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- Você tem que ser sarcástico com tudo? - disparou Clary.


Simon piscou os olhos, claramente espantado.


- Eu pensei que você gostasse quando sou irônico e sagaz.


Clary estava prestes a responder quando a porta da Madame Dorothea se abriu


completamente e um homem saiu de lá. Ele era alto, bronzeado e tinha os olhos verdes


dourados como os de um gato e cabelos negros desarrumados. Ele sorriu para Clary, exibindo


dentes brancos e afiados.


Uma onda de tontura abateu-se sobre ela, uma forte sensação de que iria desmaiar.


Simon olhou desconfortavelmente para ela.


- Você está bem? Está com cara de que vai desmaiar.


Ela piscou para ele.


- O quê? Não, eu estou bem.


Ele não pareceu disposto a encerrar o assunto.


- Você está com cara de quem viu um fantasma.


Ela balançou a cabeça. A lembrança de ter visto alguém zombou dela, mas, ao tentar se


concentrar, esvaiu-se.


- Não é nada. Eu pensei que tivesse visto o gato de Dorothea, mas acho que foi uma


sombra. - Simon encarou-a. - Eu não como nada desde ontem - acrescentou


defensivamente. - Acho que estou um pouco zonza.


Ele colocou um braço reconfortante nos ombros da amiga.


- Vamos. Vou comprar alguma coisa para você comer.


- Eu não consigo acreditar nisso - disse Clary pela quarta vez, raspando um resto de


guacamole do prato com a ponta de um nacho. Eles estavam em um restaurante mexicano da


vizinhança, um muquifo chamado Nacho Mama. - Como se me colocar de castigo semana


sim, semana não, não fosse o suficiente. Agora vou ficar exilada pelo resto do verão.


- Mas você sabe que a sua mãe fica assim às vezes - disse Simon. - Como quando ela


respira, por exemplo. - Ele sorriu para ela por cima do burrito vegetariano.


- Isso, muito bom, pode agir como se fosse engraçado - disse ela. - Não é você que


está sendo arrastado para o meio do nada por Deus sabe quanto tempo...


- Clary - Simon interrompeu a declamação. - Não é de mim que você está com raiva.


Além disso, não é algo permanente.


- Como é que você sabe disso?


- Bem, porque eu conheço a sua mãe - disse Simon após uma pausa. - Quero dizer,


você e eu somos amigos há quanto tempo, uns dez anos? Eu sei que ela fica assim de vez em quando. Ela vai pensar melhor.


Clary pegou uma pimenta do prato e a mordeu de forma pensativa.


- Será mesmo? - disse ela. - Que você conhece a minha mãe, quero dizer? Às vezes


eu fico pensando se alguém no mundo a conhece.

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