Olá amores! Tudo bom?
Sim, mais uma fic que participou da tag da escrita, e nessa eu fui indicada pela minha amiga Klívia e o tema era:
"Eu sou apenas humano"
Essa fanfic foi até fácil de escrever e eu adorei muito escrever ela, espero que vocês também gostem!
Fiz com muito carinho, Klí ^^ <3
Beijos! <3
— — —
A ponta do cigarro em sua mão brilhava no meio da sala escura, iluminada apenas por um feixe do luar vindo da janela. Levou o cigarro à boca mais uma vez e baforou.
Fez-se presente o som de alguém batendo na porta, sem delicadeza. Will fechou forte os olhos e massageou as têmporas, prevendo o indivíduo que estava do outro lado.
— Toda noite isso, Mike? — perguntou para si mesmo, apagou o cigarro e levantou-se a contragosto ao ouvir mais uma vez sua pobre porta ser esmurrada.
Suspirou fundo e encarou a maçaneta antes de girá-la, a figura de cabelos encaracolados e gola alta se encontrava do outro lado, com as mesmas feições de quando se conheceram, só que mais amadurecidas. Entretanto uma coisa lhe chamou atenção; os olhos estavam vermelhos, seu pescoço arranhado e seu nariz sangrando.
— Mas que merda aconteceu com você dessa vez, Wheeler?! — interpelou Will analisando o estado crítico do amigo de cima a baixo. — Espere! Deixa-me adivinhar: Troy e sua gangue de novo?
— Disse que o pagaria na semana que vem, mas me bateram como um aviso.
Will revirou os olhos.
— Você não tem jeito mesmo. — balançou a cabeça. — Entra!
Por mais bravo que estivesse com o rapaz, havia se acostumado, essa mesma cena se repetia há anos, desde quando ela se foi... Na primeira vez que aconteceu se assustou e ligou desesperado para o pronto atendimento. Surpreendeu-se quando se tornou algo frequente semestralmente, depois bimestralmente, quinzenalmente e agora, praticamente, diário.
Mike ou se drogava ou se metia em confusão ou se drogava e se metia em confusão e a primeira pessoa a quem recorria era Will. De princípio, pensou que o motivo fosse a casa, que sempre remetia a sua irmã, mas isso começou a não fazer mais sentido quando mudou-se. Por uma ilusão, chegou a acender uma chama de esperança em seu coração ao pensar que poderia ser seu porto seguro.
Nunca admitiu em voz alta, porém amava Mike desde a pré-adolescência, descobrindo o sentimento na época em que ele estava ao seu lado, entrelaçando seus dedos, para ajudá-lo a enfrentar Demogorgon. Contudo, por mais carinho que demonstrasse, o coração de Mike pertencia a Eleven e isso Will nunca pôde negar, por mais que doesse, por mais ciúmes que sentisse.
Isso, porém, não o impediu de sentir sua perda precoce. Nunca a odiou, pelo contrário, ela era como uma irmã e vê-la morrer silenciosamente nos braços de Joyce, após uma última luta contra Mind Flayer, foi traumático até para si. No entanto não via isso como um motivo decente para a rebeldia de Mike.
— A El não ficaria nada contente se te visse assim. — disse sem rodeios estendendo uma toalha para o Wheeler na porta entreaberta, o chuveiro ligado.
— Ela não está mais aqui para dizer nada. — a voz rebateu, abafada, apanhando a toalha.
— Não é assim que as coisas funcionam. — arfou. — Se fosse menos cabeça dura me ouviria e me acompanharia nos meus encontros no grupo de apoio toda quinta-feira.
— Will, eu não preciso dessa merda. Está tudo sob controle.
— Não está, não precisa mentir pra mim.
Um silêncio incômodo se tornou presente. Debaixo do chuveiro, Mike abaixou a cabeça e deixou à água escorrer entre seus cabelos e rosto, lágrimas surgiram.
Byers preparou o colchão na sala e Mike saiu do banheiro enxugando vagarosamente os cabelos.
— Não me esqueça de criar o hábito de deixar esse colchão aqui, ele nunca pousa em outro cômodo mesmo. — ironizou o acastanhado.
Mike revirou os olhos.
— O que você quer de mim, Byers?! O quer que eu faça?
— Achei que estivesse óbvio. — alterou o tom de voz, levantando-se. — Que você supere logo! Já faz cinco anos, Michael! Cinco! Todo mundo superou e você continua agindo como um adolescente revoltado! Você já tem 22 anos! Sua vida não vai ser drogas e mulheres para sempre! Suas atitudes têm consequências!
— Eu tô tentando porra! — bradou, Will recuou um passo. — Eu tô tentando. — amenizou a voz.
— Não é o que está parecendo.
— O que você quer que eu faça? Eu sou apenas humano! Eu sangro quando caio, eu sempre caio e desmorono. Sei que sou um fudido, tento mudar isso, mas parece ser maior que eu. — seus olhos marejaram novamente.
Will sentiu o coração arder. Aproximou-se e abraçou-o, deixando sua cabeça repousar em seu peito.
— Desculpe. Sei que dou trabalho. — Mike sussurrou e soluçou. — Deveria ser forte, deveria tê-la salvado. — apertou mais os braços ao seu redor.
— Não tinha como evitar. Ela sabia o que estava fazendo e o fez para salvar a todos, ela nos amava. Ela te amava.
"Assim como eu amo" — completou mentalmente.
Mike riu nasalado.
— Sabe William. — olhou para seu rosto. — Nós nos conhecemos há tanto tempo e você nunca desistiu de mim. O Lucas ignora minhas ligações, a Max desapareceu desde o término com Lucas e a mulher do Dustin não o deixa ter contato comigo, diz que sou má influência. — riu sem vontade. — Não tenho nenhum amigo, exceto você, é tudo que tenho. Eu desmorono, mas você me reconstrói. Reconheço que não te mereço, mas é impossível ficar longe, você é o meu lar e sem você eu me sinto perdido, tão perdido. — suas bochechas coraram com a declaração.
Aproximou-se temeroso e beijou-o calmamente. Will sentiu o coração disparar no peito com a aproximação repentina, ponderando nas probabilidades daquilo ser um sonho. Mike puxou levemente seu rosto, aprofundando o contato e por instinto agarrou sua cintura, decretando ser verídico. Não sabia se aquilo significava algo ou se Mike acordaria na manhã seguinte sem se lembrar do ocorrido — ou simplesmente o ignorando — porém iria aproveitar a chance, que talvez não batesse em sua porta outra vez, apreciando cada momento.
Ele também era apenas humano.
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Porto Seguro - Byler
FanficQuase todas as noites ocorria aquele mesmo dilema. Mike parecia que nunca tomaria jeito por mais sermões que levasse e mais anos que se passassem, porém, apesar da dor de cabeça, Will sempre esteve lá para acolhê-lo, sendo seu porto seguro.