E se eu te disser que não quero? Não sinto vontade de levantar e ir fazer. Tampouco quero estar com outros. Hoje eu não quero ver rostos. Não quero ter experiências aventureiras. Se eu te disser que hoje apenas gostaria de ficar quieto num canto, seria isso pedir demais?
Pedir para sentir meus próprios sentimentos, ao invés de fugir deles como naturalmente fazemos. Não quero morrer sufocado por entre razões mal resolvidas. Gostaria de escutar o que minha própria cabeça tem a me dizer. No que isso te ofende?
E se eu encontrar meu sonho mais antigo, meu gosto predileto perdido? Se eu encontrar a razão para ter parado de acreditar no papai Noel, se eu perceber o que me trouxe longe de quem eu queria me tornar? E se eu estabelecer uma conexão tão profunda com meu interior, que nada jamais seja capaz de me fazer ter vontade de parar de viver? Isso irá acabar com sua rotina?
Por que não posso sentar aqui e apenas sentir a brisa sob minha pele, enquanto meus cabelos balançam ao vento e minha juventude brota dentro do meu coração, expandindo-se por todo meu ser, invadindo sem pedir licença e sem dar avisos, me dando motivos para continuar seguindo?
E se hoje meus antepassados espalharem sua força inata em meus pulmões e o universo me fizer respirar não apenas oxigênio, mas objetivos e metas? Se meu propósito for um diamante escondido na beleza das flores esta manhã e eu não o encontrar, pois estou ocupado demais olhando para o celular?
Há dias que o mundo precisa parar. Mas ele não vai. As mesmas obrigações aparecerão, pessoas cobrando prazos, entregas, respostas. Todas vazias e perdidas, seguindo em uma esteira de rotina. Não sinto vontade de permitir que eu chegue a isso.
Me desculpem se ficar aqui quieta os ofenda, me perdoem se para ter minha própria liberdade e autodescoberta preciso me justificar.
Um peixe que aprendeu a voar tem medo, confusões, conflitos internos e dúvidas que não existe um humano bondoso sequer disposto a responder. Ele causa medo, inveja, é cercado por peixes medíocres tentando o fazer desistir. O mar é cruel, tumultuado, perigoso. Ele é único, pequenino, inseguro e inocente. E tem de enfrentar tudo sozinho.
Preciso de um tempo sentindo meus sentimentos sem ter que me explicar para ninguém. Enquanto tudo desmorona e perde seus valores, minha alma não pode ser atingida. E passarei por esse processo quantas vezes forem necessárias, se isso me impedir de ser um simples peixe nadador.
Ninguém disse que seria fácil e é porque é tão difícil que torna-se tão atrativo e instigante.
Com amor, Nathi Tomaz♥️.
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Um peixe que aprendeu a voar
FantasyPalavras são deslumbrantes e transmitem significados, mas só chegam até onde você permitir. Uma conversa de quinze minutos pode ser mais duradoura que uma de dez horas. Isso não faz sentido logicamente, mas levando-se em conta transferências e senti...