— Ok, Catra, relaxe. Não é o fim do mundo, é só um baile bobo, não é como se isso fosse te matar. Se acalme... — a morena sussurra para si mesma enquanto encara seu próprio reflexo no espelho sujo do banheiro da escola. Mas suas palavras não tem efeito nenhum, pois seu coração não para de bater como se ela tivesse acabado de correr uma maratona e ela não para de suar e tremer feito um pinscher. E o motivo de tudo isso? Bom, é uma garota. Mas não uma garota qualquer, e sim a loira, alta, bela e um pouco sonsa Adora.
Ah, Adora... a garota que roubara o coração de Catra há muito tempo atrás e não parecia ter a menor intenção de devolvê-lo. Só ela mesmo para fazer a morena, dona de uma reputação de badgirl sem coração, surtar daquela forma. Catra costuma pensar que é patética a forma como ela fica quando está perto de Adora, parece uma gatinha assustada. A pior parte é que a loira não faz ideia do efeito que causa em Catra pois, como já foi mencionado antes, ela é um pouco sonsa.
Catra fica tão nervosa perto da garota que nem conseguiu convidá-la para o baile de primavera que a escola organizou. Quer dizer, ela até tentou, mas tudo o que saiu de sua boca foram palavras impossíveis de entender que deixou a loira bastante confusa e fez a morena desistir de chamá-la. Mas agora lá está Catra, totalmente descontrolada depois de ver Adora entrar no ginásio deslumbrante com seu vestido vermelho e cabelos brilhantes presos em um firme rabo de cavalo no topo da cabeça, acompanhada por seus melhores amigos, Glimmer e Bow. Assim que ela chegou ao baile, Catra correu para o banheiro e ali ficou até o momento tentando se acalmar.
— Talvez eu devesse convidá-la pra dançar comigo? Se eu conseguisse pelo menos falar com ela sem embolar tudo seria uma ótima ideia. Mas ela provavelmente diria não. Por que Adora iria querer dançar comigo, comigo? Não, não, ela não aceitaria. Eu sou patética, não consigo ficar no mesmo lugar que ela sem ter a porra de um surto, não consigo nem mesmo falar uma frase completa com ela sem... — distraída com sua discussão consigo mesma, Catra só percebe a segunda presença no banheiro feminino quando a própria a cutuca no ombro, resultando em um gritinho e um pulo assustado. — Que merda...?
Quando Catra se vira, dá de cara com uma garota de estatura mediana, cabelos e vestido azuis e maquiagem pesada. É Mermista, uma das poucas pessoas com quem ela pode dizer que tem alguma amizade. Sua expressão, no entanto, não é nada amigável.
— Que merda digo eu, você está nesse banheiro tem quase quinze minutos! O que foi, ta com diarréia?
— Não, eu estou bem, Mermista.
— Então pode me explicar por que está com essa cara? Parece até que viu um fantasma.
— Eu preferia ter visto um fantasma mesmo. Eu vi foi a Adora — Catra explica, a voz cheia de timidez, e isso arranca uma grande risada da amiga.
— Não me diga que você está escondendo dela aqui! Sério, Catra, tanto lugar melhor pra se esconder da amada e você escolhe logo esse esgoto...
— Mermista, por favor, pega leve, ok? Eu estou tendo um colapso nesse banheiro!
— E o que rolou, hein? Viu a Adora com outra?
— Ela está com outra?! — Catra grita.
— Mais baixo, por favor, eu estou do seu lado — Mermista contorce o rosto em uma careta de desagrado. — E, não, até onde eu sei ela não está com outra. Na verdade, eu acho que ela está sozinha mesmo, segurando vela. Pobre garota, por que você não a convidou, Cat?
— Ugh, eu tentei... — a morena esconde o rosto com as mãos, como se isso fosse diminuir o sentimento enorme de derrota que domina seu peito. — Mas eu só passei vergonha. Eu não consigo nem falar com ela, Mermista!