ὕβρις

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ergue-se
quenta café
na mesa uma nota
sua lembrando
que tem de seguir
a escrever
logo diz-se logo
quando voltar do trabalho

toma às presas o ômnibus
entra no banco
saúda aos seus companheiros
com a sua habitual polidez
e atende os clientes
que passam por diante dele
de jeito ritual
como se espera dele
meia mente neles
meia mente no que vai escrever
quando poda sair
em grandes ideias
na glória que lhe aguarda

termina a sua jornada
di adeus aos seus companheiros
com a sua polidez habitual
corre ao ômnibus
chega à casa
debruza-se na mesa
pensando no que vai escrever
em todas essas ideias de antes
olha o relógio
a janela
na praia será mais fácil
pensa sim na praia um pensa melhor

colhe o seu autocarro
vai à praia mais próxima
senta numa rocha
olha as ondas que vêm e vão
as aves caindo na tona das águas
a areia metendo-se entre os dedos dos pés
as rochas polidas pelas águas
o sol nas ondas
o seu quaderno
nunca serei ninguém sospira
e olha as algas na beira

Poemas IIOnde histórias criam vida. Descubra agora