Capítulo 4: Responsabilidade

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JÚLIA PENNA

Não sei quanto tempo estive dentro dessa cela imunda, estava indignada em um nível tão grande que não pude acreditar quando fui guiada pra dentro do cúbico, pelo menos estava sozinha. Caminhei de um lado para o outro por horas, vi através da pequena janela na parede o sol ir embora dando espaço para a noite escura.

A sensação aqui dentro era de trinta e cinco graus, estava suando em todas as áreas possíveis do meu corpo, meus cabelos antes soltos com mechas sedosas está preso no topo da minha cabeça enquanto eu tento me manter quieta para não sentir mais calor.

Parecia uma eternidade sem fim está ali impossibilitada de sair, tanto que quando ouvi a porta principal ser aberta não contive um suspiro aliviada mas me mantive calada, não ia mesmo abaixar a guarda pra esses caras e implorar piedade.

Avisto o Delegado, o próprio caminha pelo corredor em direção a cela que eu estava com as mãos presas dentro do bolso da calça. Nunca odiei tanto um homem bonito em toda a minha vida, a sua beleza se torna um mínimo detalhe depois da tarde de hoje.

— Está mais calma? — Indaga com um ar sarcástico, minha vontade é de mandar ele ir a merda mas contenho a minha língua pois precisava sair daqui.

— Estou ótima. — Retruco forçando um sorriso, ele disfarça um sorriso e mexe nos bolsos para pegar algo, quando ouço o barulho das chaves meu coração dispara de alívio.

Não levanto de imediato, por mais que seja essa a minha vontade, aguardo ele abrir a cela e puxar a grade para que eu possa passar.

— Espero que o tempo que passou aqui tenha servido de aprendizado, muitos poderiam ter ignorado esse teu rostinho jovem e bonito e te mandado descer sem pensar duas vezes por abusar da autoridade.

— Outros não perderiam tempo com um adolescente cujo nem carregava drogas o suficiente para ser incriminado.— me coloco de pé, esfrego a mão nas minhas coxas pra tirar a sujeira delas e ajeito minha postura antes de seguir pra fora da cela. — Só um que não deve mesmo ter o que fazer, deve está muito frustrado pra.. — engulo as palavras com ódio quando ele semicerra os olhos na minha direção e me fita com aquele olhar de autoridade.

Merda de autoridade.

— Acho que o tempo que passou aí dentro não foi o suficiente. — Ele da um passo a frente, esperando que eu de outro pra dentro da cela mas eu permaneço parada onde estou porque não vou entrar ali dentro nem por mais um minuto.

Mordo a língua pra não retrucar, o meu mau é realmente não saber calar a boca em momentos que exigem que eu fique calada e isso infelizmente foi algo que herdei da minha mãe, tanto que isso a levou a morte.

Inspiro devagar e levanto o olhar, fixo meus olhos nos seus e permaneço calada aguardando que ele tenha um pouquinho mais de paciência e me deixe sair. Observei sua face, percebi que seus olhos são escuros e algumas rugas estão aparentes ao redor dos olhos o que me faz pensar que ele gosta de sorrir bastante.

Todo aquele conjunto de homem é um pouco demais para mim sendo visto assim tão de perto, não consigo deixar de pensar que mesmo sendo um petulante cheio de autoridade ele é sim bastante atraente fisicamente, o que torna a minha pose de durona uma farsa perto de tanta testosterona.

Percebi que não fiz a análise sozinha, o Delegado aproveitou o momento a sós e analisou meu rosto de maneira sutil, imagino que tenha contado até às pintas que tenho em minha face.

Delegado Santiago: A última missão Onde histórias criam vida. Descubra agora