Carta da Lena

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Reescrevi esse texto umas cinco vezes antes de ter coragem de enviar, pois vocês não merecem nada mal feito ou apressado, vocês merecem apenas o melhor. Nesse dia tão especial, no qual celebramos o começo do Pride Month, eu venho, por meio desse texto, tentar alcançar vocês um pouco. Eu sou bissexual, sei disso a quase dez anos, e demorou para que eu chegasse no nível de aceitação que estou hoje. Vejam bem, no começo eu negava com toda força que tinha dentro de mim, tentava romantizar minhas relações com todo e qualquer garoto que eu conhecesse, só para enterrar os pensamentos que eu não queria ter bem fundo em minha mente. Mas não funcionou, e logo me vi imersa em universo completamente diferente ao que eu vivia até aquele momento: um universo chamado Samantha Arias. Samantha Arias era um universo em que a aceitação do jeito do próximo é algo comum e não uma exceção; um universo em que você tem iguais e elas te ajudam; um universo em que a Lena Luthor de dezessete anos podia ser apenas Lena, sem Luthor e sem fortuna alguma, sem expectativas exorbitantemente altas ou segundas intenções. Apenas Lena servia para ela e, após ser expulsa pelos meus pais, foi ELA quem me permitiu ser quem eu era sem medo algum. Eu sei que, pra muitos de vocês, o agora parece um pouco sombrio, impedindo vocês de fazerem o que eu fiz, eu sei que vocês pensam "o que eu fiz para merecer tanto ódio? Me apaixonei por alguém do mesmo gênero? Ou dei um basta nas imposições descabidas que me foram impostas desde criança?". E, infelizmente, as respostas podem demorar a vir, e talvez vocês nem conheçam a Samantha Arias de vocês ainda, talvez vocês nem precisem de uma para se aceitar. O que eu quero deixar claro pra vocês hoje é que a liberdade pela qual lutamos tanto um dia nos será dada, um dia jovens garotas poderão andar de mãos dadas com a namoradinha sem precisar ficar a três corpos de distância uma da outra, um dia o garotinho afeminado não vai precisar fingir ser um garanhão para que a família não lhe puna, um dia transexuais não terão que se esconder para evitar sofrer violência, nenhum de nós terá. Eu espero estar viva nesse dia, e poder comemorar com vocês, mas caso eu não esteja, quero que saibam que eu tenho orgulho, orgulho por vocês se permitirem ser quem são, sem ligar pro que alguém possa pensar de vocês, orgulho de cada tijolinho colocado na parede da resistência. Enquanto esse dia não chega, continuem colocando seus tijolinhos, e sempre que puderem, ajude o coleguinha a colocar o dele, se apoiem, se amém, se unam.
Com amor,
Lena Luthor.

Espero que tenham gostado dessa história, foi a primeira fic que eu escrevi levando a sério. Espero que voltem a ler algo escrito por mim um dia.

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