A Nossa Vez | Adaptação Beauany

Prólogo

🔸🔊 Leiam ouvindo a música que está na mídia, para uma experiência de leitura ainda mais gostosa e profunda com os personagens.

Boa leitura 📕.

⚜️

Seis anos atrás.

Sai correndo no corredor da empresa enquanto ouvia ele gritar o meu nome. As pessoas me olhavam como se eu fosse louca, e eu realmente estava parecendo uma.

Sentia uma dor terrível no peito, como se tudo dentro de mim desmoronasse silenciosamente.

Assim que cheguei na porta olhei para cima, soltei o primeiro soluço e senti a garoa fina me molhar.

Percebi que ele já estava perto e voltei a correr desejando que ele parasse de me seguir e simplesmente desistisse. Agradeci quando ouvi sua voz cada vez mais longe até não ouvir mais nada.

Apoiei minha mão nas coxas e fechei os olhos, acho que minha vida tinha acabado de acabar.

Arranquei o salto enquanto alguns carros buzinavam, e mostrei o dedo do meio para todos, parecia que quanto mais eu chorava, mais a chuva piorava.

A dor no peito não me deixava pensar em mais nada além daquela maldita cena.

Os soluços eram altos, eu estava tremendo e não sabia se era de frio ou de nervoso. Eu só queria parar, só queria... que aquela confusão na minha mente parasse.

Comecei a subir as escadas da passarela que atravessava a avenida, aquele caminha parecia tão rápido, e hoje ele parecia que não acabaria nunca mais. Agradeci a Deus por não ser o mesmo em que os carros passam, provavelmente o Josh iria me alcançar.

Olhei de cima da passarela. A dor era tanta que se eu não tivesse um pouco de sanidade poderia me jogar dali, não seria uma má ideia...

Tapei o rosto soluçando ainda mais, meu peito latejava e eu só queria gritar até que tudo aquilo passasse, voltar a alguns minutos atrás e não ter visto aquela secretária maldita deitada sob a mesa do Josh.

Merda, merda, merda, mil vezes merda. Dei repetidos socos na grade e senti os meus dedos arderem com os cortes.

Eu estava cega pela raiva, não conseguia raciocinar, só queria alguém para me abraçar até aquela crise passar. Até essa merda toda chegar no fim.

Mas infelizmente isso demoraria um pouco mais, eu precisava voltar para casa e arrancar tudo dele de lá, essa era uma dor pela qual eu não podia fugir.

Minha ficha ainda não tinha caído, apesar da dor latejar e querer sair em um grito, um soco ou qualquer coisa, eu só conseguia me perguntar o "por que?".

Eu já tinha desconfiado, os fios ruivos na camisa dele, a falsa intimidade que ela criou comigo e ... Aquela vez em específico que ela não estava na recepção e quando entrei na sala dele, ela estava escorada na ponta da mesa.

Quantas vezes aquela merda já tinha acontecido, quantas pessoas sabiam e me olhavam sabendo que eu era corna... quanta coisa eu não sabia.

Respirei fundo fechando os olhos, eu precisava ser forte e encarar o Josh. Precisava ser forte por mim mesma.

Senti uma leve pontada na barriga e me curvei, já era a segunda vez naquele dia e eu tinha certeza que era o nervoso.

Meu vestido estava todo colado no corpo, transparente e nem mais minha calcinha estava mais seca. Meus dedos ardiam e a cabeça latejava.

Eu estava o combo da desgraça em pessoa.

Atravessei toda a passarela quase me arrastando e andei mais alguns minutos até avistar nossa casa, seu carro estava parado na frente e comecei a chorar de novo.