O arrependimento veio como fogo líquido em minha consciência. Queimando. Consumindo. Adentrei meu quarto e atirei a luminária no chão. Eu estava simplesmente posseso. Eu nã podia corrompê-la. Eu prometi a mim mesmo. Eu assegurei Oliver de que não tinha segundas intenções com a sobrinha dele. O beijo começou como uma punição para as palavras da doce Mel Spencer. Mas logo veio o mais puro e cru desejo.Voltei para a sala de estar onde deixei a senhorita Spencer, mas ela não estava mais lá.
Eu não consegui dormir àquela noite. Com raiva de mim por ter ultrapassado os limites com a senhorita Spencer. Excitado demais por Mel.
No outro dia saí logo cedo para a empresa. Nem quis fazer o desjejum. Atolei-me em trabalho para não pensar no sabor daquela doce mulher. No cheiro. Na sua pele sob minhas mãos. Sob minha língua.
Quando deu a hora do evento da escola de Lucas, as palavras de Mel pesaram e eu fui prestigiar meu filho. Eu a vi logo. Ela estava logo na primeira fileira e quando Lucas apareceu no palco, ela aplaudia e verbalizava algo que eu não entendia, mas meu filho sim, pois su sorriso era amplo. Um sorriso tão contagiante que aqueceu minha alma. Um sorriso que há muito tempo não via resplandecer no rosto do meu filho.
Eu diria que Lucas tocou e cantou divinamente se não fosse uma letra um tanto macabra. Eu me senti orgulhoso do meu filho. Ele era um bom menino apesar de eu ser um merda de pai. E quando ele se deu conta de que eu estava ali, seus olhos brilharam mais e ele sorriu diretamente pra mim. Apesar de ser um cara dura, meus olhos marejaram.
Todas as apresentações terminaram e sem sombra de dúvida a banda do meu filho foi a melhor, vi a senhorita Spencer parada no salão esprando por Lucas. Aproximei-me dela.
- Olá, Mel. -ela assente , mas não me encara. - Creio que precisamos conversar.
Ela me encara, mas não vejo ressentimento em seu olhar.
- Não será necessario, sr.Davies. - sua voz é doce, mas consigo captar mágoa. - Eu já entendi tudo perfeitamente.
Senhor Davies, penso. Ela está certa em querer manter distância, eu fui um filho da puta com ela.
- Tenho certeza que...
Algumas pessoas vêm me cumprimentar, interrompendo-nos. Pessoas que eu nem conheço. Bajuladores. Enfim vãoe Lucas aparece.
- Pai? - sou interrompido por Lucas.
Ele está eufórico e me abraça sem que eu espere. Não me recordo a última vez que ele fez isso. Eu o abraço de volta. Mais uma vez me emociono naquele dia.
- Eu não sabia que você vinha. -ele diz ainda em êxtase. - Você e a Mel aqui, nem parece real.
Eu sorrio para o meu filho e olho para Mel, depois volto para meu filho.
- Mel me contou ontem e eu não pude deixar de vir.
Lucas a abraça.
- Obrigado, Mel. Por vir e por convencer meu pai.
Ela sorri, sem jeito.
- Você foi maravilhoso, Lucas. - ela fala com um lindo sorriso.
- Temos que comemorar. - falo. - Que tal um jantar na sua lanchonete preferida.