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//HPDM//

Draco passou a mão pelos cabelos platinados, mas sua franja voltou a pender sobre os olhos cansados.

Suspirou e apoiou a cabeça nas mãos. Estava cansado.

Não havia nada de glamouroso em ser medibruxo. O pagamento era bom mas o trabalho era muito e o cansaço fazia parte de seus dias assim como a certeza de que o sol nasceria amanhã.
Os plantões acabavam com ele, quando fazia alguma cirurgia se sentia pressionado como nunca e quando tinha que dar a notícia de alguma morte – ah, essa era a pior parte.

Apesar de tudo ele gostava. Se sentia bem quando alguma das crianças sorria pra ele, ou desenhava-o.
Algumas pessoas estranharam à escolha de sua especialidade, pediatria, mas ele não poderia escolher outra coisa.

Já tinha lidado com maldade e trevas demais durante toda sua vida para ter que lidar com ela no trabalho também, mas crianças eram puras.
Eram pequenos anjos, inocentes e gentis.
Algumas eram travessas e tagarelas, mas mesmo assim não deixavam de ser adoráveis.

Draco quebrava sempre a regra número 1 de seu trabalho, que era a de não se envolver emocionalmente com os pacientes.
Quando alguma criança o olhava estando doentinha, choramingava de dor ou ficava fraca, um pedaço dele adoecia também.

É por isso que ele dava sua própria alma pra salvar seus pacientes.
Aquelas crianças mereciam ver o mundo, crescer, se desenvolver.

Ele lutava para dar à elas oportunidades, e esperança.
Com certeza elas teriam uma vida muito melhor do que a que ele teve... e somente isso já fazia tudo valer a pena.

Levantou-se da mesa em seu consultório decidido a tomar um grande copo de café.
Britânico como era, sempre foi apaixonado por chá, mas a medicina o havia transformado num maníaco por cafeína, e ele se dirigia à cafeteria do hospital St. Mungus quando viu uma maca ser empurrada correndo por alguns curandeiros.

'Parada cardiorrespiratória' ele ouviu alguém dizer.

'Ele parece intoxicado'
'Foi encontrado inconsciente e febril'

Outras vozes falavam por cima, e ele estava acostumado com essas cenas. Era um adulto portanto não era seu departamento, e ele não precisava se preocupar com isso.
Até que viu ela.

Hermione correndo pelo hospital atrás da maca, parecendo extremamente perturbada, com seus cabelos volumosos e barriga proeminente.

'Desfibrilador agora!'

Seus olhos encontraram os olhos castanhos de Hermione do outro lado do cômodo e nenhuma palavra foi trocada, mas não foi preciso.
Os olhos castanhos dela expressavam um desespero que só estaria ali, por uma pessoa.

E com um olhar, ela conseguiu dizer ao Draco quem era.

'Potência média, 3,2,1 agora!'

Draco não precisou pensar duas vezes antes de se virar e sair correndo de onde vinham os gritos e onde a maca ainda era empurrada em alta velocidade por várias mãos.

Não demorou a alcançar, e o que viu, o tirou o fôlego.

Era ele.

Harry Potter, morrendo.

Seu corpo convulsionava, e ele estava coberto de suor, enquanto os bruxos ao seu redor arrancavam sua camisa expondo o peito muito mais magro do que Draco se lembrava.

A face pálida, os cabelos opacos, as roupas puídas.

Harry parecia um morto-vivo.

'Ele não está reagindo!'

HABITS • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora