Eu não sei exatamente por onde começar, se por quem sou ou por aquilo que sinto. Demasia é uma boa palavra para ambos; ser e sentir. Talvez, eu seja egoísta demais para qualquer coisa, ainda que demonstre, muitas vezes, a indiferença. Sempre vi tudo de uma forma esquisita, principalmente depois que completei 12 anos. Eu queria ser como os personagens dos livros que eu lia, alguém que poderia salvar o mundo e ser poderoso, poderia descrever o amor com belas metáforas, viver algo que fosse realmente emocionante. Não queria ser como meu pai, queria dar uma vida melhor para minha mãe, ser de fato a salvadora. Indecisa e completamente bagunçada, eu não soube dizer o porquê aquilo me pareceu errado, ou ainda porque ele parou a contra vontade, e me fez questionar o que eu havia feito para merecer aquilo. Engraçado como preferimos nos enganar com um momento, mentindo que aquilo foi legal e aceitável, mas só quando você está só, acompanhado somente dessas lembranças, que percebe o quanto aquilo te machucou, te violou e te destruiu um pouco mais. Eu sinto minha voz embargar e as lágrimas encherem meus olhos, enquanto ainda continuo mentindo pra mim. Afinal, o que eu sou? Por que eu sinto tudo cair? Talvez porque no fundo, eu espere as mesmas coisas aconteceram de novo.
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Intrínseco
PoetryPara muitos, ter uma mente em constante inquietação pode ser ruim, mas para um escritor, expor o que sente através de versos é a melhor forma de desacelerar.