quatro

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O que aconteceu foi o seguinte: o carro que estaria esperando Louis em frente a estação London King's Cross estava uma hora e meia atrasado. Ninguém havia lhe mandado um e-mail, mensagem ou qualquer caralho de sinal de vida.


Por falar em vida, a sua, naquele instante, não poderia estar pior, porque tudo o que ele não esperava era estar caindo um temporal assustadoramente barulhento em Londres; e de quebra, ter percebido que era um péssimo momento para ele tentar colocar suas lentes, porque a chuva já não ajudava a sua visão. Com as lentes, tudo parecia um borrão dolorido.

Porque, é, quando Louis foi guardar sua escova de dentes na mochila, se deparou com sua caixinha das lentes de contato. Novamente, Zayn atacou. Ele então pensou por um instante (metade da viagem, para falar a verdade) no que seu amigo disse, e, porque não? Correu até o banheiro do vagão, higienizou suas mãos o máximo possível e as colocou. Agora, no entanto, Tomlinson sabia porquê não.

Seus vans estavam encharcados, bem como metade de suas calças vermelha. Ele havia comprado um guarda-chuva vagabundo e absurdamente caro na loja de conveniências da estação, o qual começava já a se desfazer devido à ventania que o maltratava.

Tomlinson pensou seriamente em dar meia volta e retornar para casa. Ou em fazer algum sinal para que um raio caísse nele.

Prestes a pegar seu celular, decidido a mandar um e-mail para Liam Payne, avistou um carro ridiculamente grande, alto e preto parar à sua frente. Louis hesitou. A porta se abriu e revelou ali um Liam Payne, em carne e osso, com um sorriso culpado no rosto.

Liam era lindo pessoalmente. Ele tinha os cabelos num topete perfeitamente alinhado, sua barba recém-feita estava impecável, sem nenhum pelo fora do lugar, e seu sorriso era caloroso e acolhedor demais para Louis. A raiva dele se esvaiu quase momentaneamente.

— Louis Tomlinson! Eu te peço mil vezes mil desculpas! — Liam Payne começou a falar, antes de dar espaço para que ele entrasse. — A chuva destruiu o trânsito londrino... vem, entre!

Louis escalou o monstro chamado de carro, pensando em como estava absurdamente encharcado e gelado para aquele carro quentinho e seco, e em como diabos Liam Payne sabia como ele era para identificá-lo tão rápido. Será que o haviam stalkeado no Instagram? Harry Styles também sabia como ele era?

Respondendo Louis: sim. Harry Styles sabia exatamente como ele era, porque não parou de olhar sua foto desde a primeira vez que a viu. Naquele momento em especial, após receber uma mensagem de Liam avisando que já estavam com o rapaz, ele abriu o Instagram e a checou de novo.

Algo o intrigava. O rapaz era normal, até um pouco sem graça, para ser sincero, mas Styles não conseguia tirar os olhos dele. Ele sentia esta coisa, mas não sabia defini-la, porque era tão excêntrico e inexplicável quanto inédito para si. Harry tinha curiosidade de olhá-lo, captar seus detalhes, pensar sobre a textura de seu cabelo, de seu rosto, e até mesmo vestir seus óculos para ver se realmente tinha um grau alto. Ao mesmo tempo, tinha vontade de nunca vê-lo, de nunca conhecer este singular rapaz que fazia desenhos tão apaixonados de si, como se Harry fosse um deus ou algo assim.

Porque outra coisa que o intrigava eram os desenhos. Eles pareciam profundos demais para o gosto de Harry, lotados de um sentimentalismo e adoração bizarros que o remetiam ao assédio que sofrera. Entretanto, quando saía dos desenhos e olhava para o rapaz novamente, via apenas um menino, calmo, sorridente e sem graça, que não faria nenhum mal a ele. Um menino que veio de um lugar pequeno, como ele, e só queria ter reconhecimento.

A mente de Harry estava uma confusão, para simplificar.

Ele estava o esperando no saguão do enorme prédio de sua gravadora e chovia exageradamente do lado de fora. Então eles chegaram, e, num perfeito contraste com o tempo da parte externa ao edifício, o cérebro de Harry pegou fogo ao se deparar com um rapaz totalmente diferente pessoalmente.

a arte de amar harry styles // larryOnde histórias criam vida. Descubra agora