oito

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Boa leitura!

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Louis não viu Harry no dia seguinte.

Ele viu os empregados, os quais trouxeram para ele uma enorme bandeja de café-da-manhã; viu Liam Payne, que invadiu seu cômodo às nove da manhã com sua tão preciosa passagem de volta para casa, e quando perguntou sobre Harry, lhe respondeu apenas um "Está dormindo. Ele dorme pouco, então é bom deixá-lo ter seu momento". Viu, inclusive, Camille Rowe, a perfeita modelo e namorada francesa de Harry Styles, que o encarou com um sorriso confuso enquanto ele saía da mansão e, ela, entrava. Viu todos, menos Harry.

A rede ferroviária, bem como os demais meios de transporte, voltaram à ativa às seis da manhã, quando a tempestade finalmente deu uma trégua para a pobre cidade londrina. A tempestade, no entanto, parecia não dar trégua para a pobre mente de Louis, que trovoava pensamentos sobre a noite anterior. Lá estava ele, assentado em sua poltrona do trem, esperando-o dar partida para voltar para sua casa, com sua mente ainda totalmente acomodada na residência que foi sua por um dia. A residência em que beijou Harry Styles.

Ele não sabia se era bom ou ruim não ter visto Harry, porque não sabia com que expressão o olharia depois do que aconteceu. Louis havia beijado seu ídolo, e este o havia correspondido. No entanto, havia fugido de Louis como se ele fosse o pior dos predadores e ele o mais indefeso dos animais. Além de tudo, com aquele beijo, ele ainda havia traído sua namorada. Não tinha ideia de como Harry reagiria se o visse novamente, e vice-versa.

Havia sido claro para ele que Harry o correspondeu apenas por impulso, provavelmente carência ou algo do tipo. Harry Styles era hétero, Louis tinha certeza disso; então aquele beijo, possivelmente, não significou nada além de Styles perceber que, definitivamente, não gostava de homens.

Louis pensou que este era o fim da tão sonhada amizade que eles poderiam ter. Estavam se dando tão bem, rindo, brincando e confessando coisas. Ele amou a companhia de Harry e Harry parecia ter gostado da dele também, e aquilo poderia ir para frente futuramente. Agora, ele tinha certeza de que Harry nunca mais entraria em contato com ele, e a última imagem real do ídolo fora a dele em uma posição constrangedora no Twister. 

Olhou novamente seu celular, checando se havia uma mísera mensagem de seu ídolo: uma frase, um emoji, uma palavra. Nada. Louis deixou que algumas lágrimas escorressem por seu rosto ao se dar conta de que talvez nunca mais falaria com Harry Styles ou o veria pessoalmente. Mesmo se nunca mais pudesse ter a sensação de seus lábios, daria tudo para poder passar mais um dia com o ídolo ou trocar algumas mensagens com ele. Louis havia se encantado pela pessoa que Harry é fora dos holofotes, e amaria conhecer mais sobre ele. Maldito seja o beijo.

Louis suspirou alto e tirou de sua mochila seu clássico caderno preto em espiral. Ele lembrou carinhosamente de Harry, e, em especial, a forma com que seus dedos fincaram em seus rijos braços durante os dois momentos íntimos que tiveram. O toque da pele quente e macia, a profundidade que seus dedos alcançaram e as tatuagens que o pintavam como se ele fosse um precioso quadro.

Ele tinha um rascunho antigo do braço de Harry, com todas as suas tatuagens desenhadas de forma cuidadosa. Folheou o caderno por alguns segundos até achar seu antigo trabalho, e suspirou ao encontrá-lo, voltando para si todas as sensações de quando tocou-o pela primeira vez. Louis puxou a caneta e começou a aperfeiçoar o desenho, com o intuito de passar o tempo e relembrar um pouco mais de como era ter aquele homem para si por, pelo menos, alguns segundos.

Tomlinson chegou à Doncaster ao meio-dia. Assim que pôs os pés para fora do trem, pôde sentir o aroma antigo de sua cidade natal. Parecia que havia deixado-a há uma década, e o sentimento de estar de volta em casa lhe agradou um pouco.

a arte de amar harry styles // larryOnde histórias criam vida. Descubra agora