Naquele momento estavam diante da máquina, Savannah já se encontrava deitada, porém chorava alto, temendo ficar sozinha.-- Sav, eu não posso entrar ali com você, mas ficarei aqui fora te vendo. – Any disse, vendo Savannah negar com a cabeça.
-- Você disse que não sairia do meu lado. – A menina disse chorando e Any suspirou. – Por favor...
-- Olha... – Any disse, levando sua mão ao rosto de Savannah e enxugando delicadamente as lágrimas da região. – Eu não vou sair daqui. Que tal se brincarmos de algo bem legal? – Savannah fungou, cessando o choro para prestar mais atenção em Any.
-- Do quê? – Perguntou ainda soltando soluços involuntários.
-- Vamos imaginar que essa é a sua nave espacial. – Any disse. – Você precisa se deitar aí é ficar quietinha enquanto eu conto uma história. Combinado? – Savannah pensou um pouco e então assentiu e Any sorriu, se inclinando e deixando um beijo no rosto da menina. – Por isso que eu gosto de você, porque sabe se comportar. – Savannah sorriu timidamente e então Any olhou para o médico, acenando com a cabeça como confirmação.
No momento seguinte à máquina levou Savannah para dentro e Any respirou fundo.
-- Any? Tem uma luz na minha cara. – Savannah disse preocurada, mas se sentou aliviada quando ouviu a risada de Any.
-- Essa aí é a luz da sua nave. – Savannah ouviu Any dizer e sorriu animada. – Sav... – Any disse olhando para o médico. – O médico me pediu para contar para ele sobre o que você não me deixou falar lá no quarto.
-- Any... Não! – O tom de voz foi preocupado e o médico assentiu. – Por favor, não diz para ele. É um segredo.
-- Tudo bem, princesa. Se acalme tudo bem? – Any disse assim que o médico deu o sinal. – Pode ficar quietinha um segundo para ele tirar uma foto do seu cérebro?
-- E a história? – Any sorriu e ignorou o fato de o médico estar ouvindo-a.
-- Era uma vez, uma garota que não vivia em nossa galáxia. Ela se chamava Savannah...
-- Igual eu?-- Sim, meu anjo, mas preciso que fique quietinha sem falar. Pode só me ouvir? – Pediu com doçura em sua voz, vendo o médico assentir em positivo para ela.
-- Sim. – Savannah disse e então Any continuou.
-- Ela andava em sua nave pelo espaço em sua missão, mas aí uma estrela gigante, chamada Betelgeuse, atrapalhou seu caminho, a jogando em um planeta muito longe do dela. Lá ela encontrou amigos e uma garota muito disposta a ajudá-la...
Savannah ouvia toda a história atentamente e nem percebeu quando seu corpo já estava diante do de Any novamente.
-- Eu disse que não doeria, viu? – Any disse, vendo Savannah assentir e esticar os braços pedindo um abraço. Any se debruçou sobre ela, sem colocar demasiada força sobre seu corpo, e sentiu os braços pálidos rodearam seu pescoço.
-- Any, e no final a Savannah fica com a Any? – Any riu, percebendo o quão ingênua Savannah era.
-- Sim, Sav. Elas ficaram juntas. – Disse, se afastando do abraço.
-- Mesmo a Savannah sendo de outro planeta e diferente? – Perguntou, vendo o enfermeiro pegá-la no colo e a colocar na cadeira de rodas, visto que ela ainda precisava da fisioterapia para conseguir andar sem problemas. Seus braços também estavam fracos, porém, estavam muito mais fortes do que as pernas.
-- Sim. Mesmo a Savannah sendo de outro planeta. – Ela disse quando começou a empurrar a cadeira pelos corredores do hospital, levando Savannah de volta para seu quarto. – A Any era concentrada demais no trabalho dela, nas estrelas, em seus equipamentos... – Any disse, tendo Savannah totalmente antenada em suas palavras. – Acho que justamente por Savannah ser diferente que chamou a atenção dela. Não era qualquer pessoa que a faria ter interesse daquela forma.
-- A Savannah deve ter ficado muito feliz da Any querer cuidar dela para sempre. – Savannah disse e Any sorriu.
-- E a Any deve ter ficado muito feliz por Savannah ter ficado com ela. – Disse, vendo Savannah virar o corpo para trás e lhe fitar.
-- Você vai embora? – Any franziu o cenho.
-- Como?
-- Você vai ir embora da minha vida ou vai fazer igual a Savannah e ficar? – Any parou a cadeira e andou até a frente de Savannah, se ajoelhando na frente dela.
-- Eu vou fazer igual a Savannah e ficar. – Ela disse, segurando as mãos da garota. – Porque assim como a Any dessa história, eu também tenho a minha Savannah para cuidar. – Any não podia explicar a intensidade do sorriso que rasgou o rosto de Savannah.
A menor suspirou bobamente e lembrou a si mentalmente que Savannah era apenas uma criança em um corpo adulto, não teriam um história de amor igual em contos, mas sua vontade de cuidar de Savannah não iria embora por isso, pelo contrário, só queria cuidar dela cada vez mais.
-- Any?
-- Sim?
-- Eu vou crescer. – Savannah disse sorrindo. – Você ainda vai cuidar de mim quando a minha mente ficar grande? – Any riu e assentiu.
-- Vou, meu amor, mas não quero que se desespere para crescer. Viva um dia de cada vez. – Ela disse e Savannah assentiu.
-- Posso te contar um segredo? – Savannah perguntou assim que Any se levantou e voltou a empurrar sua cadeira.
-- Diz.
-- Eu... – O tom de voz preocupou consideravelmente Any, que voltou a parar e a se abaixar na frente de Savannah. A menina estava corada e piscando sem parar.
-- Hey, você está bem? – Any perguntou, vendo Savannah pressionar os olhos fortemente e assentir. – O que queria me dizer?
-- Eu quero fazer cocô. – Sussurrou de cabeça baixa, fazendo Any suspirar ao ver os olhos voltando ao normal.
-- E como eu posso te ajudar? – Any perguntou confusa.
-- As minhas pernas não têm muita força. – Disse sem jeito. – Poderia me colocar lá? – A menor assentiu, levando Savannah até o banheiro de seu quarto.
-- Consegue se segurar sozinha? – Any perguntou, sabendo que Savannah não tinha muita força nos braços ainda.
-- Sim. – Savannah disse, voltando a piscar muito rápido. Any assentiu e deixou o banheiro sem jamais olhar para Savannah da cintura para baixo.
Agora ela só precisava esperar o doutor chegar para ela finalmente descobrir o porquê de Savannah piscar daquele jeito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em um piscar de olhos (Savany)
FanfictionSavannah tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o caminho p...