Mentiras

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Zoro permanecia no bar da balada clandestina, não reparou em que momento todos os outros haviam sumido, exceto pelo loiro há poucos metros de distância.
O espadachim virava os copos com as diversas bebidas que o barman lhe oferecia e não parecia que iria se cansar daquilo tão cedo.
Estava prestes a virar mais um copo quando uma bela garota sentou ao seu lado e começou a puxar assunto.
-Olá, bonitão, está sozinho? - perguntou a mulher cruzando lentamente as pernas.
-É, tipo isso - comentou o esverdeado dando mais atenção para o copo em suas mãos do que para a bela mulher ao seu lado.
-Então, o que um partidão desses faz nessa festa sozinho? - a mulher passou a mão suavemente pelo braço exposto do esverdeado e sorriu de forma sedutora.
-Estou bebendo, achei que fosse óbvio.
-Oh é mesmo, você parece um ótimo apreciador de bebidas.
-Olha, eu não sei o que você está querendo aqui, mas te aconselho a procurar outra pessoa para importunar - Zoro finalmente olhou para a mulher que o encarava sedutoramente e passava a mão sobre a coxa do esverdeado.
-Estou querendo uma chance com você - a mulher se aproximou mais ainda de Zoro deixando seu lábios bem próximos dos do espadachim.
Zoro desviou levemente o olhar vendo uma movimentação estranha em seu copo, viu o momento em que o rapaz do outro lado derramara um líquido transparente em sua bebida.
O espadachim se virou rapidamente para o rapaz segurando o braço dele com força, o olhar do rapaz demonstrava nada mais nada menos que o puro medo.
-O que pensa que está fazendo com a minha bebida? - rosnou o esverdeado em alto e bom tom chamando a atenção do loiro que se aproximou para evitar uma briga envolvendo seu colega.
-N-nada, era só uma brincadeira - disse o rapaz tremendo sob o olhar furioso de Zoro.
-Ei, ei, marimo, o que está fazendo na frente de uma dama? - Sanji se aproximou e tirou a mão do esverdeado do braço do rapaz - vamos embora, já deu por hoje.
-Deu porra nenhuma, esse cara queria me drogar.
Zoro partiu para cima do rapaz desferindo um soco no rosto do outro que gritou chamando a atenção de todos na festa, a música parou imediatamente e boa parte das pessoas se afastaram ou foram embora.
A mulher que estava ali a pouco também saiu. Três caras se aproximaram pulando em cima de Zoro tentando pará-lo, mas foram jogados para trás pela força brutal do espadachim. O esverdeado segurou com força na gola da blusa do rapaz e o sacudiu irritado.
-O que caralhos você quer me drogando, hein?
-Eu não, eu desculpa, me solta, por favor, não fiz por mal, me pagaram para fazê-lo - dizia o rapaz desesperado balançando o corpo para tentar fugir.
-Quem te pagou?
-Um tal de DoFlamingo, eu juro, eu não sei porquê, eu só precisava da grana, por favor, não me machuque.
-Que cara covarde - comentou Zoro fazendo um estalo com a língua - não gosto de caras caguetas.
Zoro desferiu outro soco no rapaz o deixando inconsciente no chão. Os outros três rapazes voltaram a atacar, dessa vez munidos com garrafas de vidro quebradas. Zoro parou o primeiro rapaz que veio para cima de si e girou o braço do rapaz colocando-o em sua frente como um escudo.
-Não estou pra brincadeira, se vocês querem brigar estejam prontos para morrer - avisou o esverdeado jogando o rapaz contra os outros dois.
Sanji suspirou irritado e se sentou em um banco mais afastado acendendo seu cigarro, sabia que não havia mais como parar o colega então apenas deixou acontecer.
Zoro partiu para cima dos três rapazes desferindo socos fortes contra eles, os rapazes tentavam revidar apontando as garrafas quebradas e as balançando violentamente para acertar o espadachim.
Zoro derrubou um dos rapazes torcendo o braço e ouvindo o estralo dos ossos se quebrando e soltou o garoto ali no chão, ouviu os gritos agoniantes e se voltou para os outros dois que vieram com tudo para cima dele.
O espadachim segurou os dois pelo braço e os girou no ar jogando-os em direção ao balcão do bar e quebrando algumas garrafas com o impacto.
-Quem são os próximos? - perguntou o esverdeado confiante olhando para as pessoas ao redor.
Outros cinco caras se destacaram da multidão se aproximando com enormes barras de ferro prontos para acertar o espadachim. Zoro sorriu animado, fazia um bom tempo que não arranjava nenhuma briga.
Em poucos minutos o resto do bar foi arrastado pela confusão, as diversas garrafas estavam estilhaçadas no chão e diversos caras estavam inconscientes depois de apanharem para o espadachim.
Zoro limpou as mãos na calça e sorriu vitorioso enquanto se dirigia para o loiro que estava sentado fumando seu inseparável cigarro.
-Vamos, a diversão acabou - avisou o esverdeado e Sanji revirou os olhos se levantando.
A dupla saiu tranquilamente desviando dos diversos corpos estirados no chão e logo estavam sentindo o vento gelado da noite.
-Você é muito impulsivo, precisava bater em todos aqueles caras, marimo idiota?
-É claro, tentaram me drogar, eles acham que eu sou o que? Algum idiota?
-Se eles achassem isso não estariam errados, idiota.
-Chato, sobrancelhudo ridículo.
-Tsc, nenhum deles era vampiro, você não achou isso estranho?
-Tem razão, talvez vampiros não gostem de música alta.
-Isso não faz nenhum sentido, cabeça de mato.
-Talvez não foram convidados ou não gostem de pop.
-Isso faz menos sentido ainda, idiota.
Zoro bufou irritado com o colega e começou a andar mais rápido para deixar o loiro para trás.
-Ei, tá indo pra onde, cabelo de grama? A sede é pro outro lado.
-Eu já sabia - Zoro virou o corpo rapidamente entrando na primeira rua a esquerda.
-Ai não, marimo idiota - Sanji correu atrás do colega e o puxou para o lado certo - tsc, seu senso de direção é péssimo.
-Não enche, senhor sobrancelhas.
-Você é muito irritante, não acredito que fiquei preocupado com um estúpido que nem você.
-Oh é mesmo? Ficou preocupado comigo? - comentou Zoro em tom de deboche.
-Cala a boca, marimo irritante.
-Você quer saber o que aconteceu? - Zoro apontou para a cicatriz em seu olho esquerdo.
-Se quiser contar, eu não to nem ai.
-Hm, então não vou contar nada - Zodo sorriu provocativo.
-Ótimo, não queria saber mesmo, cabeça de alga.
-Como foram os dias sem o seu querido parceiro? - perguntou Zoro dando ênfase em "querido".
-Tsc, foram ótimos, até prefiro continuar com Luffy e Law do que com uma alga irritante como você.
-Tem certeza? A sua preocupação comigo mais cedo me diz o contrário.
-Não enche, você sumiu do nada e voltou com uma cicatriz no olho, qualquer um ficaria preocupado.
-Está assumindo que se importa comigo?
-Nem ferrando, só fiquei preocupado se você não viraria um estorvo.
-Uhum, vou fingir que acredito.
-Você é insuportável.
-Obrigado pelo elogio.
-Não foi um elogio.
Zoro sorriu debochado e passou o braço pelo ombro do loiro recebendo um olhar fulminante em retorno.
-Sabe, até que senti falta desses momentos com você.
-Quê? Enlouqueceu foi, marimo? - Sanji começou a dar leves chutes no colega para tentar disfarçar a vergonha que tomou conta de seu corpo naquele momento.
-Vai me dizer que você não sentiu falta - comentou Zoro provocativo desviando dos chutes do colega.
-Nunca que eu sentiria falta de um irritante como você.
-É mesmo? - Zoro segurou o queixo do loiro o fazendo olhar para si e notou as bochechas levemente coradas do colega - seu rosto me diz o contrário.
-Cai fora, alga ambulante - Sanji afastou a mão do amigo de seu rosto e voltou a andar para a sede.
Zoro sorriu sutilmente, não admitiria, mas provocar o loiro havia se tornado um de seus passatempos preferidos. Sanji acendeu mais um cigarro e o tragou lentamente para não ter que se sentir obrigado a interagir com o esverdeado irritante ao seu lado.
Ao chegarem na sede não encontraram ninguém, o lugar estava completamente vazio. Zoro foi para a sala de Mihawk e pegou suas preciosas espadas encontrando Sanji logo em seguida. A dupla saiu do local e voltaram para suas respectivas casas. Estavam exaustos e nem tinham um único vampiro para acrescentar na lista, fora uma noite nem um pouco proveitosa.
Zoro acordou no dia seguinte extremamente bem e animado como há muito tempo não acordava, resolveu então sair de casa e aproveitar o belo dia que estava fazendo em uma longa caminhada pelo bairro.
Zoro caminhou pelas ruas ali perto e irradiava energia por onde passava, estava tão disposto que nem os gatos rugindo para si o incomodavam, muito menos os cachorros que corriam em sua direção animadamente e lambiam seu rosto o deixavam irritado como normalmente aconteceria.
Zoro passou em uma pequena cafeteria perto de casa e resolveu tomar um café e comer um pedaço de bolo. Já era de tarde quando terminou de comer e saiu da cafeteria voltando para casa.
Mais a noite se encontrava na sede ao lado de Sanji enquanto o loiro questionava o porquê de Ace e Marco terem saído mais cedo da festa deixando a dupla sozinha.
Depois de um tempo Luffy e Trafalgar chegaram ao local e se envolveram na conversa. Sanji encarava atento a fala do médico e quando seus olhares se cruzaram moveu a cabeça suavemente em direção a outra sala como se pedisse para o tatuado o acompanhar.
Sanji se levantou e Trafalgar o seguiu a contra gosto, Zoro fez menção de se levantar, mas foi impedido pelo olhar sério do loiro. Os dois rapazes entraram em outra sala e se encararam por longos minutos silenciosos.
-Então, desembucha, Trafalgar, o que você sabe?
-Eu sei exatamente o que você sabe, Sanji-ya.
-Mentiroso, eu sei que tem mais coisa ai e você não quer contar - retrucou o loiro acendendo mais um de seus cigarros - não confia em mim o suficiente para contar?
-Você sabe mesmo ser irritante quando quer.
-Então, abre o bico.
-DoFlamingo está por trás dessas festas clandestinas, parece algum tipo de experimento ou algo do tipo para testar o efeito da droga em humanos, por isso não tinha nenhum vampiro lá, exceto... - Trafalgar estalou a língua irritado ao lembrar da figura ruiva que encontrara na festa.
-Exceto?
-Eustass Kid, ele estava lá também.
-O que Kid estava fazendo lá?
-Eu não faço ideia, aquele imbecil fazendo o que bem entende.
-Eu não senti a presença dele lá.
-É claro que não sentiu, ele estava usando o remédio para inibir a presença.
-Você deu o remédio pra ele?
-É óbvio, ou você acha que qualquer idiota consegue produzi-la?
-Se você consegue não duvido que outros idiotas também consigam.
-Como é?
-Nada não, então, por que ofereceu o remédio à ele?
-Para evitar transtornos maiores, Eustass consegue ser um grande filho da puta quando quer.
-Para mantê-lo calado?
-Algo do tipo.
-E quanto a droga do DoFlamingo, o que ela realmente faz? Não venha com as mentiras que contou para o Marco.
-Ela transforma humanos em vampiros, pelas minhas análises a chance da transformação dar certo é de 90%.
-E se não der certo?
-A pessoa morre.
-Então se o Ace não morreu, quer dizer que ele vai virar um vampiro?
-Não, eu apliquei um inibidor antes que fosse tarde demais, o único problema é que foi pura sorte, não há como prever as reações que podem ocorrer em Ace nos próximos dias.
-Você usou nosso colega de cobaia?
-E eu ia fazer o que? Deixar ele morrer ou virar um vampiro?
-Tsc, se acontecer algo ao Ace o Mihawk vai ficar uma fera, o Luffy e o Marco então.
-Espero que não aconteça, de toda forma vou fazer mais algumas análises - Trafalgar suspirou e encarou o loiro - não conte nada disso para os outros, ouviu? Essa conversa nunca existiu.
-Conversa? Que conversa? Nós nem nos conhecemos - Sanji sorriu e tocou no ombro do amigo saindo da sala.

Ao saírem da sala viram que Mihawk já estava ali conversando sobre os acontecimentos da festa. Quando os dois rapazes voltaram para o grupo Mihawk olhou seriamente para Trafalgar como se seu olhar pudesse desvendar o mais profundo segredo do moreno.

-Então, Trafalgar, comece a falar, não me venha com suas meia verdades ou mentiras caridosas, ninguém aqui precisa de sua pena ou do seu eufemismo - Mihawk cruzou as pernas na cadeira em que estava sentado e apontou sua longa espada negra para uma outra cadeira vazia em sua frente.

Amargo segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora