Teste

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Segunda feira, 17 de fevereiro de 2020.
Hoje a aula nem foi tão legal assim, tive aula de história, minha matéria menos preferida. Geralmente eu gosto mais de matemática. Minha madrasta fez frango pro almoço, meu preferido.
_ Bom dia mãe.
_ Oi Isabella, como foi a aula?
_ Normal.
_ Seu pai pediu pra você ir na oficina depois de almoçar, ele quer falar com você.
_ Eu fiz algo de errado?
_ Não, mas acho que ele quer perguntar sobre alguma ferramenta, na verdade não sei.
_ Ok.
Almocei pensativa, será que finalmente ele me deixaria usar a máquina do tempo? Toda vez que eu o perguntara, ele respondia "é perigoso". Claro que eu sabia que era perigoso, mas meu pai me conhecia o suficiente pra saber que era o que eu mais queria em toda minha vida. Engoli a comida e disparei em direção a oficina.
_ Boa tarde, pai.
_ Oi filhota. Como foi a aula?
_ Normal, a Li disse que você queria falar comigo.
_ É, eu não estava achando aquela minha chave de mandril, você sabe onde está?
_ Estava dentro daquela gaveta com ferramentas menores.
_ Eu procurei lá, mas não achei. Pode procurar pra mim?
_ Claro.
_ Preciso terminar de consertar essa peça agora, daqui 30 minutos nós vamos levar seu irmão no médico, e já farei essa entrega – ele disse enquanto eu procurava.
_ Aqui pai, disse que estava naquela gaveta... Te conhecendo bem como eu conheço, você nem deve ter procurado né? - meu pai era mestre daquilo.
_ Até parece.
_ Sabe pai... Bem que você podia me deixar ir...
_ Eu já te disse que é perigoso.
_ Pai, me deixa ir uma vez só, por favor! - eu suplicava a ele, talvez de tanto insistir ele me deixaria ir.
_ Isso é perigoso, Isabella.
_ Por favor.
_ Não. Não vou deixar você ir.
_ Qual é pai.
_ Não.
_ Tudo bem então - concordei carrancuda.
_ É pro seu bem.
_ Claro que é, e pelo meu bem, eu estou indo pro meu quarto estudar.
Deitei em minha cama e comecei a pensar na mesma coisa em que pensava todos os dias, mas dessa vez, decidida. E se eu for escondido? É só meu pai não estar em casa, minha madrasta nunca desce na oficina então eu posso simplesmente ir e voltar em dois segundos sem que ninguém saiba. Claro que eu não passaria só dois segundos lá, a máquina funciona de uma forma diferente, eu uso um tipo de relógio em que posso configurar da forma que eu quiser, quanto tempo ficar, para onde ir, pra eles vão ser só dois segundos, pra mim, horas, dias, o tempo que eu quiser. Eles nem vão sentir minha falta.
_ Isabella, estamos saindo! - Minha madrasta gritou de lá de fora.
_ Tá bom, vão com Deus – ok, agora eu tenho uma hora e meia até eles voltarem.
Assim que escutei o portão se fechar, desci correndo até a oficina e peguei um dos relógios, meu pai já havia me explicado o funcionamento deles, mas eu queria ter certeza, então ia examinar um pouco antes de fazer qualquer burrada. Não quero ficar presa na idade das pedras.
Tudo bem, vamos fazer um teste rápido, ajustando para minha casa hoje de manhã, duração: um minuto, horário da saída: daqui a 5 minutos, horário de volta: o mesmo do que o de saída. Vamos lá. Coloquei o relógio, liguei a máquina e entrei. Que frio na barriga. Mais 30 segundos. 25...15...10...5, 4,3,2,1.
_ Tô indo pra escola pai, beijo – espera, sou eu. CARAMBA DEU CERTO.
_ Tudo bem filha, cuidado.
Bip,bip,bip... 10 segundos para voltar, 5,4,3,2,1.
_ DEU CERTO! - gritei.
Guardei o relógio onde estava e voltei para o meu quarto e então liguei para Mia.
_ Que foi? - ela respondeu ao telefone.
_ Nossa, quanto mal humor – eu ri.
_ Desculpa – ela também riu - precisa de algo?
_ Sim, vem aqui em casa, agora, preciso te contar uma coisa.
_ Ok, saindo daqui em 5 minutos.                                                                             

Mia é minha melhor amiga desde que me entendo por gente, e sempre me apoia em tudo que eu faço, principalmente as besteiras, mas eu sempre sou bem responsável, por ser mais velha. Ela é praticamente minha irmã. Assim que chegou, contei sobre minha viagem e sobre meu plano.
_ Você tá doida????
_ Como que é??? - não entendi essa reação, achei que ela fosse me apoiar.
_ Isso é perigoso, e se der errado? E se você ficar presa lá pra sempre? E se você não voltar mais?
_ Mia, eu mesma vou controlar tudo. Não tem como dar errado, e eu já fiz a viagem teste.
_ Não sei, isso parece bem perigoso pra mim.
_ Qual é Mia, você sempre me apoia.
_ Sei lá...
_ Não pode acontecer nada de ruim, prometo.
_ Tá bom, tá bom. Mas se seu pai descobrir eu não sei de nada.
_ Ele não pode nem sonhar.
_ Então, pra onde quer ir?
_ Não sei, pensei em Paris, Napoleão, essas coisas.
_ Parece bem interessante.
_ Quer ir comigo?
_ Nem morta, além do mais, amanhã tenho manicure.
Conversamos durante um tempo, estudamos juntas, quando meu pai chegou nós descemos e fomos tomar café da tarde.
_ Oi Mia – minha madrasta a cumprimentou.
_ Oi Li - como eu disse, Mia é praticamente da família, então ninguém estranhava mais ela estar aqui sem avisar.
Sentamos à mesa e conversamos um pouco, minha madrasta contou como foi no médico com meu irmão e meu pai disse que arrumou outra peça pra consertar. Depois, quando Mia foi embora, fui tomar um banho e aproveitar o tempo que me restava até ter que ir dormir. Decidi lavar o cabelo, só pra ter uma coisa a mais pra fazer, geralmente à noite tudo é mais entediante. Sequei e fiz chapinha também. Eu gosto do meu cabelo assim, apesar de ele não ser nada natural. Ele é meio ruivo e tá bem curto, mal chega ao ombro.
Depois, passei o tempo que restava nas minhas redes sociais. Entrei no instagram do Liam pra ver se ele tinha postado algo recentemente, mas não tinha nada de novo. Ele é o meu cantor preferido, desde que eu tinha uns 8 anos de idade. Começou em uma boyband, a One Direction, mas eles entraram em hiatus a 5 anos atrás. Isso foi bem triste, porque eu gostava muito. Enfim resolvi ir dormir.

Como se fosse a última vezOnde histórias criam vida. Descubra agora