capítulo único

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Eles tinham uma relação sexual, e não amorosa, e costumavam se encontrar nessas madrugadas solitárias em qualquer sala de aula que fosse: o importante era a disponibilidade da própria libido, um pouco mais intensa ao passar dos encontros.

Na última vez, Harry estava prestes a fazer um oral que foi importunamente interrompido pelo zelador. Debaixo da capa da invisibilidade, os olhos da gata cintilaram perversamente pra eles, achatados um no outro e muito quietos.

Depois daquilo, Harry fingiu esquecer sonsamente o que estava prestes a fazer e desistiu de continuar ali por mais tempo. Arriscado demais, foi o que ele disse. Como se Harry Potter se importasse com os riscos. Ele não olhou nos olhos de Malfoy por uma semana depois disso e, humilhado, Draco se rebaixou ao seu nível e implorou para voltarem a se ver - pelo menos era assim que ele descrevia.

Agora, na sala de poções, Malfoy estava empurrando Harry com tanta ferocidade sobre a mesa do professor que daria para sentir sua excitação de longe. Suas mãos corriam com muita urgência pelo corpo do outro, vez ou outra invadindo sua camiseta, roçando, arranhando e apertando toda a pele quente que conseguia, conseguindo escutar Harry arfar durante o beijo e, muito raramente — sendo esse seu som predileto —, acabava arrancando-lhe gemidos baixos, geralmente quando investia seu próprio quadril no dele, sentindo as ereções se esfregarem escondidas pelos pijamas.

Seu maior desejo no momento era arrancar toda a roupa que impedia um contato direto, jogar Harry contra aquela mesa e fodê-lo com tanta força que o faria soltar mais daquele som que Draco tanto gostava que saísse da sua boca. A forma como Potter estava segurando os gemidos era uma delícia, mas ser capaz de fazê-lo gritar era um desejo de Draco.

Mas não seria tão simples. Harry era um filho da puta tímido demais para avançar as coisas agora, mas gostoso demais para Malfoy conseguir conter as próprias vontades. Os momentos em que o moreno se soltava eram raros e preciosos, mas não é como se não gostasse de vê-lo acanhado.

Era — e jamais admitiria isso — um pouco fofo, ao mesmo tempo que o excitava vê-lo completamente nervoso, sem saber direito o que fazer. Deixava Draco com vontade de acalmá-lo e ao mesmo tempo com uma vontade desesperadora de voltar a agarrá-lo.

Malfoy tinha consciência das poucas experiências e eventual timidez de Harry. Ele pediu para ir com calma. Ele ainda era virgem quando começaram com aquilo. Mas Draco teria que conhecer os limites dele conforme a intimidade crescia.

A questão, para Draco, era o receio de tocar nesse assunto e assustá-lo. Ele não sabia como funcionava a cabeça de Potter; talvez uma simples conversa sobre fantasias pudesse apavorá-lo e potencialmente afastá-los novamente, como no episódio quase-boquete.

Draco queria que Harry se sentisse confortável com ele. Teriam que conversar.

— Potter — Malfoy chamou, parando aos poucos o beijo. Escutou-o choramingar.

Seu olhar rastejou vagarosamente pelo rosto dele, memorizando seus detalhes. Parou na boca por um instante e imaginou as coisas que ela poderia fazer. Sentiu uma fisgada dolorosa no seu baixo-ventre e mordeu o próprio lábio, descontando o tesão em forma de aperto na cintura do outro inconscientemente, que suspirou surpreso, afetado pelo toque.

— Quero conversar — disse, afrouxando um pouco as mãos para o descontentamento de Harry.

O moreno simplesmente esperou, ansioso.

— Quero saber sobre até onde você quer ir — resumiu, dada a falta de perguntas, presumindo que Harry não falaria naquele estado.

Os olhos de Harry se abriram com o choque inicial do que aquela pergunta significava. Depois de um tempo sem encarar Draco, relaxou. — Até o final — respondeu baixo.

discipline • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora