0.2 • Principe do inferno.

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#AzulHeron🥀

"A guerra entre céu e o inferno transcenderá o amor entre o azul da paz e o vermelho do caos."

Vancouver, Canadá
June, 1998

As gotas que caíam sob o céu escuro escorriam pela tez pálida e gélida, resultando em pequenos tremores em seu corpo pequeno e frágil. O vento que chocava-se às poucas vestimentas fazia-o encolher-se por inteiro, onde apenas um trapo, encontrado por pura sorte entre as latas de lixo do local, protegia-o.

Eram torturantes as cenas que repetiam-se na cabeça do garotinho, as frases de uma noite triste e repugnante rodavam como um disco arranhado. Era angustiante estar sozinho. No entanto, sabendo que no mundo podia haver pessoas de má-fé, sussurrava pequenas rezas que saíam por seus lábios maltratados pelo frio. Naquele momento, rezou para que não houvesse más pessoas perto daquele beco escuro e tão molhado.

Com medo de fazer barulho enquanto chorava, resolveu fazê-lo em silêncio, engolindo, a cada segundo, o nó que se formava em sua garganta. O barulho pode atraí-los.

— Não fazer barulho... shi... eles não me pegarão se eu ficar quietinho — sussurrou como um sopro.

Afinal, de quem o pequeno garoto se escondia? Ele também não sabia. Apenas correu quando viu um caos acontecer diante seus olhos pequenos e medrosos.

Abraçando seus joelhos enquanto seu corpo oscilava a cada segundo, a tortura em sua cabeça cessou-se quando vozes foram ouvidas a alguns metros do beco onde ele se escondia. Pequeno o bastante para conseguir enfiar-se em qualquer buraco, ele se encolheu um pouco mais.

— Namu, não corra, menino! — A voz de uma mulher ecoou por cada canto do lugar iluminado por um poste de luz amarelado e com falhas. — Você ficará resfriado, está chovendo!

— Madre, eu juro que ouvi alguém chorando... — disse um garotinho bem agasalhado enquanto corria para dentro do beco sem se importar com a escuridão.

— Namu, não há ninguém aqui. Volte para baixo do guarda-chuva, sabe como é ruim ficar doente. — A moça era paciente, mas o medo de o garoto adoecer a preocupava.

A barra de seu hábito já estava encharcado pelos poços de água que passava, suspirou com a desobediência do menino e parou de andar apressadamente para pegá-lo. Contudo, franziu levemente as sobrancelhas quando, com dificuldade pela falta de iluminação, viu Namu ajoelhar-se atrás de uma lata de lixo e esticar sua pequena mãozinha.

— Oi, você está bem? — perguntou com a voz doce. — Qual é o seu nome? O meu é Namjoon.

Não houve resposta. O garotinho ainda temia a todos.

Namjoon tentava decifrar o olhar do pequeno garoto. Perguntava-se o porquê estavam tão inchados e sua pele machucada. Ao menos encontrava-se com agasalhos, sua regata cobria apenas seu torso enquanto todo o resto brigava por um pedaço do trapo. Tentou tocar a mão do menino, mas assustou-se quando este, por sua vez, deu um leve pulo para trás.

— Namu, com quem está falando? — A Madre aproximou-se rapidamente, temendo ser alguma pessoa ruim induzindo o garoto.

Todavia, arregalou os olhos no momento em que observou outro pequeno escondendo a cabeça nos próprios joelhos. Seu coração doía ao vê-lo tão exposto e completamente molhado pela chuva.

Sem se importar com o hábito, ajoelhou-se também ao mesmo tempo em que tentava passar confiança para o outro.

— Olá, onde estão seus pais? — Soou calma, mas preocupada.

Azul Saron • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora