Capítulo 4 - O nome da destruição

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Sentada na calçada, a pedreira procurava em seu celular alguém que pudesse a ajudar, e se lembrou daquela influenciadora digital, a "Linda Lúgubre". Mandou algumas mensagens para ela, sem obter resposta. E quando já pensava que seria totalmente ignorada pela influenciadora, o seu celular tocou, e ela atendeu: — Alô? Quem fala? — Reconhece a minha voz? — LINDA!!! — Obrigada, é linda mesmo, né? Hahaha! — Eu não estou muito afim de brincadeiras, agora. Perdi um amigo, e vi os órgãos vitais de um missionário serem arrancados na minha frente. — Ah, verdade, desculpe. Que mancada a minha! — Tudo bem. Pode me ajudar? — Claro! Onde você está, agora? — Estou na frente da escola Professor Carlos de Castro. — Me espere aí, chego em alguns minutos, não é muito longe de onde eu estou agora. Ah, e o meu nome verdadeiro é Lucília.

Após trinta e cinco minutos de espera, uma caravan preta, cheia de crucifixos, estacionou na frente da escola, perto da pedreira. Lucília desceu da caravan, e abraçou a Eduarda, enquanto um rapaz saía do carro, com os dedos na testa, e falando sozinho. Ele vestia umas roupas muito engraçadas, parecia um doido. — Quem é ele? — É um amigo meu, que veio para nos ajudar. Haziel! Vem logo! — Ele se aproximou da Eduarda, cumprimentando ela com um aperto de mão. — É um prazer te conhecer, senhora Libra. — Senhora?! Eu não sou velha, pra ser chamada de senhora. — Ele é assim mesmo, Eduarda. Meio esquisitão, mas é muito legal. Haziel é um médium, e diferente do Enzo, ele sabe o que é, mas não consegue ver os espíritos, apenas sente as energias. — Senhora Libra, sua energia é muito fraca, sua aura é quase vermelha, e tem uma sombra na frente dos seus olhos. — E, isso é ruim? — É. Um pouco ruim. — Respondeu, o médium, projetando o lábio inferior, e movendo a cabeça. — Que que foi?! Não tá vendo que eu estou ocupado? Pare de me cutucar! Sai pra lá! — Dizia, Haziel, passando a mão no ombro, como se alguém estivesse cutucando ele. — Eduarda, precisamos investigar aquela mansão, que vocês estão demolindo. Pode perguntar para o engenheiro Taiko, o nome do dono? — Sim, vou fazer isso agora. — Eduarda ligou para o engenheiro Taiko Dentaku, mas ele não atendia. — Ele deve estar de luto Lucília. — Ou no funeral da família. Conhece mais alguém que sabe de alguma coisa sobre aquela mansão. — Não sei... ah! O menino! — Que menino?! Aquele que falou da velha?! — Sim! Ele mesmo! — Hum... então, vamos lá! Para a rua da velha mansão, da velha fantasma! Entrem no carro! — Chamou, Lucília, entrando na caravan, e sentando no banco do motorista. Haziel sentou ao lado dela, e a Eduarda, no banco de trás.

Por dentro, o carro de Lucília e Haziel era semelhante à casa de Eduarda Libra; repleto de artefatos sobrenaturais. O que chamava mais atenção, era um colar, pendurado no retrovisor, com um cristal brilhante. — O que é esse colar? Ainda não o vi em seus vídeos. — É a minha "arma secreta", Eduarda. — Respondeu, Lucília, com um sorriso lateral em sua boca. Ela dirigiu o carro por alguns minutos, orientada pela pedreira, até estacionar na frente do que ainda restava da antiga mansão. Ligou várias câmeras, e as fixou do lado de fora do carro. — Vamos passar a noite aqui. Pode dormir aí mesmo, Eduarda, no banco de trás, que é mais confortável. Se tiver alguma coisa aqui, meus equipamentos irão nos avisar. Amanhã, eu te acordo para procurar a casa do Bruninho.

Lucília e Haziel revezaram o sono, até o dia amanhecer. A influenciadora pegou de volta os seus equipamentos, conectou eles em um notebook, e analisou as gravações. Eduarda despertou ouvindo um barulho aleatório, sendo repetido pela Lucília, que estava muito concentrada em uma gravação de áudio. — Consegue ouvir, Eduarda? — Só ouço um chiado. — Tem algo diferente, no meio do chiado. — Ela repetiu o áudio mais algumas vezes, e a Eduarda conseguiu ouvir: — É só um ruído qualquer. — Não. É uma voz, e parece que está dizendo "minha casa". Tem alguma coisa aqui, sim. Vamos ver onde esse menino mora, e tentar conversar com ele, e com os seus pais.

Eduarda seguiu Lucília, que perguntava aos moradores sobre o Bruninho, e sobre a mansão. Haziel ficou dormindo dentro do carro, com uma brecha na janela, para a ventilação. Um dos moradores era justamente o pai do Bruninho, que perguntou, com um semblante nada convidativo: — O que vocês querem com meu filho, posso saber? — Nós só estamos buscando informações sobre aquela mansão, e o seu filho parece ter visto alguém dentro dela. — Qual mansão? — Aquela. — Apontou, Lucília. — O homem suspirou, e olhou seriamente para as duas mulheres. — Está bem. Esperem aí, enquanto eu pergunto para ele sobre isso. — O homem fechou a porta na cara das duas, e com dois minutos de espera, ele voltou, e disse: — Isso, que vocês disseram, é verdade. Ele viu uma velha na janela daquela casa grande. Mas, vocês sabem como são as crianças. A imaginação delas é muito fértil. — E você pode nos dizer o nome de quem morava lá? — Aquela mansão é muito antiga. Está abandonada desde quando eu era pequeno. Vamos, entrem. Vou falar tudo o que sei sobre ela.

Mansão DemolidaOnde histórias criam vida. Descubra agora