Dopado

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O som alto invadia completamente o ambiente, as pessoas ali pulavam e se tocavam sem pudor, o cheiro de suor dominava todos os cantos do porão em que acontecia a festa clandestina.
O grupo de caçadores estava espalhado, Zoro no bar bebendo tudo o que podia, Sanji e Marco no canto observando a movimentação, Law e Luffy discutindo sobre algo que mais ninguém conseguia ouvir e Ace dançava no meio da multidão com um pequeno copo de bebida em mãos.
O rapaz de sardas dançava animado com uma garota morena que estava na pista de dança, seu sorriso sedutor prendia o olhar do caçador em si.
-Ei, qual o seu nome? - perguntou Ace colocando sua mão vazio na cintura da garota.
-Samanta e o seu? - respondeu a garota sorrindo e ajeitando a blusa em seu corpo esguio e curvelíneo.
-Ace, é um prazer conhecê-la - Ace sorriu e deu um gole na bebida - então, Samanta o que v... - Ace sentiu seu corpo enfraquecer e sua visão ficar turva, o mundo ao seu redor parecia girar e aos poucos tudo ficou escuro, sentiu seu corpo começar a desmoronar no chão e o solo gelado esfriar seu corpo.
-Ace, você está bem? - questionou a garota se abaixando ao lado do garoto desmaiado - oh que pena, parece que fez efeito - a garota deixou uma leve risada sair de seus lábios - levem-no.
Dois homens que a todo tempo estavam ali próximo seguraram o moreno pelos braços o levando para fora do porão.
Do outro lado da festa Marco passava os olhos atentos pelo local, precisava achar Ace, algo dentro de si o alertava que o moreno estava em sérios perigos.
Marco se afastou de Sanji e saiu andando pelo local, não via sinal algum de Ace.
-Eu disse pra ele não ficar sozinho - falou Marco para si mesmo e ouviu o som de algo quebrando embaixo de seus pés.
Ao olhar para o chão viu uma bola pequena e avermelhada que parecia idêntica as do colar de Ace. Marco olhou mais adiante e encontrou outras iguais, o loiro começou a seguir o rastro de bolinhas até o lado de fora do porão.
-Ele até que é bonitinho, podíamos brincar com ele antes de levarmos ao chefe - Marco ouviu uma voz ao longe dizer e seguiu naquela direção.
-Ótima ideia, eu vou primeiro - falou uma outra voz que riu perverso.
Marco chegou no beco de onde viera as vozes e viu dois homens ao lado do corpo imóvel de Ace. Seu companheiro estava sem nenhuma roupa e era segurado pelos ombros por um dos homens enquanto o outro abria as próprias calças.
-Fiquem longe do Ace - gritou Marco irritado correndo o mais rápido possível na direção dos dois homens.
O que segurava Ace soltou-o no chão e pegou a pistola em sua cintura atirando em direção ao loiro que se aproximava rapidamente. A bala atravessou o corpo do rapaz e ao fazê-lo a região começou a queimar com chamas azuladas e logo a pele da região estava normal novamente.
O homem gritou surpreso e atirou descontroladamente vendo que a mesma coisa acontecia, as balas acabaram e as mãos do homem tremiam.
-Que porra é você? - perguntou o homem tentando recarregar sua arma.
-Cai fora, seu monstro - gritou o outro homem puxando suas calças e pegando suas duas pistolas as disparando freneticamente.
-Eu sou o monstro aqui? - Marco socou violentamente o homem que segurara Ace e em seguida chutou o outro rapaz os derrubando inconscientes no chão - seus fedelhos - Marco se ajoelhou ao lado do amigo - Ace, Ace... Ei, Ace, acorda.
Marco pegou a mão do moreno e sentiu o rapaz gelado, levou sua mão até o nariz dele sentindo a respiração fraca e dificultosa do outro. Tocou-lhe a face fria e sentiu seu mundo desabar, não podia deixar seu amigo morrer ali daquele jeito.
Pegou seu sobretudo e envolveu o corpo de Ace, logo em seguida mandou mensagem para Trafalgar, o tatuado deveria saber o que fazer, era o médico do grupo afinal.
Poucos minutos depois Trafalgar chegava ao lado de Luffy, ambos ofegantes pela corrida até ali. Law olhou para Ace que estava caído nos braços de Marco e correu para medir sua pulsação.
-Está fraco, precisamos levá-lo para a sede, se demorarmos ele pode morrer - avisou Trafalgar e rapidamente os três corriam de volta para a sede com Marco segurando Ace firmemente em seus braços.
-Ace, não morra, nós vamos te salvar - dizia Luffy respirando ofegante - você não pode morrer agora.
-Marco-ya, o que aconteceu? Ele bebeu algo estranho? - perguntou Trafalgar durante o trajeto.
-Eu não sei, ele estava no meio da multidão quando desapareceu - Marco olhou para o amigo inconsciente em seus braços e rangeu os dentes - é minha culpa, não devia ter deixado Ace sozinho.
-Não é hora de achar culpados, Marco-ya, a sede está logo ali.
O trio entrou rapidamente na sede que estava vazia e foram direto para a área de laboratório. Trafalgar arrumou a maca no meio da sala e pegou o estetoscópio e a agulha. O médico colocou a parte metálica no peito do moreno e escutou seus batimentos fracos, mas consistentes. Em seguida enfiou a agulha no braço do rapaz tirando um pouco de sangue para examinar no microscópio.
Luffy e Marco ficaram ao lado do corpo de Ace o esquentando enquanto Trafalgar analisava o sangue.
-Não pode ser... - comentou o rapaz tatuado se afastando do microscópio - Marco, aqueles caras, eles eram vampiros?
-Não, eles eram humanos com toda certeza.
-Como eles conseguiram isso? - questionou o moreno mais para si abrindo as gavetas em busca de algo.
-Isso?
-Essa droga, como humanos a conseguiram? - Trafalgar pegou um pequeno frasco com um líquido avermelhado e outro com um líquido amarelado.
-Que droga, Torao?
-É uma droga para aumentar o poder dos vampiros e em humanos pode levar desde um desmaio comum até a morte, dependendo da dose e do organismo a pessoa pode ser transformada em vampiro - Law pegou uma outra agulha e puxou os líquidos para dentro da injeção.
-Por que humanos teriam isso com eles? - Marco apertou levemente a mão gelada do amigo e teve vontade de voltar lá para acabar com aqueles caras.
-Eu não sei - Trafalgar se aproximou da maca e injetou a seringa no braço de Ace vendo o líquido alaranjado sumir em direção a veia do rapaz de sardas - espero que isso resolva.
-Como assim, espera, Trafalgar? Está fazendo algum tipo de teste por acaso?
-Não há como saber como o corpo de Ace vai reagir a essa droga nem ao que injetei nele - Trafalgar olhou para os dois rapazes sério - só nos resta esperar.
Um silêncio pesado tomou conta da pequena sala de laboratório de cosméticos. Marco voltou a cobrir o amigo e puxou uma cadeira para ficar ao lado da maca. Trafalgar se apoiou na bancada enquanto seus olhos não deixavam o rosto imóvel de Ace. Luffy apoiou a cabeça na maca enquanto segurava a mão fria do irmão.
Foram longas horas de espera, Luffy acabara dormindo sentado ao lado do irmão enquanto Marco estava lutando contra o sono veementemente. Trafalgar ajeitou uma segunda maca ao lado de Ace e deitou o moreno menor ali.
-Faltam poucas horas para amanhecer - comentou o tatuado olhando para o grande relógio que havia na sala.
-É, realmente - concordou Marco olhando para o relógio - queria que Ace despertasse logo, isso é agoniante.
-Você gosta mesmo do Ace, não é?
-É claro, ele é meu parceiro, juramos proteger um ao outro.
-Não foi isso que perguntei, você se importa com o Ace mais do que como seu parceiro - Trafalgar apontou para as mãos de Marco que seguravam gentilmente a mão do rapaz na maca.
-Isso não importa agora - respondeu o loiro fixando o olhar em Ace - não quero que Ace morra.
-E quem disse que eu vou morrer, Marco? - a voz entrecortada de Ace saiu como um sussurro doloroso - que merda aconteceu comigo? Minha cabeça dói.
-Ace, você está vivo - disse Marco abraçando o amigo - que bom, fiquei tão preocupado.
-Ace-ya, que bom que acordou, como se sente?
-Dor de cabeça, cansado e só - comentou o moreno se ajeitando para sentar na maca - então, podem me explicar o que aconteceu?
Marco então explicou para o rapaz o que aconteceu após seu desmaio, Trafalgar explicou sobre a droga que ele havia ingerido e os riscos que ele correu.
-Vou fazer alguns testes e exames e depois podemos ir para casa - avisou Trafalgar retirando mais uma quantidade de sangue do moreno e levando para o microscópio.
Depois disso, analisou os olhos do moreno, sua temperatura, respiração, reflexos e batimento cardíaco.
-Parece normal agora, Marco-ya, se puder ficar com o Ace por essa noite, caso ele tenha alguma reação tardia.
-Tudo bem, não sairei do lado do Ace.
-Isso resolve o problema por enquanto - Trafalgar olhou para Luffy que dormia profundamente na outra maca - acho que terei que levar o Luffy para casa.
-Cuide bem do meu irmãozinho, Trafalgar - Ace deu leves tapinhas no ombro do tatuado e saiu da sala ao lado de Marco.
Trafalgar suspirou cansado e pegou o menor em seu colo, em poucos minutos estavam na pequena casa do médico que ajeitava o corpo pequeno na cama de solteiro do quarto.
Law após ajeitar o garoto ali foi para a sala e deitou no sofá, a noite havia sido extremamente longa e cansativa e ele merecia um bom descanso.
Quando acordou Luffy deu um pulo e começou a vasculhar ao redor, não sabia onde estava nem onde estava Ace, o desespero de ter acontecido algo ruim com seu irmão mais velho o invadiu e ele saiu em disparada para fora do quarto dando de cara com Trafalgar que se dirigia para o banheiro para tomar uma ducha.
-Luffy-ya, você acordou bem agitado - comentou o tatuado bocejando e deixando sua mão sobre a cabeça do menor - seu irmão está bem, Marco está cuidando dele.
-Ah, que bom, obrigado pelo que fez ontem, Torao - agradeceu o menor tirando a mão do tatuado de si - bem, eu vou pra casa, não quero incomodar.
-Algum problema, Luffy-ya? Pode ficar se quiser, não me incomoda.
-Não, nenhum, eu tenho que ir embora, só isso.
Luffy passou por Trafalgar rapidamente, os acontecimentos dos dias anteriores se misturavam com os da noite anterior e deixavam o menor totalmente confuso, precisava se afastar do tatuado para tentar processar aquela sequência de momentos e ações contraditórias do parceiro.
-Não quer ficar para o café? Posso preparar ovos e bacon para você.
-Está bem, mas vou comer e ir embora.
Trafalgar assentiu e foi para o banheiro fazer suas necessidades e tomar uma ducha rápida, quando saiu entregou uma toalha limpa para o menor e o empurrou para dentro do banheiro indicando que deveria se lavar antes do café.
Enquanto o menor tomava sua ducha Trafalgar foi para a cozinha, colocou a água para ferver e começou a preparar os ovos e o bacon para o parceiro.
Em poucos minutos Luffy estava na cozinha com Trafalgar comendo animadamente e contando coisas sobre sua infância ao lado de Ace.
Mais a tarde Luffy acabou ficando por ali e os dois rapazes assistiram filme, almoçaram, voltaram a assistir filme, jantaram e foram para a sede juntos.
Uma coisa ainda martelava na mente do garoto mais novo, o momento em que Trafalgar havia dito que Luffy era seu não saia da mente do garoto do chapéu de palha e ele queria perguntar ao tatuado sobre, mas sempre que tentava entrar no assunto o médico conseguia desviar a conversa para outro tema deixando o menor irritado e ainda mais curioso.
Ao chegarem na sede encontraram Sanji e Zoro brigando com Ace e Marco e logo correram para apartar a briga.
-Por que caralhos vocês deixaram a gente lá? - gritou o loiro furioso tragando seu cigarro - sabe o que esse marimo imbecil fez? Arranjou briga com todo mundo da festa.
-Relaxa, Sanji, que mal tem uma briguinha de balada? - comentou o de sardas dando leves tapinhas no ombro do loiro para acalmá-lo - estamos todos bem.
-Que bem o que? Esse idiota quebrou o braço de uns dez caras.
-E eu lá tenho culpa? Eles queriam me drogar, eu vi os idiotas colocando um negócio na minha bebida.
-Eles tentaram te drogar também, Zoro-ya? - perguntou Trafalgar se envolvendo na conversa e Zoro concordou - você acha que eles eram humanos?
-Sim, sem sombra de dúvidas, se fossem vampiros eu certamente saberia e os mataria - disse o esverdeado.
-O que humanos querem com isso? - perguntou retoricamente o tatuado.
-Ah eu bati em um cara que logo abriu o bico, ele disse que um tal de DoFlaminho tinha pagado eles para drogarem pessoas na festa.
-DoFlamingo?
-Isso, algo assim.
-Então, ele está por trás disso, o que ele quer?
-Você o conhece, Torao?
-De nome, Luffy-ya, precisamos tomar cuidado, a família DonQuixote é uma das famílias mais perigosas de vampiros que existem.
-O que vamos fazer? - perguntou Marco se sentando em uma cadeira.
-Por enquanto não há muito o que possamos fazer, se os enfrentarmos agora vamos todos morrer.

Amargo segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora