O encontro

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Acordei e me arrumei rápido, esperava ter minha chance de viajar hoje, portanto estava bem ansiosa.
_ Bom dia – disse sorridente pro meu pai ao passar na cozinha.
_ Bom dia filha, quer que eu te leve pra aula hoje?
_ Não precisa, eu vou andando.
_ Eu vou ter que sair agora, de qualquer forma.
_ Ok, vou falar pra Mia.
Mia sempre ia pra escola comigo, então meu pai também tinha que levar ela junto. Sempre fomos da mesma sala, sempre grudadas. Chegamos cedo na escola, então deu tempo de conversarmos um pouco.
_ Vai conseguir ir hoje?
_ Não sei, meu pai não vai sair, e ele fica o tempo inteiro na oficina.
_ Você devia ter ido ontem, porque não aproveitou a oportunidade?
_ Porque eu queria que você soubesse antes, se eu ficar presa no passado você vai poder contar pra eles.
_ Isabella!!!!
_ Isso é parte do motivo...
_ Você disse que não tinha nenhum perigo.
_ Sempre tem um pouco, mas as chances são baixas, prometo.
Enquanto a aula passava pensei, havia tantas possibilidades, tantos lugares. Eu podia ir pro mesmo lugar em várias épocas diferentes. Eu realmente não faço ideia para onde ir, eu poderia usar isso só pra conhecer novos lugares também, viajar no presente, ir para o futuro. No relógio não tem a necessidade de colocar o lugar e nem o quando, eu só preciso pensar e...
_ Bella, o sinal já tocou – disse Mia me apressando.
_ Ah! Nem tinha percebido.
_ Tava pensando na morte da bezerra é?
_ Não, só na minha viagem.
_ Relaxa, vai dar tudo certo.
_ Assim espero, quer ir almoçar na minha casa hoje?
_ Hoje não posso, tenho manicure lembra?
_ Ah é verdade.
_ Boa sorte.
_ Obrigada.
_ Depois me conta como foi.
Meu pai foi me buscar na escola, o que é bem estranho, ele nunca age assim.
_ Oi pai.
_ Oi, como foi a aula?
_ Foi normal. Porque veio me buscar?
_ Eu só estava indo pra casa agora, você prefere ir andando?
_ Não! - gritei e entrei dentro do carro.
Pensando bem, acho que eu devo fazer essa viagem hoje, meu pai não perceberia se não estivesse na oficina. Quando cheguei em casa fui direto almoçar, não podia perder um segundo se quer. Assim que meu pai não estivesse na oficina eu iria. Resolvi tomar um banho antes, pra relaxar, e também troquei minha roupa. Coloquei uma calça preta, um coturno e uma camiseta cinza com uma jaqueta de couro por cima, peguei meu celular e meu fone de ouvido e fui até a cozinha.
_ Vai sair? - minha madrasta questionou - tá arrumadinha – ela tinha que perceber hoje?
_ Eu e a Mia tínhamos combinado de tirar umas fotos, mas ela disse que tem manicure.
_ Ah.
_ Cadê o papai?
_ Tá na oficina, por que?
_ Atoa, ele tá meio estranho hoje.
_ Você conhece seu pai.
Tomei um pouco de coca e resolvi ir até a oficina.
_ E aí pai?
_ Ah, que bom que você veio até aqui. Perdi aquela minha chave de fenda amarela.
_ Vou procurar pra você. Sabe pai, você devia deixar isso tudo mais arrumado.
_ Você está engraçadinha para o meu gosto.
_ Achei, estava embaixo da mochila de fios.
_ Eu nunca ia achar ela lá.
_ Claro... Você nem procura – ri.
_ Disse que você está engraçadinha - ele riu junto - você vai sair?
_ Eu ia, mas a Mia desmarcou. Tá precisando de ajuda?
_ Não... Vou precisar sair agora – PERFEITO!
_ Ah... ok.
Voltei para o meu quarto e mandei uma mensagem para Mia: "ele vai sair". Alguns segundos depois ela respondeu: "que ótimo amiga, vai se aventurar. Tome cuidado. Se divirta, mas não tanto hein." Respondi e fiquei esperando o som do portão. Assim que escutei ele se fechar, fui até a oficina. Minha madrasta estava no quarto, seria difícil escutar algo. Coloquei o relógio, mas não ajustei nada, apenas a hora de volta. Eu não fazia ideia pra onde ir, então pretendia apenas deixar minha mente me guiar. Coloquei meus fones de ouvido e uma música, liguei a máquina. Meu corpo estava elétrico, vários sentimentos misturados, por fim, o frio na barriga. Entrei na máquina e apertei o botão.
Assim que cheguei, olhei para o relógio. Londres, quarta-feira, 13 de maio de 2009. Que estranho. Porque 2009? Eu nem estava pensando nisso quando apertei o botão, muito menos em Londres. Mas fazer o que, não vou desperdiçar essa viagem, mas antes vou comprar algo pra comer. Por sorte, tinha uma padaria do outro lado da rua.  Entrei e sentei no balcão, um garoto que parecia ter a minha idade veio me atender, usava o cabelo de um jeito incomum, meio ondulado, cacheado talvez, não sei dizer. Quando os seus olhos castanhos encontraram os meus, ele disse:
_ Em que posso ajudar? - Merda. Merda. Merda. Merda. Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar, disso tenho certeza, reagiria a ela até se tivesse morta, posso apostar.
_ Liam?
_ Como você sabe meu nome?
_ Es-está escrito no seu crachá, não é? - gaguejei. Merda.
_ Claro. O que vai querer?- Então eu entendi, quando eu estava na máquina, escutava uma música da banda dele, "They don't know about us", eu costumava brincar que ela foi feita especialmente pra mim, é a minha preferida. - Moça?
_ Um café e um pão com presunto, por favor - irônico.
_ Claro, mais alguma coisa?
_ Não. Obrigada.
_ Vou preparar seu pedido.
Enquanto ele o fazia, prestei muita atenção. Seu cabelo, seus braços, as roupas que usava. Esse é o meu Liam. É exatamente assim que eu gostaria de conhece-lo. Antes, antes de tudo. Antes do X factor, antes da 1D, antes da fama. Acho que por isso vim parar aqui. Liam sempre me fascinou. Seu sorriso. Sua simplicidade. Seu carisma.
_ Aqui está. - Ele colocou o café em cima do balcão - está bem quente, acabei de fazer.
_ Você que fez?
_ Não precisa de tanta surpresa, acho que todos sabem fazer café.
_ É, acho que sim – tirei o dinheiro do bolso e coloquei em cima do balcão - pode cobrar por favor?
_ Claro. Você é nova por aqui? Nunca te vi.
_ Sim, é a primeira vez que venho aqui – e última.
_ Qual seu nome?
_ Isabella.
_ Espero que tenha gostado daqui.
_ Obrigada.
_ Volte sempre – e então ele abriu aquele sorriso, os olhos quase sumindo e eu não pude deixar de sorrir de volta. Ele sempre foi tão carinhoso. Tão amoroso. Queria poder ficar.
_ Tchau, obrigada.
Dei as costas para o amor da minha vida e saí da padaria.

Como se fosse a última vezOnde histórias criam vida. Descubra agora