Capítulo XXVI

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Alex Macquilive

Lutar. Lutar, guerrear, matar.

  Coisas que ja estão em meu DNA e que eu moldei por anos a modo de me ajudar caso eu precisasse. Sou um supremo, um titã, o mais forte entre os meus, tenho um poder que eu poderia usar para acabar com o mundo, seja la qual fosse. 

Minha terra ja sentiu outras presenças titãnicas antes, tendo resistido toda vez, sendo submissa a apenas a minha e a dominância de meus bethas, qualquer outra era repelida, era estranha.
  Mas quando a terra tremeu e acolheu o impacto das patas, quando as árvores tremeram sob o rosnado de raiva da besta que havia acabado de se trasformar, nada havia sido mais natural que aquilo. Mais bonito.

Eu não precisava sentir seu cheiro para saber quem era, não precisava olhar sua expressão para saber que era de raiva e de deleite com as mortes que deixava para trás. Não precisava certificar que era Anarda, eu sabia que era ela, eu sentia.

Porque Anarda era uma suprema, tão poderosa quanto qualquer outro, não uma loba suprema, não... era uma guardiã suprema, e quando um supremo está com raiva, a terra treme sobre seus pés. Do jeitinho que acontece com ela agora.

Ela é perfeita.

Cercado por meus bethas, mato cada demônio que se põe a minha frente, somos supremos, fortes e rápidos na hora de matar, mas quando a loba grande de pelo cor preto e cinza claro se junta a nós, eu sei que a luta ja está ganha. Nossos metodos de luta são diferentes, meus soldados e eu  lutamos em conjunto, uma parede solida que leva a morte, ja Anarda, ela não, ela é a própria morte. Se joga sobre os demônios, mesmo sem proteção, estilhaça seus corpos e lambe o sangue ácido deles dos lábios como se não queimasse, ela luta sozinha, mesmo que próxima de nós, ela não aparenta precisar de ajuda, mas sempre fica próxima, sempre a vista.

Ela some as vezes, como se conseguisse se esconder, se camuflar, para aparecer novamente momentos depois, saindo do meio de uma sombra, ou destroços, pegando vários inimigos de surpresa.

Sombra da Morte...

Uma hora depois ja havíamos ganhado.

Os nossos mortos estavam sendo carregados e levados para que recebam o devido enterro, ja os demônios estavam sendo acumulados em um canto, logo estariam queimando.

Observo minha guardiã andar até um canto afastado, se agachar e pegar um corpo com a boca, uma fêmea que reconheço, a curandeira. Com cuidado arruma sua mordida e sai andando para o palácio, me pergunto onde será que está a pequena Frenza...

—Ela está machucada...– Ouço e me viro na direção de Ceifador, suas assas estavam encolhidas e banhadas em sangue negro e vermelho, o que fazia sua aparência ficar mais macabra.

—Eu sei...– Respondo e passo a língua sobre o fucinho, estremecendo levemente quando ela entra em contato com o ácido negro. Eu havia escutado o rosnado de raiva da loba quando um dos demônios a atingiu na barriga com suas garras durante a luta, ele não durou mais do que três segundos depois disso. —Ela não vai parar agora se eu pedir...

—Talvez não... mas não custa tenta, preciso ver se os cortes precisam de atenção redobrada ou não.– Bate a mão em minha perna dianteira e se afasta para ajudar os soldados com os corpos.

Não demora para que ela volte, dessa vez anda em minha direção, lentamente com um suave manco, controlada.  Me preparo para dizer sobre a pausa, para que dessemos uma olhada no machucado que ainda sangrava, mas um sibilo nos faz ficar em alerta. Todos os demônios estavam mortos, menos um, que se arrastava com a ajuda se suas garras para perto de nos dois, metade do seu corpo arrancado fora, logo morreria.

 𝙰 𝚐𝚞𝚊𝚛𝚍𝚒ã - 𝘓𝘪𝘨𝘢𝘤𝘢𝘰.Onde histórias criam vida. Descubra agora