🔑 - Parte III

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— Sr. David? Eu sou o sargento Carlos Anchieta, preciso que você mantenha calma e preste atenção. Sua esposa foi acometida de um grave ferimento e foi encaminhada para o hospital São Carmo, peço por gentileza que o senhor compareça até lá. — A voz dele parecia calma e tranquila.

— Como assim!? o que aconteceu com ela!? — não consegui me controlar e o desespero tomou conta de mim pela segunda vez naquele dia.

— Estamos verificando o que aconteceu com Alice. No entanto ela foi levada inconsciente ao hospital. Preciso que você venha até a unidade para recolher os pertences dela e se possível trazer uma muda de roupa. Sr. David está ouvindo?

— Sim. — minha voz saiu em um engasgo, parecia que lutara para sair. — Sim, estou ouvindo.

— Ótimo, espero o Sr. O mais breve possível.

A voz parou de falar e pude ouvir o bip da ligação sendo desligada. Me levantei do chão, só me dando conta agora que tinha caído sentado no chão, sentia uma forte dor no peito e um formigamento no meu braço esquerdo. inspirei fundo e soltei devagar e repetir isso por alguns minutos. "Alice vai ficar bem, ela é forte", disse.

Caminhei apressadamente até o quarto e peguei uma mochila pendurada em um prego atrás da porta e joguei uma blusa listrada de maga comprida, uma calça jeans, mas tirei e coloquei uma saia no lugar. Era mais confortável para ela voltar para casa depois. Quando fechei o zíper da bolsa, senti uma leve tontura querer tomar conta de mim, no entanto fui forte. Precisava manter a sanidade. "Alice vai ficar, por favor deus, que Alice fique bem".

O micro-ondas marcava dezenove horas, peguei meus documentos que estava no armário dentro de um pote de sorvete, também peguei os documentos do plano de saúde de Alice, caso ela precisasse. Não entendia muito dessas burocracias médicas. Sai de casa apressadamente de casa, me perguntando se realmente tinha fechado a porta direito, se tinha deixado o botijão ligado, mas me lembrei que não tinha cozinhado nada naquele dia. "Se concentre David, se concentre".

Enquanto caminhava pela rua comprida do condomínio ouvia os ruídos da rua, cães latindo ao me ver passar, o som da televisão nas casas, risos abafados pelas janelas fechada. O céu já estava escuro e minha única iluminação era dos postes, minha sombra ia crescendo e diminuindo conforme eu ia passando por eles até chegar na avenida principal.

Caminhei até o ponto, esperei alguns minutos até surgir o ônibus que passava pelo meu destino, dei sinal e entrei. Estava vazio, paguei minha passagem e me sentei no último banco e continuei a pensar no que Alice tinha se metido. Deitei a cabeça na janela e fiquei vendo os borrões das paisagens passarem por mim como fantasmas.

Depois de uns dez minutos eu pude avistar o hospital de São Carmo, ele era o maior da região em comprimento e avanços tecnológicos, lembro de ter escrito sobre ele em um dos meus últimos artigos para o jornal, felizmente foram todas positivas. A qualidade do serviço era muito boa, apesar de ser um hospital público.

O ônibus parou, desci. O ponto ficava de frente para a entrada principal, apressei os passos e me dirigi até a recepção, mas antes de entrar avistei um policial careca nas escadas. O motor do carro estava ligado e a sirene em silêncio piscava em tons avermelhados com azul. me aproximei dele e perguntei:

— Boa noite, O Sr. É o policial Carlos? — perguntei.

— Sim, sou eu. David suponho?. — disse ele em um sorriso amarelado e o cheiro de cigarro invadiram minhas narinas. — Como está?

— Eu só quero saber o que aconteceu com a Alice, onde ela está!?

— Então... — ele me encarou, coçou a careca e prosseguiu com o semblante caído. — Ela ainda está internada em estado grave.

A Chave de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora