♕ ℭ𝔞𝔭𝔦́𝔱𝔲𝔩𝔬 I.

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— •1974• —

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— •1974• —

       Olhando de fora, em direção à janela de um quarto simples numa comunidade humilde, um pequeno garotinho negro de cabelos crespos e amassados que acabara de acordar, olhava seu reflexo com atenção sentindo-se lindo como nunca antes. Suas mãos deslizava sobre um vestido branco folgado de sua mãe enquanto o mesmo fazia poses iguais as modelos que havia visto na revista que falhou na noite passada. Seu reflexo no enorme objetivo trazia brilho a seus pequenos olhos negros.

     Sobre aquele salto alto vermelho, a pequena criança, que em seu rosto portava um genuíno sorriso, se esbaldou em uma poça de felicidade momentânea, nunca havia sentido tal sensação de liberdade. Sua vontade era de deitar e dormir eternamente naquele momento, tornando tudo o que acontecesse ali um eterno e feliz sonho.

     Em seu rosto havia algumas cores, o que tornava tudo ainda mais intenso. Em seus lábios um desgastado batom velho de sua mãe, sua bochecha rosa, um blush tornava-a assim. Sobre seus olhos inúmeras cores, do verde ao azul coloriram suas pálpebras. Suas sobrancelhas nunca haviam sido tão pretas e finas. Em suas unhas um pó vermelho simulava o esmalte igual o que havia visto na revista.

     Enquanto eternizou aqueles pequenos minutos de sua aventura, o pequeno garoto se sentia grande, incansável e inabalável. Sempre que tinha um tempo sozinho, ele gostava de se aventurar e pintar-se como uma grande estrela.  Sua boca não dizia nenhuma palavra, mas seu olhar dizia tudo o que queria expressar.

     As palmas de suas mãos formavam contornos em seu corpo, sentia-se feminino e ele gostava daquela sensação. Majestoso. Poderoso. Forte. Corajoso. Imponente. Aquela fantasia dava-o força. Suas pequenas e macias mãos, faziam gestos como os das mulheres que o mesmo havia visto na televisão enquanto resolvia o dever da escola. O vento que entrava pela janela tornava toda aquela cena digna de cinema. A mais bela das fotografias. Simples e limpo de qualquer maldade.

     — Lin? — uma voz feminina, de forma fraca, escoou pelo quarto.

     — Mamãe — o pequeno ficou quando viu o reflexo de sua mãe pelo espelho, não teve coragem de virar-se de costas e olhar nos olhos dela. 

     Por um instante houve silêncio. Antes que o mesmo percebesse, seus olhos saíram quentes lacrimejam de vergonha e medo. E estático não conseguia dizer qualquer coisa. Sua mãe havia dito que sairia, e que demoraria a voltar, mas como notou, não cumpriu com o que havia dito. Ele ficou ali parado por alguns segundos, tinha medo das consequências ele sabia que aquilo não era o que meninos deveriam fazer, mas fazer isso escondido não parecia para ele ser um problema.

     — Mamãe, eu... Eu sinto... — Frases incompletas e gaguejada eram as únicas coisas que conseguiu expressar.

     — Está tudo bem meu amor — a aconchegante voz de sua mãe o interrompeu. 

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