ver como eles são fortes por aguentar tudo isso, me faz admirá-los ainda mais.

"Nossa... Mas precisamos de alguém que fique com ele."_ minha expressão já tinha se suavizado ao decorrer de suas palavras.

"Eu fico."_ Alec respondeu com a voz baixa.

"Como, se não são parentes?!"_ Alan que até o momento apenas observava, perguntou. Todos encararam o garoto.

"Tenho identidades falsas, e uma delas com o sobrenome Pierce."_ pela primeira vez nesse dia pude visualizar um sorriso em seu rosto, mesmo que fosse mínimo.

"Esqueci-me completamente disso."_ Peter segurou a risada. Esses garotos são cheios de segredos, mas espero que não demore tanto para descobrir todos.

"Tudo certo então."_ Lucy falou batendo as mãos em comemoração.

Era tão bom estarmos reunidos novamente, mesmo que em uma recepção de hospital, mas sei que passaremos por tudo isso juntos, unidos até o final como deve ser.

(...)

Minutos depois senti meu estômago em protesto, efeitos de não ter tomado café na lanchonete da faculdade. Lucy, Dylan e Alan se encontravam da mesma maneira, com fome. Até porque, ao não me verem na cama pela manhã, saíram a minha procura pelo campus, resultando assim em uma não alimentação e logo vieram os acontecimentos presentes. Caminhamos nós seis até a lanchonete do hospital, para fazer nosso desjejum. Alguns cafés e sanduíches depois e ter saciado a fome voltamos para a recepção, foi o prazo de chegarmos e encontrarmos minha mãe indo se sentar na poltrona da recepção.

Bebi mais um gole da garrafa de água em minha mão, em seguida a entreguei para Lucy que estava ao meu lado e corri em sua direção. Surpresa ela me agarrou em um abraço forte, senti suas lágrimas molhando meus ombros, passei as mãos em seus cabelos, sussurrando palavras de conforto em seu ouvido._ "É tão bom te ter aqui filha."_ disse se afastando minimamente, suas mãos cobriram minhas bochechas fazendo carinho com os dedos._ "Vá até seu pai, ele quer te ver. É o último quarto à direita."_ deu um beijo em minha testa, limpei suas lágrimas, dando um último abraço, saí de seus braços caminhando pelo corredor que ela viera segundos antes.

Meus passos eram apressados, mas ao me deparar com a última porta branca, hesitei um pouco antes de levar a mão até a maçaneta, girei o metal respirando fundo, eu sabia que ele estava bem, mas com todos os acontecimentos era difícil não pensar no que poderia ter acontecido caso não tivessem o resgatado, que talvez eu não tivesse a chance de vê-lo novamente. Meus olhos encheram de lágrimas, balancei a cabeça espantando isso de minha mente e abri a porta me atirando para dentro do quarto.

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Nossos meninos são tão sofridos :-\




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