4 - Parar não é uma opção

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Último capítulo, pessoas! Finalmente! Eu já estou com esse capítulo pronto há alguns dias, mas estava insegura quanto a ele. É um capítulo com poucos diálogos e eu sei que isso pode ser chato, mas eu queria muito fazer uma espécie de estudo da personagem ou mostrar as coisas pelo ponto de vista dela e aqui está.

Espero que gostem e que consigam ler até o final! ;)

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Negação, raiva, negociação ou barganha, depressão e, finalmente, aceitação. Essas são as cinco fases que compreendem, não necessariamente nessa ordem, o processo do luto.

Mas o diferencial do câncer é que essas fases podem começar antes mesmo da própria morte. E é isso o que acontece com a Alicia.

De certa forma, enquanto Germán ainda estava vivo, ela já havia passado pela fase inicial de negação, algum tempo de raiva e, nas últimas semanas, podia-se dizer que até um pouco de aceitação.

Ou pelo menos era o que parecia.

E a ligação do Tamayo vem para desmentir isso.

Porque quando a primeira oportunidade que ela tem de ficar longe de casa e não ter que lidar com aquela dor que sentia aparece, ela a agarra sem pensar duas vezes.

O problema, entretanto, é que embora ela tenha passado a primeira semana após a morte de Germán trancada dentro do quarto chorando, agora ela só conseguia sentir uma única coisa: fúria.

Uma raiva que beira o descontrole e que é direcionada a tudo e a todos.

Então, quando ela é informada que a polícia havia conseguido capturar um dos participantes do assalto mais famoso da Espanha, a Casa da Moeda, e que o trabalho dela era fazer ele falar aonde estavam os outros assaltantes, a primeira imagem que vem em sua cabeça é a de Raquel.

E, de repente, lembranças de um passado com ela invadem sua mente e alimentam essa raiva da mesma forma que lenha lançada na fogueira.

As conversas com Aníbal Cortés começam assim, apenas conversas. Mas logo ela percebe que ele não vai falar nada e sua frustração cresce, bem como sua raiva. Em poucos dias, tudo o que ela quer é fazê-lo sofrer, quebrá-lo por dentro, pois é assim que ela se sente: quebrada por dentro.

Então, o foco dela não é feri-lo, nem o fazer sangrar ou machucá-lo fisicamente. Não. O foco dela é torturá-lo psicologicamente. E aí o céu é o limite, ou melhor, o inferno.

Até que uma vez, quando ele está completamente fora de si após ter sido mantido acordado e em pé em um cubículo por vários dias, ele a vê e se confunde.

— Mamãe, me tira daqui, por favor. Eu só quero ir pra casa. — Ele chora enquanto agarra sua mão e a puxa para um abraço, mas logo é afastado dela por um dos homens que estavam na sala.

Porém, essas palavras e esse contato é tudo o que precisa para que ela seja arrebatada por imagens de seu marido. De repente, ela consegue ver o rosto dele olhando para ela com nojo, julgando-a pelas coisas que ela estava fazendo com o menino a sua frente e seu estômago embrulha.

Ela sai correndo da sala, entra no primeiro banheiro que encontra e joga fora todo o conteúdo de seu estômago. Alicia fica ali por alguns minutos, tentando apagar a imagem de seu marido de sua mente, tentando criar coragem para se levantar e continuar seu trabalho, mas ela não consegue.

Porque ela não quer voltar para lá, porque ela não quer se levantar e porque ela odeia cada minuto em que ela está viva e seu marido não.

— Inspetora? — Seus pensamentos perigosos são interrompidos quando alguém bate na porta. — A senhora está bem? O que fazemos com o menino?

Promessas quebradasOnde histórias criam vida. Descubra agora