-- Capítulo 5: Sangues Quentes --

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Tansai é posto em uma maca e levado embora da arena pela equipe médica. Laerte para ao terminar de passar pelo corredor escuro, ficando de frente para outro rapaz.

— Yo — cumprimenta o boxeador, levantando uma mão para saudá-lo. — Ainda não é muito cedo para você estar aqui, Omnislai?

O citado inclina um pouco a cabeça, esboçando um sorriso. Ele tem 1,70 m de altura, é magro, mas bem definido nessas proporções. Seu cabelo tem um tom escuro de verde, longo o suficiente para algumas pontas curvadas tocarem a base do pescoço. Sua expressão resplandece de ânimo como uma criança carregada de energia.

— Desculpe pela intromissão, desculpe, mas! Aquele foi um início e tanto, ainda estou empolgado, tive que vim aqui! hahaha! — Ele respira fundo antes de continuar, aliviando parte do descontrole. — Não esperava que fosse ficar tão forte, Laerte. Talvez não pudesse haver uma luta de estreia melhor que essa.

— Não me bajule, penso o contrário. — Laerte sorri de leve. — Só fiz o meu trabalho.

— Hahaha! Não poderia ser diferente! Estou fervendo!

— Então... você veio para lutar?

O silêncio toma o local, um vórtice se forma ao redor do Omnislai, distorcendo o redor em um emaranhado do que eram tijolos. O seu tênis deixa de tocar o chão, o giro da sua perna tem um aumento súbito de velocidade, tornando-se um borrão, alcançando num instante o rosto do Laerte.

— Eeeh?! — Omnislai congela na posição com a perna erguida, expondo uma expressão confusa. — Não vai se defender?!

O boxeador está parado com um sorriso fechado, apesar de um tênis está ao lado do seu rosto.

— Fora do "ringue" eu sou apenas um civil. — Ele empurra a perna com o lado contrário da sua mão, dando uma indicação para o outro rapaz abaixá-la. — E você também está esquecendo de algo importante, "meu caro rival".

— Hum? O que quer dizer?

— Você tem que conquistar o direito de me enfrentar. — Ele aponta com o polegar por cima do ombro, inclinando o pescoço para o lado oposto, em relaxamento, ou poderia ser arrogância? — Vai ter que passar pela "muralha" entre nós.

Omnislai vê uma névoa passar pelo corredor e Laerte, chegando até ele; é carmesim e envolve os arredores, inundando a realidade com uma sensação que embriaga os sentidos. Um arrepio percorre seu corpo, sentindo o ar à volta vibrar; o vermelho se remexe de um lado para outro, em uma inconstância de intensidade que rasga as imagens das paredes, formando um túnel grotesco.

O rapaz toma uma postura de batalha, abaixando o centro de gravidade enquanto mantém as pernas abertas: uma à frente e outra atrás. Seus olhos estão abertos ao máximo, com as íris mergulhadas em um foco abissal; uma mão cai sobre o ombro dele, despertando-o para o mundo real.

— Oh! — Omnislai fica perplexo com a mudança abrupta de realidade. Laerte é quem toca no ombro dele, tendo tirado a luva que agora está entre a axila do outro braço antes de fazê-lo, desatando a demais com os dentes.

— Está certo, é natural reagir assim ao sentir uma "hostilidade" tão liberta. É instintivo.

Traçal está com os braços cruzados no corredor oposto da arena, apoiando as costas na parede enquanto os olha. Percebendo que foi notado, decide se virar, deixando o local com passos lentos.

— Você não foi o único que quis me dar um "olá" depois da luta. — Laerte olha de relance para Omnislai. — Ainda acha que vai poder me enfrentar?

Um sorriso enorme se espalha pela face do rapaz, seus olhos estão abertos ao máximo, nem sequer considerando mais o boxeador no campo de visão. Laerte deixa um som abafado de risada escapar, um curto, indo embora do lugar por uma escadaria ao lado.

LA: Torneio da CorteOnde histórias criam vida. Descubra agora