Chapter Three

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Melissa borbulhava em uma confusão agoniante de sentimentos

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Melissa borbulhava em uma confusão agoniante de sentimentos. Caída sobre o piso daquela empresa, com sua irmã ao seu lado.

Melinda se encontrava estática desde a madrugada, não se mexia além dos olhos, e isso gerou um grande esforço para a mais velha que teve de a trazer para seu trabalho consigo, carregando precariamente o peso da caçula sobre si.

ㅡ Melissa, precisa de ajuda? Se machucaram? ㅡ Uma das secretárias chamada Maya, caminhou na direção das duas, exalando preocupação em sua voz e um feixe de curiosidade em suas pupilas.

Mel não se permitiu erguer seu olhar para a mulher que viera lhes acudir. Forçou suas pernas sobre os finos saltos do scarpin nude que tinha nos pés, se levantando e colocando de volta o braço de Lin entorno de seu pescoço, a abraçando pela cintura.

ㅡ Não preciso de ajuda, Maya! Acho que você deveria se preocupar com o teu trabalho. ㅡ Melissa pronunciou com a voz atolada em uma entonação não agradável.

Os passos cambaleantes carregando mais peso que o comum, demoraram porém chegaram em seu destino, o escritório de Mel. Os olhares curiosos e intrigados acompanharam as irmãs, e era possível se acreditar que os mesmos perfuravam a porta mesmo que fechada.

Melissa depositou o corpo catatônico de Melinda no sofá escuro ao lado da entrada, respirando fundo ao se dirigir para sua mesa, se sentando rente ao móvel para começar seu expediente como parte da administração do grande edifício, que por fora trazia um olhar gótico pelos vidros turvos com que o mesmo era esculpido.

A Backer mais velha não ousava direcionar seus olhos para o corpo imóvel da garota que tomava para ela todo o amor que poderia um dia chegar a sentir. Tudo o que havia de bom em Melissa, pertencia a Melinda, mesmo que não enxergasse seu interior como admirável e tivesse noção de que teria de filtrar sua personalidade, que em modo bruto era algo que não pretendia transpassar para sua doce criança.

Entre relatórios e papeladas, o telefone preso entre o ombro e orelha lhe causava indícios de um futuro torcicolo. Ela tentava conciliar seus deveres com a empresa e achar alguém que conseguisse cuidar de Lin enquanto ela estivesse fora, já que para si não era nem mesmo uma opção sempre trazer a mais nova consigo, não queria voltar a expor sua irmã daquele jeito, perante olhares tão indiscretos e afiados.

Então ela se levantou após horas sentada. Caminhou em passos seguros até a porta, alcançando a maçaneta e a puxando. Seu olhar caiu sobre a jovem deitada no sofá, do mesmo jeito que lhe tinha deixado, sem uma mísera mudança além dos olhos fechados, que traziam para sua face uma aparência serena, que enganaria qualquer um que a olhasse supérfluamente, da combustão que suas íris claras driblavam.

Melinda suspirou o mais fundo que considerava possível, depois de ouvir a porta se fechar, anunciando a partida da irmã.
Os ossos se afiguravam adormecidos, e despertados para a dor. Assim como pela madrugada, seus músculos se repuxavam como se tentassem sair daquela prisão imóvel.

Com o passar dos minutos, o sono se compadeceu da jovem, a conduzindo então para um mergulho morno numa bolha desligada da realidade.

No momento que seus sentidos voltaram a se despertar, Melissa ainda não se encontrava de volta para o escritório. Melinda concretizou enfim o levantar de um dedo da mão direita, logo após a mão já se mexia, e gradativamente seu corpo se desprendeu das amarras invisíveis que o aprisionava em seu próprio ser.

Lin se animou e vagarosamente se pôs de pé, podendo ouvir algumas partes de seu corpo se estralando. A dor ainda estava presente pelo tempo em que permaneceu estática, contanto, ela a ignorava, traçando passos calmos pelo cômodo.

A culpa por estar sendo um fardo para Mel lhe caiu nos ombros, uma leve ardência dançava na ponta dos pés em seu nariz, a sensação fazia companhia para as lágrimas rasas que se atreviam em se intrometer por seus olhos.

ㅡ Melissa eu preciso que...ㅡ A frase foi cessada bruscamente, o timbre imponente recheou o ambiente. A porta havia sido aberta num rompante.

Melinda estava entretida demasiadamente com a vista movimentada que o vidro lhe oferecia, por esse motivo não se deu conta do homem vestido em terno preto e calça social que lhe encarava surpreso, ainda parado no batente da porta.

Eram tantos barulhos, que a agitação havia engolido a voz masculina desconhecida, porém algo no interior da Backer mais nova tinha absorvido afervoradamente aquele tom grave e tempestuoso.

Uma mão quente se colocou em seu ombro.

Aquele contato esquentou.

Se esquentou de tal maneira, que Melinda se desvencilhou daquele toque como se o próprio fogo a tivesse tocado.
E então o olhar verde se chocou com um olhar castanho. O impacto das definições de seus próprios eu's, estava explícita nos dois pares de olhos distintos.
As sombras aparentemente gélidas que assombravam as íris do desconhecido, pareciam enxamear em seus traços marcados.
Assim como a frieza e o esvair que sugavam a vida do verde preso nas orbes de Lin, tolhiam por entre suas ramificações o enfervescer de suas paredes interiores.

ㅡ Eathan! Eu tinha ido buscar algo para comer. ㅡ A voz inigualável de Mel, proferiu rasgando o véu de segundos que sucumbia os dois naquele cômodo.

Melinda não precisou desfocar o rapaz em sua frente, para perceber alguns alimentos nas mãos da irmã, que rapidamente os deixou sobre um espaço vazio na mesa.

Eathan se virou para encarar Melissa, levando seus fios compridos à se balançarem com o movimento. O que resultou no inspirar de Lin, captando o perfume que era agressivo na proporção certa.

O homem separou seus lábios, intencionado em perguntar quem era aquela moça, mas Melissa foi mais rápida, aparentando estar quase apressada, em uma urgência desconhecida na postura.

ㅡ Veio ver como as coisas estão se encaminhando? Não te esperava pela empresa hoje, mas nossos números estão todos apresentáveis!

A mulher tateou nas gavetas alguns papéis, os apresentando aos olhos do seu superior, não deixando assim espaço para demais assuntos ou pensamentos. Pelo menos era o que ela pensava.

Ao terminar de passar os olhos pelas tantas folhas, ele encarou a profissional que soava insegura e hesitante em sua frente, nunca havia tido aquela visão de Melissa, que era uma jovem mulher tão segura e impenetrável em sua personalidade séria e impassível.
Os olhos claros da mesma, pareciam implorar para ele não se referir à moça estranha dentro de sua empresa.

E assim ele fez.

Seguindo seu caminho sem mais palavras ou deixas, sobretanto, com várias pontas soltas se embaraçando em si.

Em seu percurso até a mesa de sua assistente, seus passos pesados e conduzidos pelos pontos de interrogação em sua mente, eram largos e decididos.

ㅡ Maya.

Não precisou um segundo chamado, a mulher de cabelos cacheados e com luzes, se voltou para seu chefe largando tudo o que estava fazendo, e já tendo noção da resposta que ele buscava.

ㅡ É a irmã mais nova de Melissa. Ela está de volta.

Aquela simples frase dita com objetividade, tremeluziu na caixa torácica de Eathan, que puxou tanto ar para si, que sentiu seu peito doer.

Melinda.



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Oioi, como vocês estão?

Esse capítulo "abriu as portas", para a entrada de Eathan na história.

Me chamem para papear, meu privado está aberto para vocês 💖

Desculpem qualquer erro.

Beijocas!!

Nas Asas da SanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora