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Meu humor está péssimo!

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Meu humor está péssimo!

Não consegui dormir muito bem durante a noite, e ainda tinha o fato de eu não querer viajar hoje. Queria mesmo era continuar em casa e continuar a treinar no meu ukulele durante o restante daquelas miniférias.

Minha vontade de embarcar naquela viagem estava próximo de zero, porém como ainda não tenho a minha autonomia, tenho que engolir meus sentimentos e apenas ir.

É até meio triste já que meu pai está tão animado com essa viagem de carro.

Tentei me "contaminar" com a alegria dele, porém não tem jeito. Levanto da cama, vou pro banheiro, tomar um banho e me preparar para passar várias horas dentro do carro sem ter muita coisa para fazer além de olhar a paisagem e escutar música.

Não conseguia ler por causa do movimento do carro. Pintar ou desenhar também completamente fora de cogitação. 

Vamos dar carona a dois primos meus. Menos mau, assim pelo menos podemos conversar um pouco e quem sabe assim a viagem pudesse passar mais rápido.

Ajudo meu pai a colocar tudo no carro e fingindo um sorriso feliz, entro no banco do passageiro e vou conversando com ele até que passamos na casa da minha tia e depois das pessoas acomodarem também seus malas, vou para o banco detrás, dividindo o banco com meus dois primos. Eles, ao contrário de mim, estão empolgados para conhecer o sítio.

— Olha só o que ganhei de presente da minha mãe! — meu primo estende para mim o que parecia ser um livro.

Não me empolgou muito, mas peguei o livro de sua mão.

Só que aquilo não é um livro comum, aquilo é uma revista em quadrinhos, e assim que pousei meus olhos na capa onde uma mulher loira parecia gritar, fiquei imediatamente curiosa e abri a primeira página.

Eu já tinha lido algumas coisas sobre heróis, e gosto bastante das narrativas onde o bem luta contra o mal, e as linhas que os separam muitas vezes são meio turvas. Super-heróis são incríveis.

Só que ao ler aquele quadrinho foi quase uma descoberta. Ali, o bem não é alcançado apenas com atitudes positivas, assim como as consequências das ações que são para um bem maior nem sempre são vantagens para todos.

Engraçado que muitas vezes, até certa idade pensamos que as coisas ou são pretas ou brancas, e quando descobrimos a quantidade de cinza que há no meio de tudo, parece que nossa cabeça irá explodir.

Algo tão simples como a leitura de uma história de quadrinho pode trazer uma reflexão tão grande dentro das páginas com seus traços fortes e bonitos...

Não somos compostos completamente de bem ou de mal. Não conseguimos ser positivos ou negativos sempre. Mesmo quando temos a melhor das intenções, ainda sim conseguimos cultivar e semear a tristeza. E até nos momentos mais alegres vão aparecer problemas.

Somos compostos de erros e acertos, sorrisos e lágrimas. De raiva, alegria, solidariedade, egoísmo, responsabilidade e muitas outras coisas, boas e ruins, e todos esses sentimentos e características são tão fortes e brilhantes quanto nos permitimos pintar e mostrar essas cores para as outras pessoas.

Temos nossas cores vivas, verdadeiras, temos as máscaras que algumas vezes pintamos, temos até aquelas que não ousamos mostrar a ninguém. Essa mistura de intensidades e vibrações é o que nos torna únicos, humanos e especiais.

Continuo a leitura, me deliciando com o traço bonito, a história envolvente. Até a textura das páginas foi uma surpresa agradável.

— O que achou? — meu primo pergunta com um sorriso ao me ver fechar a revista.

— Incrível.

— Sorte a sua que eu tenho mais aqui! — ele diz retirando de dentro de um largo saco de papel outros volumes das histórias e eu sorri.

Ainda bem que a viagem é longa.

Uma Garota de Mil CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora