Capitulo Único

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A vista de Suna sempre foi calmante para ele. Quando pequeno, sempre subia no prédio mais alto e ficava a olhar para aldeia, pensando que em um lugar tão grande quanto aquele era impossível não existir alguém que não o odiasse; conforme crescia e se tornava mais odioso, a vista do lugar havia se tornado meramente algo para se manter entretido enquanto lutava pelo controle de seu corpo com Shukaku por horas a fio; hoje em dia era apenas um hábito qual não queria largar, algo que o fazia tão ele quanto seus cabelos ruivos ou a areia que rodopiava por seu ser

Sempre que Gaara estava no topo da Torre Kazekage nenhum de seus guardas ousavam interrompe-lo, pois sabiam que era seu momento de ficar sozinho em profundos pensamentos (exceto por Kankuro, mas quando seu irmão fez o que era devido a ele?). Ali ele podia refletir em paz e tomar as decisões mais importantes de sua vida

Aquela não poderia ser diferente

Tudo começa no instante em que Sakura, trajada com roupas de verão e um picolé em uma das mãos, abriu a porta e se aproximou dele de forma displicente

- Ele é um fofo- ela disse ao se encostar na grade ao lado dele

- Não te chamei aqui para determinar se ele o era ou não- Gaara apontou, fazendo a garota revirar os olhos com um sorriso carinhoso nos lábios manchados do corante azul do sorvete

- Ele está bem. Algumas queimaduras de sol aqui e ali e com certeza precisa de mais comida, mas está bem- Sakura disse- É um garoto forte

- De fato, ele é- Gaara não pôde evitar um sorriso orgulhoso. O garotinho, mal com seus seis anos de idade, era corajoso e um guerreiro nato, e ninguém poderia negar tal fato

- O que acontece agora? Orfanato de Suna?- Sakura perguntou curiosa e o ruivo suspirou

- Isso é o que acontece com as crianças órfãs- ele concordou- Mas eu pensei...

- Você pensou..? - a rosada o incentivou a falar

- Pensei que você poderia leva-lo com você- Gaara confessou- Você abriu uma clínica para crianças instáveis, não abriu? Eu sei que são para crianças de Konoha, mas posso falar com o Rokudaime, podemos encontrar uma forma, talvez se eu fizer alguma doação para a clínica

- Primeiro, não abri aquela clínica para crianças de Konoha, abri aquela clínica para crianças no geral e todas são bem-vindas lá- Sakura fez o um com o dedo enquanto falava, para depois trocar pelo dois- Segundo, não é uma clínica para crianças instáveis e sim para crianças que sofreram traumas. Pelo amor, Gaara!

- Desculpe- o ruivo se apressou em se desculpar, sabendo muito bem como a mulher era quando brava- Então, você poderia levar Shinki com você?

- Sim, eu suponho que sim, mas...

- Mas o que? Qual o problema?

- Você quer mesmo isso?

- O que quer dizer com isso? Acha que Shinki ficaria melhor jogado no orfanato?- Gaara perguntou confuso- Você viu os olhares, não viu? Temo que ele não sobreviveria naquela instituição

- Sim, eu vi- Sakura franziu o cenho de maneira reprovadora- Achei que já tínhamos vencido esses tipos de preconceitos bobos, mas foi otimismo demais da minha parte

- Infelizmente, a areia de ferro do garoto machucou pessoas enquanto ele não poderia controla-la- Gaara suspirou, olhando mais uma vez para a vista de sua aldeia- Eu amo Suna, eles são o meu povo, mas devo confessar que isso não é algo qual eles conseguem superar ainda. Meu tio dizia que o tempo árido nos faz ficar mais fortes, duros, e isso reflete em nossas personalidades

- Seu tio estava certo- Sakura disse, olhando de esguelha para o antigo Jinchuuriki. Ela sabia que falar de Yashamaru ainda machucava o homem

- Ele estava- Gaara afirmou, não parecendo muito abalado- Entende por que não quero manda-lo para um orfanato? O melhor para ele seria recomeçar em Konoha

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