Finalmente chegamos em Florianópolis após algumas horas de viagem. Confesso que dormir praticamente o caminho todo, eu queria ficar acordada para poder conversar mais com Lara, mas eu não consegui. Hoje em dia eu vivo em uma constante, onde se eu não estou querendo dormir, eu estou querendo comer como uma louca. E se isso não faz a gravidez ser assustadora, eu não sei mais o que pode ser. Para falar a verdade foi até bom dormir, por que por um lado eu não iria continuar surtando com o pensamento de que a minha mãezinha sabe que estou esperando um bebê de Axel. E a outra é que tendo a minha amiga por perto foi fácil dormir sem sonhos, já que todas as noites eu os pesadelos me assombram.
Sim, minhas noites são caóticas com as lembranças dos sons de tiros, de Axel virando as coisas e me deixando. Algumas noites os pesadelos são diferentes, eu vejo muito sangue no chão uma mulher morta aos meus pés. E essa mulher morta? Ah sim, sou eu, pelo menos eu sinto que sou eu. Loucura, muita loucura e é por isso que comecei a suspeitar que o restante dos meus parafusos estavam soltos.
Solto um bufo com os meus pensamentos e nego com a cabeça. Às vezes, muitas das vezes, eu sou estranha, bem estranha para ser sincera.
— Olha só, vejam só quem acordou. A pior companhia de viagem de todos os tempos. — Lara fala de forma sarcástica e eu reviro os meus olhos.
— Desculpa por ser a pior companhia de viagem de todos os tempos — falo e minha amiga dar uma risada.
— Tudo bem, eu te desculpo, você estava com cara de morta viva mesmo. — Lara diz e eu a encaro de cara feia.
— Ei, chuta menos guria! — resmungo fazendo minha amiga rir.
— Desculpa, mas foi mais forte que eu. — Lara diz ainda rindo.
— Eu só não dormi muito bem a noite. — Estremeço com a lembrança do último pesadelo.
— Por que? — Ela me olha de solavanco e eu respiro fundo.
— Nada demais, só não estou dormindo bem ultimamente — desabafo com a voz pequena.
— É por causa do tiro que levou no ombro, não é? — A voz de Lara demonstrava a sua total compreensão.
— Também, mas não é só isso. — Dou de ombros virando o rosto para olhar para as ruas através do vidro.
— É o dragão negro assassino, você sente falta do pilantra sombrio. — Isso não foi uma pergunta e sim uma confirmação.
— Eu não quero falar sobre isso — digo minha voz assumindo um tom mais forte.
—Tem certeza? — pergunta e eu engulo em seco.
—Sim, eu tenho — falo concordando com a cabeça.
E eu realmente não quero falar sobre Axel, para falar a verdade eu não quero ter mais nada a ver com aquele homem. Apesar que... apesar que eu estou carregando uma parte dele no meu ventre. Mas seja como for eu estou cansada disso, cansada de tudo isso. Cansada de esperar, cansada de ter minha vida mudada de cabeça para baixo e cansada principalmente de ser a maior trouxa de todas as trouxas. Por que olha, eu vou dizer viu, se existe alguém mais iludida que eu está pra nascer. Que desgosto Dora, que desgosto! Eu queria uma vida nova antes, estava empenhada a ser boa nas missões e agora que eu não tenho mais isso. Bem, pelo menos eu continuo querendo uma vida nova para mim.
Apesar que agora não é só para mim, eu não estou mais sozinha. E ao pensar nisso a realidade das minhas palavras me alcançam. Eu não estou mais sozinha! Eu tenho uma grande responsabilidade agora, uma responsabilidade que pelo visto eu terei que lidar sozinha. Por isso eu tenho que fazer mais por mim e por ele ou ela, tenho que priorizar mais nós dois. Jamais perderei a minha essência, mas tenho que me solidificar, me tornar uma rocha por nós dois. Farei isso, tentarei e sangrarei novamente por isso, se for preciso. Mas jamais devo aceitar menos do que nós dois merecemos. Eu tentarei ser uma nova Isadora.
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CONQUISTADA PELA ESCURIDÃO - Trilogia Darkness - Livro 02 (DEGUSTAÇÃO)
Storie d'amore(COMPLETO NO AMAZON) Agora depois de sentir e saber que meu coração pertence a ele, ele me abandonou, me deixando sem chão e guardando um segredo que não cabe a ninguém, somente a ele. Eu o quero de volta, por que assim como ele dizia que eu o perte...