Oi.
Boa leitura.----------------------------------------------------------------------------------------
Sal olhou para o despertador ao lado da cama e a primeira coisa que pensou foi: "merda".
Eram 4:20 da madrugada. Vasculhando suas últimas memórias ele se lembra de ter visto Henry adormecendo com uma garrafa vazia em sua mão na frente da TV, então ter ido para a casa de Lisa, jantado com ela e Larry, feito mais 'vários nadas' com o filho da zeladora e adormecido igual a um animal anestesiado.
Não era pra ter acontecido. A pior parte, porém, era que ele não conseguia encontrar forças para acabar com isso.
Não só pela preguiça de ter acordado há recém, ou pelo corpo pesado de Larry o abraçando e o impedindo de se mover, mas também pelo simples motivo de que... Ele não queria acabar com esse momento.
Céus, ele estava tão exausto antes de chegarem ao quarto, mesmo que o dia hoje, assim como os cinco dias anteriores, tenha sido calmo, bonito, relaxante e inspirador para todos os seus amigos: Ashley decidiu no primeiro dia que iria ousar e comprou tintas para fazer arte em seu cabelo, no dia seguinte eles viram o arco-íris ridiculamente bagunçado e feio que a cabeça da garota havia se tornado, mas no final, acabaram dando boas risadas, pois ela mesma estava feliz com tudo aquilo. Isso deixou Sal feliz também, mas, não foi o bastante para que o fizesse baixar a guarda.
Inspirado pela loucura de Ashley, Todd também decidiu que daria um tempo das tecnologias de seu quarto e aceitou pela primeira vez o convite de seus pais de fazerem uma viagem 'histórica' pelo país, só eles, suas ervas, sua televisão imaginária e seus amores, pois ele havia convidado Neil, que para a surpresa de todos, aceitou alegremente o pedido. Sal também fora convidado, ele prontamente recusou, mas quis ajudar os Morrison a carregarem tudo o que precisavam para Ted, nome carinhoso dado à Van que os levaria nessa viagem.
Sal ficou pasmo com essa atitude audaciosa de Todd e Neil e, embora a parte mais divertida tenha sido acompanhá-los em uma parte desse acontecimento em família, ele não parava de pensar em quão medroso era para tomar uma decisão igual aquela.
No entanto, o que mais chocou Sal, foi ver que até um dos "vilões" de sua vida estava dando uma pausa. Travis Phelps, após toda aquela coisa do bilhete amassado e o tipo-de-confessionário no banheiro, havia se mostrado um garoto mais surpreendente do que ele imaginava. Para começar, até mesmo Sal sentiu-se contagiado pelo sentimento de liberdade vindo da realização de Phelps sobre os abusos cometidos por seu pai e vê-lo aceitar o fato de que mesmo ele, que cometeu tantos erros, era uma vítima e merecia algo melhor.
Seu refúgio da vez seria um acampamento de meninos cristãos onde, teoricamente, todos eram gentis e generosos em prol de seu amor à Deus. O lugar perfeito para Travis que apesar de ter crescido com um fanatismo tóxico ainda encontrava paz de espírito quando elevava seu pensamento ao céu. A última vez que Sal o viu, Travis estava em uma parada de ônibus com mais alguns garotos, conversando animadamente com eles e para a alegria de Sal ele estava sorrindo e seu rosto não apresentava nenhum hematoma. Ele avistou Sal de relance e, mesmo que o ônibus já tivesse chegado para buscá-lo, houve tempo o suficiente para o loiro lhe dar um sorriso genuíno pela primeira vez.
. . .
Hoje era sábado, o dia favorito de Sal e Larry, pois era o dia em que Henry e Lisa saíam mais cedo do expediente e eles poderiam ver seus pais descansando. Claro, Larry aproveitava mais esse dia do que Sal, que ao passar mais tempo com o pai em casa também tinha que se preocupar em cuidar dele para que não passasse do ponto. Henry já havia lhe dito para que parasse com isso e que não havia necessidade de ficar tão atento. Sally nunca ouvia e, bem, hoje mesmo seu pai lhe impressionou provando o que poderia fazer sozinho com uma garrafa de whisky.
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Take a Break
FanfictionSal não tinha tempo para descansar. Não com uma ceita demoníaca a solta, espíritos vingativos por todo canto, uma grande quantidade de crimes que só ele poderia resolver e, além de tudo isso, haviam as crises existênciais ficando cada vez mais forte...