Dois

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 Os primeiros dias sem ele foram insuportáveis.

Pequenos fardos pesados que faziam com que os dias parecessem ter mais de 24 horas.

Esvaziei toda casa aos poucos, tirei os porta-retratos, os quadros... todas as coisas que me lembravam ele, fiz de tudo para tentar esquecer aquilo nem que fosse temporariamente.

Todo o processo de expulsar ele de mim foi muito difícil, toda a casa tinha alguma lembrança e na época eu não podia me mudar.

Eu só queria fingir que Josh nunca aconteceu na minha vida... queria que ele realmente não tivesse existido ali.

Pouco tempo depois eu entrei em uma depressão fodida, tinha surtos durante a noite e as complicações na gravidez começaram.

O começo de aborto comprometeu toda a gravidez, precisei ficar de repouso sem trabalhar, sem conseguir distrair a minha mente.

Passei noites em claro pensando em como acabar com a dor, foi por muito pouco, a mamãe precisou vir morar comigo para garantir que eu não faria nada.

Mas eu não seria capaz, todos os dias em meio às crises eu me lembrava do único motivo pela qual eu iria lutar, pelo ponto de luz na minha vida, a razão por tudo vale a pena. 

Eu vivi o inferno até a Olívia nascer, tive meus piores dias e até hoje não sei como consegui superar tudo isso.

Quando ela nasceu nada fazia sentido eu não senti aquele amor incondicional a primeira vez que vi ela, só pensava em como seriam as coisas dali para frente, como iria cuidar, educar e criar.

Mas tudo foi se ajeitando, ela me tirou dos dias terríveis, me salvou do precipício que o Josh tinha me jogado.

Por muito tempo eu odiei ele, guardei a ideia de que a Olívia não precisava dele e eu também não.

Era a dor e mais dor, vinham como uma onda, tinham dias em que eu pensava que havia superado e dias que parecia que eu não iria aguentar mais.

Cometi a pior merda da minha vida escondendo ela dele, a dor me cegou e eu só percebi isso quando já era tarde demais...

Além do mais ele sumiu, assim como sua família eu não sabia onde estavam, não tinha como concertar as coisas, era um beco sem saída.

Faziam cinco anos que não via ele, alguns anos que as memórias não surtiam efeito nenhum... e alguns meses que parei de sentir sua falta.

E agora ele estava aqui, bem na minha frente.

Uma pessoa que eu esperava nunca mais ver, que eu pensava estar enterrada voltou e... eu não sabia o que fazer.

Minhas mãos estavam tremendo e meus pelos arrepiados, era o mesmo que ter um dejávu, só que esse era real.

Meu estômago estava se embrulhando e eu juro que se desse um passo cairia.

- Any Gabrielly... quanto tempo. - Ele falou se aproximando de mim e me afastei.

Tenho certeza que minha cara não era uma das melhores.

- Mamãe? - Olívia falou e ambos olhamos para ela. - Quem é ele?

Olhei atordoada para Josh que não tirava os olhos dela, Oli abriu um sorriso e estendeu a mão.

Ele tocou sua mão ainda olhando fixamente. Vi quando seus olhos encheram de lágrimas mas ele apenas as engoliu em seco e me encarou duramente.

Puta merda, ele sabia, era impossível não ligar os pontos e perceber. Era impossível não ver o quanto ela se parecia com ele.

A Nossa Vez | Adaptação BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora