Melinda Backer passou anos trancafiada em um hospício. Tudo em sua vida virou cinzas numa noite de primavera, as dolorosas lembranças chicoteando sua essência lhe causaram marcas, e desde então sua mente se tornou adoecida numa tentativa de fugir de...
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" Estou assustada. Eu nunca caí de tão alto, caindo em seus olhos de oceano".
Eathan começara uma apressada caminhada, que se tornava uma quase corrida pelo labirinto que era aquele edifício. Não se importou em largar a reunião nas mãos de seu primo Lucca e se engajar em achar as irmãs.
O rapaz conhecia muito bem Melissa, bem até demais, por isso desejava nesse momento, encontrá-la e tê-la na linha de seus olhos.
Após murmurinhos dos funcionários, ele seguiu para as escadas, descendo desastrosamente de dois em dois os degraus, até sua trajetória ser cessada drasticamente pela voz de Maya lhe chamando. Ele não hesitou em ir até uma salinha armazenando conteúdos de limpeza, adentrando o corredor apertado e mal iluminado, aquele era um lugar tão escondido que quando descia a escadaria não notou a brecha que guardava o cômodo.
ㅡ Maya?ㅡ A potência em sua voz grave, embriagou olhos verdes como um ima em sua direção.
Onde estava Melissa? Por que Melinda estava deitada naquele chão, ao lado de sua amiga que a olhava compadecida.
Os olhos expressivos numa escuridão tão calorosa e reconfortantes, pertenciam a Maya, que não se deu o trabalho de responder seu chefe, estava tudo muito claro naquele corredor escuro.
ㅡ Venha, Melinda.ㅡ Maya se levantou, e tentou ajudar a garota.
ㅡ Deixe comigo!ㅡ Eathan tomou a frente da situação, segurando a jovem já de pé pela cintura, tendo um dos braços dela ao redor de seu pescoço, o que a fazia quase caminhar nas pontas dos pés, pela diferença de altura.
O corpo esguio e trêmulo de Lin, transmitia sua insegurança e vergonha em cada milímetro de sua pele que se juntava ao homem. Este que enlaçava o corpo frágil em seu cuidado, a tendo delicadamente em seus braços, como se fosse a mais frágil obra de arte que pudesse se quebrar com o mínimo dos movimentos bruscos.
O rosto delicado da Backer, era pinicado em cada centímetro pela vergonha e humilhação que sentia. Havia sido presa como um animal, colocada em um cubículo e deixada ali sem previsão de saída, sem previsão de empatia por ela. Queria acreditar que estava presa um um delírio, e que não tivesse sido sua irmã a pessoa que a tratara com tanta frieza, porém seu íntimo sabia da verdade, tinha fixo em sua mente o oceano implacável que eram os olhos de Mel, as ondas altas e destruidoras que quebravam em suas íris, ricocheteando raiva. Sobretanto não era esse sentimento que mais sufocava Melinda, era o medo. O medo que está presente na maioria dos olhares que cruzam seu caminho de perto, quando desviam-se da reta imaginária que ela anda, se afastando, ou quando evitam contato visual como se encarassem um daqueles drogados que ficam violentos e imprevisíveis quando dopados pelas drogas.
Tinha noção de que enfrentaria esses olhares aqui do lado de fora, contanto ela não imaginara a força com que eles lhe aprisionariam numa bolha, em taxas, e amordaças, em algemas e amarras que não lhe pertenciam, em uma imagem que não era a sua. Esperava menos ainda ver esse mesmo medo nos olhos azulados, que tanto se encheram de um paraíso límpido de sentimentos opressores quando os olhou depois de sete anos longe de seu campo de visão material, mas tão perto de suas lembranças que tentava visitar, acessar todos os dias.
Logo percebeu estar no escritório de Mel mais uma vez. Sendo aconselhada pelo chefe da irmã à se sentar e aceitar o copo d'água que a mulher que se apresentara por Maya, lhe oferecia.
ㅡ Onde Melissa foi? ㅡ A voz feminina de timbre rouco questionou, a encarando beber o líquido transparente do copo descartável.
Melinda balançou a cabeça em negação. Não sabia.
ㅡ Por que ela te deixou ali, Melinda? Foi ela não foi?ㅡ Continuou tendo um tom de indignação, a mulher não se conformava com essa atitude.
Eathan se distanciou, encostando suas costas na parede ao lado das duas, observando intensamente a Backer, sua expressão era impassível, não era visível quais os ares que seus pensamentos sobrevoavam.
Melinda sentiu sua garganta travar. Por que sua irmã havia feito aquilo?
Os olhos verdes encararam a falta de luz nas íris em sua frente, o olhar tão apático e vazio que Lin tinha, fez Maya engolir em seco e não demorar à ver as lágrimas cheias de sentimentos escorrendo novamente pela face pálida.
A mulher negra se pôs em passos vagarosos em direção a porta, olhando mais uma vez para Melinda antes de deixar o ambiente.
Um perfume conhecido se aproximou dos sentidos da garota, que quando olhou para cima, achou um olhar castanho tão amigável como um sopro quente em meio ao inverno rigoroso.
Mas ela não sustentou o olhar.
ㅡ O que fica fazendo quando vem para cá? ㅡ Perguntou Eathan, a voz masculina preenchia a cabeça de Melinda de uma maneira que derrubara todos seus pensamentos no vácuo.
O homem bem arrumado, com os cabelos crescidos metade presos outra metade não, escorou na mesa, ficando de frente para Lin. A atenção dele estava cravada na garota, e ela podia sentir o calor desses olhos em cada parte sua.
ㅡ Fico nesse sofá, eu nunca atrapalhei ninguém. ㅡ A entonação intrínseca na rouquidão fanhosa consequente do choro, soou tímida e baixa.
Ele sorriu de lado, mesmo sabendo que ela não o olhava.
ㅡ Existe uma sala de jogos no 10° andar lado b, iria te distrair um pouco e é raro estar sendo utilizada.
Lin então o olhou, tentando ser discreta ao deslizar suas pupilas pelos traços de uma beleza transbordante no rosto do rapaz, ele levava em seus olhos uma objetividade até mesmo mortal, era de certa forma intimidadora a força que suas íris esbanjavam. Porém o sorriso morno e envolvente escondido em sua expressão, fez Melinda soltar um leve sorriso sem mostrar os dentes, provando da doçura e maciez que a energia daquele escritório exalava.
ㅡ Obrigada, senhor. ㅡ Agradeceu, arrancando uma gargalhada gostosa do homem.
Melinda inclinou levemente seu rosto, observando a atitude dele.
ㅡ Me chame de Eathan, Melinda.ㅡ O brilho bem humorado em sua frase, resultou no assentir compreensivo da tal.
Sobretanto, o ambiente voltou a se tornar tenso quando uma figura feminina abriu a porta, adentrando o cômodo.
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Oioi, como estão?
Esse foi o capítulo de hoje, espero que tenham gostado.
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