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— Pai, eu quero fazer aula de canto! — digo empolgada alisando a barra da minha camisa que está cheia de respingos de tinta

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— Pai, eu quero fazer aula de canto! — digo empolgada alisando a barra da minha camisa que está cheia de respingos de tinta.

— E posso saber em qual momento da sua agenda que parece ser extensa demais para uma pessoa que só tem quatorze anos você vai conseguir encaixar essa aula de canto senhorita? — ele pergunta erguendo uma sobrancelha.

— Arrumando tempo ué! Eu realmente preciso dormir às dez da noite todos os dias? Preciso de todas essas horas de sono?

— Você ainda vai me agradecer por essas horas de sono querida! E claro que você precisa de cada uma delas! Não abro mão do seu descanso. Se quiser fazer aula de canto, tudo bem, porém você vai ter que talvez aliviar com as suas outras aulas...

— Será que a senhora Madalena se incomoda de me ensinar sapateado aos sábados em vez das terças e quintas? — ela morava a poucos quarteirões da nossa casa e se propôs a me ensinar a sapatear. Tínhamos duas aulas por semana e tanto ela como eu amamos a rotina que aquilo impõe.

— Isso você terá que perguntar a ela...

— E podemos ir agora pai? — pergunto cheia de expectativa. Ele olha pra mim e solta um suspiro, então apenas me puxa para um abraço.

— Você não precisa de ar minha filha... Você precisa de arte para sobreviver. Quem precisa de fôlego para acompanhar você sou eu — ele ri, e quando penso que ele vai negar, pega a chave de casa e me oferece a mão.

 Quem precisa de fôlego para acompanhar você sou eu — ele ri, e quando penso que ele vai negar, pega a chave de casa e me oferece a mão

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Estou muito empolgada para a minha primeira aula de canto.

Meu pai me deixou no pequeno estúdio e depois de enchê-lo de beijos e agradecer mais uma vez, entro na recepção.

Havia uma menina sentada lá, com fones de ouvido e batucando o que parecia ser a batida da música na calça jeans escura. Quis reparar em qualquer outra coisa, mas como não notar as pontas de seu cabelo de um laranja vibrante, vivo, como um belo dia de pôr-do-sol. Seus olhos estão fechados, e ela nem parece perceber que eu cheguei. 

A recepcionista me dá um sorriso e diz que daqui a uns minutos vinham me chamar, que eu poderia ficar à vontade.

Não sei o que me motivou a fazer isso, mas acabei sentando no sofá ao lado da menina. Ela ao sentir o estofamento mexer, finalmente olha pro lado e parece um pouco assustada por eu ter aparecido ao lado dela.

— Ah. Oi — ela diz puxando os fones dos ouvidos e afastando um pouco pro lado.

— Oi — sorri também me afastei um pouco. — Desculpa ir sentando logo aqui, quando tinha muitos outros lugares pra ir, porém, quando eu te vi aqui, batucando essa música, parecendo tão animada, fiquei curiosa para saber o que você estava escutando. Desculpa mesmo, foi mais forte que eu.

— Tudo bem... — ela diz relaxando os ombros e então pega um dos fones e então estende na minha direção. — Quer escutar e tirar suas próprias conclusões?

Apenas aceito o fone e o aproximo da orelha.

Uma batida forte, e ao mesmo tempo suave toca. E quando o vocalista começa a cantar, sou imediatamente sugada para a música. Entendo inglês bem o suficiente para entender que a música retrata os sentimentos de alguém que está sofrendo com uma separação.

E mesmo nunca tendo o coração partido, eu gosto da música.

— Gostou? — ela pergunta com o olhar cheio de expectativa.

— Sim!

— Se quiser, tenho várias outras músicas dessa banda. Se chama Script. A banda, quero dizer. Eu me chamo Camila.

— Adoraria escutar outras músicas da banda Camila.

Depois de me apresentar sorrio. Não tínhamos como saber naquele momento, mas a partir dali nos tornamos inseparáveis.



PS. Se alguém ficou curioso(a) para saber qual é a música que as duas escutaram agora, ela se chama Breakeven, da banda Script. Aqui vai o videoclipe da música para quem nunca escutou conhecer a banda e pra quem conhece e gosta, cantar um pouquinho comigo.

Uma Garota de Mil CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora