The End of the Old Life [TaeJin]

ONE

Essa música é super relaxante. Se vocês quiserem, ouçam durante a leitura. :)

Kim Taehyung

Eu costumava frequentar uma cafeteria no centro de Port Townsend, ela era diferente das outras. Calma, bonita, elegante, vintage e pequena. Minha primeira vez no local fora quando tive uma briga com meus pais, após o ocorrido, continuei aparecendo no alojamento.

As mesas eram redondas e amadeiradas, pinus supus, com cadeiras que continham formato de xícara no encosto. As janelas não estavam em falta, eram grandes e arredondadas, também de madeira, que davam vista à rua e ao mar. Já os quadros, eram pequenos e fofos, com fotografias cheias de sentimentos.

Visitar o local me agradava e me acalmava, por esses motivos e outros, vinha aparecido todos os dias, após a escola. Meus olhos costumavam se alternar entre a rua e o cardápio, mesmo já com o pedido, mantinha o pequeno livro comigo.

Essa fora a forma que encontrei para manter a mente no lugar.

Em casa as coisas eram diferentes. Meus pais eram diferentes. Papai, quando olhava para mim, possuía sempre um olhar julgador. Mamãe se culpava por não ter tido a filha dos sonhos, ela queria uma garota que dançasse balé e tivesse notas altas, não um garoto.

Na minha infância, eu fazia de tudo para chamar a atenção deles, minhas notas sempre foram as melhores da classe, até que um dia percebi que era perda de tempo. Não importava o que eu fazia, eles não ligavam, apenas julgavam. 

Então, em casa eu me sentia um intruso, mas naquela cafeteria, me sentia bem e vivo. Longe dos meus pais, longe dos meus piores pensamentos, tendo apenas eu. 

Tomei alguns goles de meu café mocha e descansei o cardápio em cima da mesa. Passeei meus olhares pela cafeteria, havia apenas um casal hétero na mesinha ao lado direito da porta, e o balconista. Ele era bonito, muito bonito.

As mangas de seu moletom camurça estavam dobradas abaixo do cotovelo, seu avental era puxado para a coloração do café puro, sua franja se encontrava presa para trás e seus olhos focados no balcão, onde estava passando um pano. 

Ao lado esquerdo do avental, havia uma plaquinha com seu nome, mesmo forçando a vista não consegui ler. Senti-me um tanto desnorteado por não reparar nele. 

Das janelas, o som do vento ecoava. Havia marcado 19:14 no relógio do estabelecimento, portanto, hora de ir para casa. 

Terminei de tomar meu mocha rapidamente e deixei a xícara em cima da mesa, arrastei cuidadosamente a cadeira para me levantar. Já em pé, com meu braço direito, peguei minha mochila da escola e a coloquei no ombro. 

Com passos calmos, fui até o balcão para pagar meu café e ler o nome do atendente bonito. 

"Kim Seokjin"

Então ele é coreano.

— Ficaram 2,15 dólares, senhor. — Sua voz era calma, muito bonita.

— Aqui. — Entreguei o dinheiro para o, agora, Kim Seokjin e logo me retirei da cafeteria. 

O vento estava forte e gelado, o céu se encontrava num tom arroxeado e os trovões se faziam presente. "Vai chover." pensei. Tirei a mochila do meu ombro e a abracei, logo corri em direção a minha casa.