Meu gatinho

Capítulo III

— Eu só queria que o Kuro estivesse aqui comigo assistindo "Senhor dos anéis" e depois ficar me esperando terminar de lavar a louça e passar pano no chão. — Disse a mim mesma, de um jeito carente. — Uma casa imensa e meus pais nunca que contrataram uma empregada, impressionante. — Pensei enquanto comia um prato de brigadeiro assistindo ao filme.

O filme havia acabado faz meia hora e eu estava ali, agarrada ao travesseiro do sofá da sala de baixo, pensando com o que eu iria ocupar meu tempo novamente. Então olhei para meu skate encostado ao lado do hack, e pensei que não seria uma má ideia da uma fugida de casa para me ocupar. Afinal, era o meu dia, o que mais poderia ocorrer de errado depois do que aconteceu mais cedo? Subi direto para meu quarto e revirei minha bolsa da escola a procura do meu protetor solar, estava muito quente lá fora. Acabei encontrado a caixinha preta que eu havia colocado na bolsa para poder ver depois, tinha me esquecido completamente dela, então a coloquei novamente dentro de outra bolsa que eu sempre levo comigo para pôr uma garrafa com água, meu celular e fones que é uma dupla que não me pode faltar, e por fim, alguma quantia de dinheiro para eu comprar alguma besteira na rua.

Depois de ter me trocado e passado o protetor solar, fui correndo pegar meu skate e andar com ele pela rua até chegar na praça. Deveras estava muito quente, então fiquei na parte onde havia árvores, fazia uma sobra imensa numa rampa que tinha ali. Estava tudo vazio, não havia nenhuma alma viva, mas eu nem liguei, era desse jeito que eu gostava. Sem ninguém. Passei um bom tempo praticando minhas manobras com o Skate, não tinha nem noção de quanto tempo eu fiquei ali, naquela rampa com o skate. Parei um pouco para respirar, e fui pegar meu celular dentro da minha bolsa para escutar música, até que eu me deparei com uma figura sentada me observando. Era o Lince.

— Ei! Você não se cansa de me seguir não garoto? — Disse cansada, pingando suor indo em sua direção. Sentei ao seu lado, onde minha bolsa também estava.

— Não sabia que você gostava de andar de skate. — Disse ele.

— Tá de brincadeira, skate é vida. — Disse dando um sorriso espontâneo, talvez conversar com ele sobre outras coisas a não ser sobre o que ele estava fazendo no meu quarto, não seja tão ruim, eu poderia descobrir sobre isso futuramente.

— É verdade. — Lince disse olhando para o nada, estava com uma cara de desanimo.

— O que foi? Essa sua cara.... Não é a mesma que eu vi durante esse curto tempo que eu te conheci. — Disse para ele enquanto tentava tirar meu celular da bolsa.

— Oi? — Ele olhou para mim dando um sorriso bobo para mostrar que estava bem, e voltou a olhar para o nada. — Eu só estou pensativo sobre uma coisa.

— E posso saber sobre o que é? — Perguntei, tirando a caixinha preta ao invés do celular. Lince olhou para ela fixamente, depois para mim, sua face mudou de desanimo para ansioso.

— Claro, mas porque você não abre?

— Ah, bem... Tá bom, eu vou abri. — Fiquei olhando por alguns segundo aquela caixinha preta linda, envolvida a uma fita vermelha e depois abri. — Uma pulseira de pérolas! — Meus olhos fixaram na pulseira e não queria mais sair dali, era tão lindo que nem eu sabia descrever tamanha beleza. — É muito linda.

— E são originais. — Lince complementou. — Posso? — Ele pegou a pulseira antes que eu mostrasse qualquer reação e eu automaticamente estendi meu braço para que ele a colocasse. — Prontinho, agora ficou perfeito.

— Irônico, não? Elas têm o mesmo nome que o meu. — Estirei meu braço para o nada, observando melhor como as pérolas ficavam bem em mim. — Espera... foi você que me deu ela? Deve ter custado uma fortuna. — Falei impressionada para ele. As pérolas que ele havia me dado eram pretas, da cor de meus olhos, dizem que essa coloração nas pérolas é muito rara de ser encontrar, principalmente em olhos humanos. Eu me sentia muito especial por isso.