-- Capítulo 20: Monotonia e Sobrevivência --

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Braços são balançados; bocas se abrem, espalhando uma algazarra pelas arquibancadas.

Jay está estirado pelo solo depois do impacto que levou no queixo. Humine se encontra de pé, ao menos por mais alguns segundos, caindo enquanto se abraça para se debater no chão como um peixe fora d'água, o que transforma parte dos enaltecimentos em risadas.

O rapaz range os dentes, cada espiral por sua carne o eletrocuta com uma dor terrível. Sua vista se contorce em um delírio.

— Hahahaha! E não é que ele usou?! — comenta Traçal, que assiste o combate por um telão com seu pai, estando no mesmo quarto VIP que usaram no primeiro dia. — Ury deve estar cortando os pulsos após ver seu irmão tomar um golpe tão miserável!

— Então já acabou? — pergunta Lorde, que está em uma poltrona próxima.

— Não... Não acabou.

No chão, Jay está consciente, mostrando parte do seu olhar tenso ao erguer a cabeça.

"Ai... Se eu não tivesse posto um braço debaixo do queixo estaria dormindo nas nuvens agora. (...) Bem... o que eu deveria pensar sobre isso? Não esperava que ele soubesse contra-atacar meu estilo, isso foi inesperado para esse oponente".

Após respirar fundo ele se levanta sem dificuldades, roubando a atenção de todos à volta. Sangue é cuspido para o lado.

— Está de volta!! — brada Gaojung. — Essa é a expressão de alguém que acaba de levar um golpe daquele porte?!

— Foi inefetivo! — diz Malena. — Sua condição e equilíbrio seguem no máximo da capacidade!

— Isso é mal! Por outro lado Humine ainda está abalado! Seu adversário se recuperou, mas suas costas ainda estão no chão!!

— Tudo que basta para Jay é finalizá-lo!

O estrangeiro caminha no rumo do rival, com tranquilidade no ritmo. O demais para de se debater, conseguindo ao menos sentar, ficando com um joelho sobre a terra pela última falha em levantar. As gotas de suor deslizam do seu rosto para o solo.

Jay para ao sentir o oponente no alcance do seu braço esquerdo, e, com a confirmação, o dispara igual uma lança torcida, tendo como alvo o pescoço.

O golpe não tem impacto; toda a silhueta do Humine se torna falha por um instante, cópias vazias dela surgem e desaparecerem como um leque se abrindo. Os olhos do estrangeiro se abrem mais em surpresa.

Um raio cai do céu e o atravessa o estrangeiro, chegando ao chute baixo que Humine conecta sobre a canela do adversário, travando sua postura com a dor, e, em seguida, sobe de uma vez, estourando um gancho no queixo do Jay, que desta vez não pôde colocar nenhum braço para amortecer a colisão. Ele é jogado ao ar junto de um estampido; pasmo, só resta sua forma deformada pelo golpe direto aos sentidos.

Um baque seco soa quando suas costas encontram o chão.

A situação do acerto de mais cedo se repete na queda do estrangeiro, com a diferença de que nesta Humine cai de pé sem nenhum sinal da dor que o atormentava, tomando de imediato uma pose com o corpo virado, mantendo o braço esquerdo estendido à frente e o joelho próximo flexionado — uma postura sólida.

Um profundo silêncio cobre o local.

— A LUTA ACA- — Ia gritar o narrador, acompanhado pelo ânimo crescente de muitas pessoas, se interrompendo junto do outros ao verem Jay se levantando repentinamente com a força de uma única perna.

— Só caia logo! — reclama Humine. — Qual o problema de deixar um desconhecido ganhar uma vez?

— Eu ainda não fui para as nuvens, seu desgraçado! — Sangue desliza pela borda da sua boca.

LA: Torneio da CorteOnde histórias criam vida. Descubra agora