primavera.

315 46 37
                                    

Quando a primavera finalmente chegou e as sakuras começaram a florescer, eu - como a boa Sakura que sou - também floresci.

Lembro-me de chegar ao parque para observar as belas e rosadas flores de cerejeira desabrocharem com você eufórica. Eu sentia-me feliz como a tempos não sentia. E quando contei-lhe que havia ganhado alta e não necessitava mais ir à terapia você abriu um de seus brilhantes sorrisos que ofuscou até mesmo o sol primaveril, mas quando agradeci-te e disse que sem você não sabia se teria conseguido chegar até ali, você abraçou-me e chorou de felicidade junto comigo. Você sempre fora a mais sentimental também.

Naquela estação florida nos conhecemos melhor. Conhecemos os gostos uma da outra, curiosidades, alergias, eu até conheci sua irmã mais nova, Hanabi. Ela era tão fofa quanto você, porém emburrava-se tão facilmente quanto você sorria.

Também tivemos nosso primeiro encontro naquela época. Ou melhor, nosso primeiro encontro de verdade. Lembro-me de termos ido assistir um filme no cinema e eu deixei que você escolhesse qual seria, também lembro-me de como você saiu frustrada por não ter gostado do filme mas abriu um enorme sorriso quando eu disse que poderíamos ir comer o que você preferisse para compensar o filme.

Naquele dia eu descobri que precisaria começar a trabalhar se quisesse te conquistar pela barriga.

Mas apesar de ser a estação das flores, nem tudo realmente fora flores naquela época. Certo dia você me ligara - havíamos trocado nossos números em nosso primeiro encontro - aos prantos dizendo que seu primo havia sofrido um acidente de carro e estava em coma.

Eu não soube reagir ao ter você tão quebrada em meus braços quando cheguei no hospital, apenas apertei você ainda mais em meu abraço e disse que estaria aqui não importava o que acontecesse. Provavelmente essa não é a melhor forma de consolar alguém que pode perder o único parente vivo - depois de sua irmãzinha, óbvio - a qualquer momento, mas você pareceu relaxar com essas palavras.

Infelizmente Neji não resistira naquela estação e novas flores floresceram envolta de sua lápide, como se ele tentasse confortar-te mesmo que de longe.

E talvez eu nunca tenha lhe dito, mas eu lhe admiro demais pela forma em que você lidou com essa perda. No final das contas, você também é a mais forte da relação.

Na verdade você era tantas coisas, e talvez a que mais me chamasse a atenção era a sua forma comunicativa. Você fazia amizades tão rápido quanto eu pisco meus olhos e eu sempre admirei isso por eu ser o total oposto de você, e novamente abaixo das flores da primavera eu conheci os seus diversos amigos de faculdade. Era uma turma louca mas a forma em que fui acolhida por eles enchera meu coração de amor.

Mas acho que no fundo o que eu sempre admirei mais em você era como você tinha atitude. Você não esperava ninguém fazer as coisas, você simplesmente ia lá e fazia, sem medo do que pensariam e falariam, sem medo dos julgamentos que sempre vinham e sempre irão vir independente de quem você seja.

E naquela estação de flores e cores, com sua bela força de vontade e atitude, você tomou a iniciativa que eu tanto esperara e me beijou. Seus lábios também eram quentes como seu abraço e sua boca - ironicamente - tinha gosto de cereja. Seu toque era gentil e seu corpo parecia acolher-me como uma moradia quando você abraçava-me e beijava-me.

A explosão de sentimentos causada por sua iniciativa fizera-me surtar ao chegar em casa, mas de uma forma boa. Eram tantas sensações e sentimentos que eu nunca sentira antes que sentia que poderia explodir a qualquer momento.

Mas você era assim, como uma árvore pronta para desabrochar suas novas flores surpresas independente da estação do ano, você era primavera o ano inteiro. Primavera e uma verdadeira caixinha de surpresas.

No final daquela estação você me pedira em namoro. Não há mais dúvida, você realmente sempre tivera mais atitude.

+++

total de palavras: 675

Estações || sakuhina.Onde histórias criam vida. Descubra agora