0.3 • Amen.

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#AzulHeron🥀

"Tire sua máscara, mostre-me seu demônio que, assim, cairei em sua tentação."

New Iberia, Louisiana
April, 1630

Por muitos anos as bruxas permaneceram escondidas. A presença delas eram como ofensas para todos os seguidores de Deus. Os fiéis. Aos olhos deles, elas eram como criaturas pecadoras e demoníacas, pois ninguém, além de Deus, poderia tirar alguém da morte. Contudo, nunca podia-se negar que eram criaturas poderosas, tanto para curar sua pior doença, quanto para criar uma enorme alucinação em sua cabeça. E por este motivo, foram castigadas pelo dom nomeado como praga. Um dom poderoso e utilizado com cautela, que mantinha os três mundos em extremo equilíbrio.

Mundo dos profanos, mundo dos celestiais e o mundo de tudo aquilo que se nomeia como demônio ou podridão.

Sem o equilíbrio, o apocalipse se iniciaria. Os quatro cavaleiros sairiam do purgatório e o mundo dos profanos seria consumido pelo caos e podridão.

Durante séculos Mantus não quis saber de sua alma gêmea, mas quis saber quando teria o trono de seu pai, podendo liderar cada canto do inferno e crescer um exército de demônios. A sede por poder dominava-o.

Com isso, procurou pela melhor bruxa que restou para que lhe mostrasse o sucesso. Mostrasse sua melhor conquista.

— Sua mãe sempre teve planos para você, Kenneth — disse uma doce mulher de cabelos castanhos e cacheados.

— Eu não vim aqui para ter uma conversa sobre meus familiares. Quero que mostre-me quando irei conseguir o trono de Lúcifer — respondeu com pouca paciência.

O lugar com pouca iluminação dificultava que a bruxa pudesse vê-lo nitidamente, mas não era como se ela não o conhecesse. Andou pelo pequeno cômodo e sentou-se no estofado enquanto olhava as cartas de tarot, uma por uma.

— Quando Lúcifer voltar para o purgatório. — Sorriu ao dar a resposta que Mantus já sabia.

Quando seus dedos pararam de brincar com as cartas, todas as imagens do tarot desapareceram, menos a de uma que mostrava duas pessoas de mesma face e corpo encarando-se, no meio delas havia um coração humano, sendo ligado pelo peito de cada um, no entanto, o órgão pegava fogo.

— Seu futuro é interessante.

— Mostre-me, Gadriel.

Ela levantou-se com um sorriso no rosto ao que dedilhava a carta. Em passos leves, ficou frente a frente com Mantus.

— Pegue esta carta e saia de minha casa. O mundo te dirá seu futuro, pequeno bruxo — disse de uma vez. — No mais, sua alma pertence a uma pessoa e não ao trono de seu pai.

Mantus ficou furioso por não ter sua resposta de forma clara, suas asas de penas pretas levantaram-se; brutas, seus olhos passaram-se do vermelho para o preto oco. Estava decidido de que arrancaria a cabeça da bruxa naquele mesmo instante por não atender ao seu pedido.

Todavia, em um estalar de dedos — som este vindo de Gadriel —, o cenário de Mantus mudou. Ele já não estava mais na casa da bruxa, e sim em uma rua qualquer da pequena cidade de Louisiana.

Olhando para todos os lados, ainda desconcertado, Mantus escondeu as asas e correu por cada estrada à procura da bruxa traiçoeira.

Passaram-se dois anos, e Mantus não saiu da cidade. Era como se sua alma quisesse permanecer no local em que a bruxa havia jogado-o.

— Já ouviu falar dos sete líderes do inferno, belo rapaz?

— O senhor tem uma conversa um tanto insólita para uma primeira impressão, não acha?

Azul Saron • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora