Capítulo 2

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Não sei o que estava acontecendo comigo, afinal eu tinha conseguido! Mas tinha algo que não me deixava sorrir.

Ainda estava na cama, sem coragem de levantar, meus olhos ardiam, mas, as lagrimas não vinham. Meu gato ficou se esfregando em mim a manhã inteira, ele esta estranho também. Acho que ele percebeu meu estado. Já fazia uma semana desde a “entrevista” no parque.

Mas eu não podia ficar assim, tinha que me levantar sorrir e mudar o mundo. Eu só tinha que tomar coragem e ir até o ponto de encontro, e, seguir meu destino.

Me arrumei as pressas, coloquei uma calça preta, uma camiseta pólo azul marinho e um tênis qualquer. Eu estava animado, não me importava o que os outros achavam de mim, estava ótimo, ótimo para mudar o mundo. Coloquei ração para o gato, lavei a louça da janta e fui arrumar o cabelo.

Me olhando no espelho percebi que tinha uma luz no meu rosto que eu não tinha até então, uma expressão diferente, mais confiante. Lavei meu rosto e molhei meu cabelo cacheado para tirar aquele penteado afro que aparece quando acordo, passai creme no cabelo, escovei os dentes e coloquei os óculos.

De vez em quando eu sentia um aperto doloroso no coração, realmente não sei por que, mas nada me abate em um momento desses. Nada nem ninguém podem atrapalhar alguém quando se trata do sonho dessa pessoa. A não ser que ela seja fraca de espírito, lastimável.

Coloquei dinheiro no bolso, nem parei pra contar para não desanimar. Coloquei um casaco moletom e desci as escadas Fazendo a maior força necessária para gastar energia, já passo muito tempo sem fazer nada, e por isso tenho medo de engordar.

– Bom dia, Angelo – disse Gordon quando alcancei o portão.

– Gordon...

– O que disse senhor? – Disse parecendo surpreso por eu pela primeira vez lhe dirigir uma palavra.

– Nada, abra logo esse portão – respondi com as mãos nos bolsos do moleton e a cabeça inclinada para baixo.

Ele finalmente abriu o portão, e eu pude sair daquele inferno. Estando de volta ao mundo afora, me dirigi a estação, lá fiquei alguns minutos sentado em um dos bancos observando o movimento, estava calmo, era sábado. Quando me cansei de ficar sentado, peguei o primeiro trêm que chegou a sentido Julio Prestes e embarquei, segui a viagem em pé, não por falta de opção, pouis tinham bancos vagos.

Desci na estação Antônio João, o ponto de encontro era um shopping ali perto.

Dentro do shopping, fui direto a um mercado que funcionava ali dentro mesmo, fui até uma prateleira de caixinhas de bombom, e lá eu consegui encontra-lá, a única caixinha que estava com o nome da marca escrito errado, até que foi fácil. Fui até o caixa, comprei os chocolates e me retirei.

Procurei um lugar mais isolado para abrir a caixa de chocolates especial, me sentei em uma área isolada da praça de alimentação, abri a caixa normalmente e encontrei um interfone bem discreto, não tinha mais nada além de bombons. Eu sabia o que tinha de fazer, encontrar um modo de colocá-lo super discreto e me aproveitar da caixa de bombons.

Peguei um bombom junto com o interfone, fechei a caixa e coloquei na sacolinha plástica do supermercado. Comi o bombom, mantendo sempre o interfone perto da embalagem. Passei perto de uma lata de lixo, e joguei a embalagem fora, por causa da anciedade quase deixei o interfone cair. Não sei se era pelo nervosismo mas parecia ter mais seguranças do que o normal ali.

Fui até o banheiro, entrei em um dos boxes e coloquei o interfone, usei o banheiro normalmente, tudo para não manter suspeita nenhuma, como o combinado a uma semana atrás. Certo que era estranho um homem ir até a praça de alimentação comer um bombom, mas não tinha outro jeito. Liguei o interfone e sai do banheiro.

KarasuOnde histórias criam vida. Descubra agora